A fuga

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🍁Nieven narrando🍁

    Acordei assustado com gritos e barulho de coisas sendo quebradas.
Coloquei-me de pé num pulo e rapidamente sai juntando todas as coisas com potencial de defesa que encontrei pela casa.
Fui até a sala, abri uma brecha da cortina para ver o lado de fora da casa.
     Haviam orcs por toda a aldeia, provavelmente uma das hordas sobre as quais meu pai havia me contado. Eles estavam quebrando e ateando fogo em tudo por onde passavam, alguns moradores tentavam impedí-los, mas eram muitos. Eu precisava fazer alguma coisa.

Preciso juntar todos, para podermos lutar. Mas eu não sei em que casas eles estão... merda!

Alguém tocou meu ombro, e como instinto, me virei mirando uma adaga para seu pescoço.

- Calma! Calma! Sou apenas eu - gritou Zimmo. Ele havia subido em um banco para igualar a altura.

- Caramba, Zimmo! Quase que você me mata e se mata junto... - falei, abaixando a adaga.

- Estamos sendo atacados. E não sabemos ao menos o porque disto. Os orcs nunca fizeram nada assim em todas as vezes que passaram por aqui. - disse ele.

Droga. Nós éramos os culpados daquilo. Os orcs estão em busca de sangue élfico,  e de repente aparecem seis elfos dando sopa na Floresta, é claro que isso iria acontecer.

- Não se preocupe. Só me diga onde estão meus amigos para que possamos ajudar vocês. - pedi.

Não podíamos ficar de braços cruzados, ainda mais pela culpa ser nossa.

- Venha comigo! - disse, Zimmo.

Ele me conduziu por entre as casas, sorrateiramente. Os moradores estavam com muito medo, porém, aqueles que podiam, lutavam com bravura.

    Não precisamos procurar muito. Qildor, Pyrder e Raibyr já estavam em combate.
Me juntei a eles.

- Acordou, princesa? - zombou Qildor. Não era hora de sarcasmo, mas ele sempre fora inconveniente mesmo.

- Onde estão Esyae e Aril? - perguntei, ignorando totalmente o comentário de Qildor.

- Estão ajudando a esconder as crianças. - respondeu Pyrder, ofegante.

- Agora que Nieven está aqui, podemos nos separar em duplas e avançar. Eu fico com Pyrder, e Nieven com Qildor. - disse Raibyr.

Espero sinceramente que ele não tenha feito essa separação baseada no fato de que Qildor e eu nos odiamos. 

- Mas... - antes que eu pudesse questionar a decisão de Raibyr, tivemos que correr para não sermos esmagados por uma grande pedra que acabara de ser arremessada por um dos orcs.

      Qildor e eu corremos em direção à dois orcs. Um deles tentava pôr fogo em uma das casas-árvore, enquanto o outro segurava a porta para que as criaturas lá de dentro não conseguissem sair.

- Ei! - gritou Qildor, chamando a atenção dos dois.

     Um deles veio em minha direção, estava desarmado, porém, era anatomicamente mais forte que eu.
Empunhei a espada, e comecei a tentar atingí-lo com alguns golpes. Sem sucesso.
Ele desviou de todos eles e segurou  minhas mãos, fincando as garras nelas até que eu soltasse a espada.
Assim que a espada caiu no chão, ele deu uma gargalhada rouca, o que me irritou ainda mais. Dei um pulo e juntando os dois pés, dei-lhe um chute no meio das pernas e caí sentado logo em seguida. Ele grunhiu de dor e imediatamente soltou minhas mãos, cambaleando antes de cair de joelhos.
Levantei e dei a volta nele, para pegar a espada. Logo que a peguei, virei em sua direção, pronto para atingí-lo. Porém, para minha surpresa, ele já havia se recuperado do chute e estava bem na minha frente.
O maldito orc, socou meu rosto, jogando-me longe. Minha espada estava caída ao meu lado novamente. Estiquei-me para pegá-la, mas ele me pôs de pé pelos cabelos e segurou meu pescoço com uma mão só, me prensando contra a parede de uma casa. Eu havia o deixado furioso, e agora ele me sufocava com toda sua força.
Eu não conseguia sair daquela situação, minhas tentativas de acertar seu rosto com as mãos serviam apenas para diverti-lo.
Olhei para os lados tentando encontrar ajuda, mas Qildor também estava ocupado lutando.

Será que é assim que eu vou morrer? Que patético.

Já não sentia mais o ar em meus pulmões. Estava prestes a desmaiar, quando vi uma flecha atravessar a cabeça do orc, que caiu morto.
Caí de joelhos, tossindo e tentando recuperar o fôlego.
       Alguém correu em minha direção, e eu não sabia se era orc, elfo ou o quê. No estado em que eu estava, qualquer um conseguiria me matar se quisesse.
Mas para minha sorte era Esyae, a dona da flecha que me salvou.

- Você está bem? - perguntou ela, colocando a mão no meu ombro.

- Estou... Obrigado. - respondi, ofegante.

- Venha, temos que sair daqui. - disse ela, puxando-me para que eu levantasse.

- Não, Esyae. Isso está acontecendo por nossa culpa, os orcs estão atrás de nós. Precisamos ajudar os aldeões! - afirmei, com minha respiração voltando ao normal.

- Como assim culpa nossa? Não... temos que ir. Precisamos encontrar Jastra! - disse ela, me olhando fixamente.

- Esyae, são criaturas inocentes. Não podemos deixá-los sozinhos nessa! - respondi, sério.

Ela revirou os olhos e estendeu a mão em direção aglomerado de fogo e espadas tilintando, um gesto para que eu a guiasse.
Peguei minha espada e corremos para alcançarmos os outros.

       Após muito tempo de luta, fizemos progresso matando alguns orcs. Outros recuaram e sobraram apenas os mais insistentes. Porém ainda eram muitos, se comparados a nós.

Eles estavam claramente atrás da gente, Zimmo percebeu isso e me chamou no canto:

- Vamos encobrir vocês para que consigam fugir. Temos alguns cavalos que vocês podem usar. Reúna seus amigos, que o resto nós faremos. - explicou ele.

- Não, Zimmo. Vamos ajudar vocês! Toda essa destruição é nossa culpa, nos deixe ajudar! - pedi.

Ele pareceu confuso com minha resposta. Mas continuou:

- Quando você convida alguém para fazer uma visita, você é responsável por cuidar tanto da visita quanto dos problemas criados por ela. E é isso que vamos fazer. Reúna seus amigos! - insistiu.

Eu não concordei com ele, mas ele continuava insistindo e eu, pensei em Jastra e nosso objetivo, acabei cedendo.

       Assim que reuni os outros, Zimmo nos levou à um estábulo escuro. Fez com que subíssemos nos cavalos e disse para partirmos por entre as árvores.

- Tem certeza de que não precisam de ajuda? - perguntou Aril.

- Tenho sim. Não se preocupem, ficaremos bem. Boa sorte em sua busca! - respondeu o pequeno, sorrindo.

- Obrigado por tudo! - disse eu, apertando a mão de Zimmo.

- Não há de quê. Até a volta! - respondeu.
Eu realmente esperava encontrá-lo vivo na volta se nós conseguíssemos voltar.

- Namarië! - despediram-se os outros elfos.

📜 DICIONÁRIO📜
Namarië= adeus.

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As crônicas de Elenlindäle Onde histórias criam vida. Descubra agora