Capítulo 10

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A passos lentos e silenciosos, Ana conseguiu sair do quarto sem acordar a tia que roncava na cama ao lado.
Com toda cautela abriu a porta que dava para a varanda traseira e saiu. Só se escutava o barulho dos grilos e sapos e dos cavalos nos estábulos, e todo o resto adormecia em silêncio.
Com a ajuda de uma lamparina de luz muito fraca ela conseguiu ver Jonathan de pé no final da parede.

─── Pensei que não fosse vir se despedir de mim. ─── disse ela, se aproximando do rapaz.

─── E eu não iria. Isso è muito arriscado. Se eu for pego aqui, posso perder meu emprego. ─── Jonathan chegou mais perto de Ana e deu um beijo calmo em seus lábios. ─── Mas eu vim por sua causa. Não quero que você vá amanhã.

─── Eu preciso ir. Tereza quer que eu seja a dama de companhia dela no palácio.

─── Você não è uma dama de companhia.

─── Eu sei. Mas não pude recusar. Foi ela quem mandou chamar o mèdico para cuidar da minha perna. Se não fosse por ela, eu não estaria se quer andando agora ─── disse Ana.

Tereza foi a única da família Monteiro que havia se preocupado realmente com a situação de Ana e tentado ajudá-la. Foram dias difíceis depois daquela noite em que caiu no rio e foi resgatada pelo príncipe.
Ana contraiu um grave resfriado que a deixou dois dias de cama e com febre. Seu tornozelo tinha sido fraturado.
Tereza foi a única da família Monteiro que foi até o quarto de Ana visita-la. Vendo que o estado da criada era muito pior do que pensava, mandou chamar imediatamente o médico da cidade.

Depois de receber os devidos cuidados médicos, Ana começou a demonstrar melhoras. Depois de algumas semanas ela voltou a trabalhar na casa, ainda que com dificuldade.

Jonathan se virou para o outro lado, dando as costas para ela.

─── Não gosto da ideia de você no meio daqueles nobres engomados ─── resmungou. ─── Eles são espertos. Verão você, uma garota ingénua e bonita, como uma presa fácil.

─── Não sou tão ingénua quanto pensa. ─── respondeu Ana, observando os ombros de Jonathan, sem conseguir olhar nos olhos dele.

─── Sei que não. Talvez você não entenda, mas os homens são maliciosos. E os nobres são os piores tipos.

─── Sim, eu sei.

Ele se virou para olha-la com uma expresão de dúvuda, ela explicou:

─── Algumas semanas atrás, quando o príncipe esteve hospedado aqui...

─── O que esse canalha desse príncipe fez?

─── Shiiii! Fale baixo. Me deixe terminar ─── pediu Ana, tocando o dedo indicador nos lábios do rapaz. ─── Em uma noite fui até a cozinha beber um copo de água e Éric me agarrou ─── Jonathan fechou os dedos em punho. Ana continuou: ─ Ele tentou me agarrar, me encurralou, e queria que eu aceitasse as investidas dele, ele me ameçou e me amedrontou. Mas graças aos céus o príncipe apareceu d ordenou que Éric me largasse. Eu fiquei bem graças ao príncipe.

─── Esse desgraçado. ─── Jonathan praguejou. ─── Por que não me contou antes?

─── Para quê? O que você poderia fazer?

─── Éric te machucou?

─── Não. Graças ao rei não...quer dizer, ao príncipe.

─── Eu devo tanto a esse príncipe. Salvou sua vida duas vezes. Espero um dia poder agradece-lo. Ele tem minha estima. Mas tenho inveja dele em uma coisa.

Dança Do Destino - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora