Dança Do Destino - Livro 1

Capítulo 14

Naquela manhã, em seu gabinete, Juan relia alguns papeis que seu pai havia repassado para ele. Analisando escrituras de terras da coroa, reescrevendo pergaminhos em várias e várias cópias, entre outras coisas burocráticas mais.
Odiava fazer aquilo. Ficar mais de uma hora atrás de uma escrivaninha ainda era algo que estava aprendendo a fazer. Porém, não se acostumava.
Fora treinando quase a vida inteir! para aquilo. Mas não se acostumava.

Juan gostava de aventura. Viagens. Ação.

Estar com o povo. Não escondido dele.

─── Comprei o colar que mandou. ─── disse Felipe entranto no gabinete. ─── Aqui está. ─── e colocou uma caixinha em cima da mesa.

─── Safiras?

─── Sim. A jóia mais bela que achei. ─── Felipe sentou-se na cadeira em frente a escrivaninha de Juan.

─── Mande um criado entregá-la por favor. Vou escrever um bilhete para acompanhar a caixa. O que mais tem para mim?

Felipe olhou no meio dos papeis que carregava, e puxou um.

─── Há também essa carta do Don.

Juan levantou a cabeça do pergaminho que lia e pegou o papel da mão de Felipe.

Era mesmo a letra de Donovan.

"Como tem passado? Espero que não esteja se metendo em encrencas enquanto estou fora. Não posso estar sempre perto para salvar seu rabo. E vê se anima para seu casamento. Ou a baronesinha irá sair correndo no primeiro dia de núpcias..."

Juan riu. Donovan não perdia a oportunidade de tirar sarro de sua cara. Era o jeito dele dizer que se importava.

Logo abaixo, as palavras de Donovan eram mais serias:

"Escute, ha algo importando que quero lhe contar. Sobre sua segurança. Estou no mesmo lugar de sempre.

Don"

Aquilo deixou Juan intrigado ao dobrar o papel. Donovan não brincava com coisa séria. E se havia alguém em quem confiava nesse mundo, esse alguém com certeza era Donovan.

─── O que aquele patife escreveu? ─── perguntou Felipe.

─── O de sempre. Apenas que eu sou um desmiolado que não se vira sem ele. Disse para eu não me meter em encrencas.

─── Aquele brutamontes está fazendo falta.

─── Eu sei.

Donovan era como um pai para Juan. Estar longe dele, em um momento tão importante de sua vida era estranho. Donovan sabia quais conselhos dar. E ate mesmo dos comentários grosseiros Juan sentia falta.

Sua mente estava uma confusão ultimamente. Iria se casar com Tereza, mas não era Tereza que habitava seus pensamentos dia e noite.
Don saberia aconselhá-lo.

No meio da tarde, o príncipe foi até o estábulo. Procurou por seu cavalariço de confiança. Um senhor que trabalha no palácio a anos, desde que Juan ainda era um moleque melequento. Ja vira muitas peripécias do príncipe, e acobertou muitas delas também. O senhor grisalho não pestanejou ao concordar em fazer o que Juan o pediu.