Capítulo 3

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Era tarde da noite, todos dormiam no casarão da família Monteiro, a não ser dois jovens sentados nos degraus da escada de uma varanda, tendo como vista um estábulo e parte do jardim atrás da cerca.

Ana estava sentada a vários minutos ali, com o príncipe ao seu lado. Quisera ficar calada, até porque não acreditava ter muito o que conversar com um príncipe. Duvidava de que ele fosse querer ouvir sobre sua vida de criada.

"Como è que os pratos são lavados no palácio?"

Duvidava também de que ele soubesse. Ela optou por não falar nada, e ele soube respeitar seu silencio, ficou calado e observou o céu estrelado junto com ela por bastante tempo.

─── Olha só, uma estrela caindo ─── disse o príncipe de repente. ─── Faça um pedido.

Ana piscou, confusa. Mas percebeu que foi apenas um pedido, num tom delicado, não uma ordem, então fechou os olhos e pediu. Mesmo não tendo visto a tal estrela passar, ela resolveu não desperdiçar a chance. Não podia saber quando o destino estava a seu favor.

─── Parece que o seu pedido è algo bem grandioso ─── disse Juan quando a garota abriu os olhos depois de alguns segundos. ─── Aquela estrela parecia um pouco fraca. Teremos que esperar passar outra.

Ele olhou para o céu de novo e Ana ficou imaginando o que o príncipe poderia ter pedido. Ele tinha tudo, afinal.

─── Agradeço pelo que fez hoje. Agradeço mesmo... Mas eu já vou avisando ─── Ana juntou o manto mais rente ao corpo, olhando de canto de olho para príncipe. ─── que se espera algo em troca do favor que me fez...

─── Não se preocupe com isso, senhorita. Não sou como o filho do barão. Não sou este tipo de homem.
Mas eu também não fico perambulando pela noite em busca de donzelas em perigo. Eu desci para pegar água e acabei ouvindo tudo. Não pude não fazer nada. ─── ele repousou os braços em cima dos joelhos. ─── Mas o que você estava fazendo fora da cama a esta hora?

─── Eu tive sede e levantei para pegar um copo de água. Não sabia que Éric estava andando pela casa também. Ele me parou no corredor, como pode ver.

─── Parece que a insônia e a sede são muito comuns por aqui.

─── Sinto muito por ter deixado seu quarto sem água.

O príncipe deu de ombros.

─── Tudo bem.

─── Me desculpe também por hoje cedo não ter levado o que o senhor pediu.

─── Do que está falando?

─── A tal coisa que não engorda e não da gases ─── explicou Ana vendo a expressão confusa do príncipe. ─── Não encontrei nada assim na cozinha. Então nao levei nada. Então, me desculpe.

─── Tudo bem. Prometo que não mandarei inforcá-la por isso

Juan riu.
Tinha apenas tentado ajudar a garota a se livrar de Eric quando viu ele a segurando pelo pulso mais cedo, não queria de verdade nada daquilo que pediu a ela.
E quem diria que precisaria salva-la duas vezes no mesmo dia daquele rapaz inútil.

Ana soltou um longo suspiro e encarou o céu. Sentia-se frustrada pelo que aconteceu a pouco no corredor.

─── Deve tomar mais cuidado ─── alertou Juan, parecendo ler a mente dela.

─── Eu tomo, alteza. Mas ele ainda è o filho do barão. E eu uma simples criada. Isso não acontece sempre, apenas quando ele vem da faculdade, passar uns dias, e depois de se embriagar. Mas eram só cantadas. E eu sempre fico longe dele. Mas agora ele me agarrou, pela primeira vez e eu... fiquei com medo.

Dança Do Destino - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora