As crônicas de Elenlindäle

Salvo pela magia

🍁Nieven narrando🍁

- ALGUÉM CHAME UM MÉDICO RÁPIDO! - berrei.

Ajoelhei-me ao lado de Raibyr, sem saber o que fazer. A espada de Nalo havia perfurado seu abdômen, o qual sangrava muito. Segurei sua nuca, mantendo sua cabeça um pouco acima do corpo.

- Raibyr! - chamei, sacudindo seu rosto de leve. Ele semicerrou os olhos para mim. - Aguenta firme, irmão. A ajuda está vindo. Fica aqui! Não fecha os olhos, fica acordado! - ordenei.

- ...Aril... - Mesmo se esforçando, sua voz saiu fraca. Ele tentou se levantar, mas o corpo estremeceu e ele franziu o cenho, com dor.

- Pare de se mexer! Assim vai perder mais sangue! - Ordenei, segurando-o. Sua respiração estava muito fraca.

- Não se preocupe, iremos atrás dela, mas agora se concentra em ficar acordado! - disse Pyrder. Lançando sobre mim, logo em seguida, um olhar de desespero. "O que vamos fazer?!" - quase ouvi seus olhos dizerem.

Olhei em volta, os poucos que não estavam feridos, já estavam ajudando alguém. Mordoc estava dando ordens para Dyla e Qildor  em meio ao caos.

- Mordoc, ajude-nos! - gritei. Ele correu até nós ao ver que Raibyr estava coberto de sangue.

-Maldição! Como fomos ser pegos desprevenidos assim?! - Praguejou, agachando-se ao lado do corpo de Raibyr.

- Peça que chamem um médico rápido! - falei.

- Um médico não vai ser suficiente para curar isso, garoto. Somente magia pode ajudar. - afirmou, sério.

- Então faça algo você! - Pediu Pyrder, com um tom atrevido que, devido às circunstâncias, Mordoc deixou passar.

- Eu e Dyla não podemos usar nossos poderes agora, ou então teremos menos chances ainda na batalha que estamos prestes a travar. A última magia que podíamos usar foi depositada no feitiço de proteção da tenda. Lamento... - Apesar de suas palavras, a voz de Mordoc não parecia ter pesar algum.

- Mas Meriel também sabe usar magia. Onde ela está? - Perguntei afobado, vendo Raibyr cerrar ainda mais os olhos.

Mordoc suspirou.

- Não a vejo desde manhã. Quero esgoelar ela assim que encontrar. - bufou ele, apoiando-se em um dos joelhos para se levantar. - É uma pena perder um guerreiro como seu amigo, mas temos que nos organizar para partir o quanto antes. Não há tempo para encontra-la - concluiu ele, dando as costas.

- Eu não vou a lugar nenhum sem ele! - exclamei. Coloquei a cabeça de Raibyr no chão, cuidadosamente, apesar da raiva. - Eu mesmo vou procurá-la. Mantenha-o acordado, Pyrder! - falei, antes de correr até Qildor.

- Onde está Meriel?! - Apressei-me em perguntar antes mesmo de parar de frente a ele.

- Ela estava indisposta pela manhã, ficou no castelo. Mas assim que soubemos da ameaça, vim procurá-la e não a encontrei... - A voz de Qildor saiu com dificuldade, devido ao soldado ferido que estava pendurado em seus ombros.

- Eu me viro.

Corri para dentro do castelo, subindo as escadas tão rápido quanto nunca, gritando por Meriel. Ela não estava em seu quarto, muito menos nos cômodos de estar. Será que não ouviu os barulhos do lado de fora?
O castelo era enorme, poderia levar horas.
Eu não parava de pensar em quanto tempo ainda restava para Raibyr, então apressei-me em voltar e carregá-lo para a enfermaria do vilarejo. Foi nesse momento em que ouvi um barulho de coisas caindo na cozinha. A luz estava apagada.
Fui até lá e assim que entrei vi Meriel caída no chão junto a alguns utensílios de cozinha.
Corri até ela, com medo de que estivesse ferida também.