Capitulo XIV: Arranjo desfeito II

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Sai na surdina sem que Lucy percebesse minha ausência, havia posto uma capa e saído pelos fundos para que ninguém me reconhecesse. Fui caminhando pelas ruas menos movimentadas e me escondia quando alguém se aproximava, no meio do caminho os pés já reclamavam, o sapato estava apertado causando pequenas bolhas.

Chegando no meu destino exausta, fui recebida por uma das empregadas que me olhava com desdém, não queria saber o que a moça estava pensando, já estava sendo julgada demais e quando o fuxico que eu estive lá chegasse as amigas em pouco tempo a cidade toda saberia.

Aguardei um pouco até a chegada do dono da casa, quando esse chegou pude ver uma expressão de espanto seguida de tristeza.

— O que faz aqui senhorita? Desacompanhada? — Perguntou com uma expressão de confusão no rosto.

— Vim pedir ajuda. Estou perdida, meu irmão quer que eu me case com um homem que não suporto. Estou desesperada.

— O que eu tenho com isso? — Olhou me com certo desdém.

— Ao menos converse com ele, sei que seria muita petulância minha pedir que volte a me cortejar depois do que eu fiz.

— Realmente Srta. Cárter. Prossiga. — Fez sinal para que eu sentasse demonstrando certa curiosidade no que eu tinha a falar.

— Converse com ele e tente convence-lo que não é o melhor para mim ou me ajude a arrumar outro cortejo.

— Quem é o homem que tanto odeia? — Perguntou aflito, se preocupou mais comigo do que meu próprio irmão.

— O Sr. Franklin. — Minha saiu baixa e aperada.

— Crápula. Perdão senhorita, não o suporto. Conte com minha ajuda Srta. Isabelle, irei fazer de tudo para que não caia nas mãos daquele homem. — Havia fúria em seus olhos e automaticamente me perguntei o porquê.

— Obrigado Lorde Watson, não sabe o quanto sou grata. — Sorri em resposta.

— Chame-me de Watson, por favor, não a ninguém por perto e eu odeio esse título.

— Está bem. Obrigada novamente. Perdão pelo que fiz, nuca quis machucá-lo, mas agora começo a enxergar a verdade.

— Senhorita, terei que pedir para que não venha mais desacompanhada em minha casa, para o seu próprio bem, sua reputação já está manchada e preocupo como os novos boatos que possam surgir.

— Obrigada por tudo e não se preocupe, tentarei dá um rumo a minha vida.

— Agora vá, já demorou por demais, além disso tenho muitos problemas a resolver.

— Está bem, novamente obrigada, estaria perdida se não fosse por vossa ajuda.

Voltei na carruagem de Watson, a princípio neguei a gentileza, no entanto ele insistiu, meus pés lesionados agradeceram ainda mais.

Voltei ao quarto e passei toda a tarde tentando-me distrair com as brincadeiras de Beatriz, ela era esperta e percebeu minha aflição, perguntava várias vezes o que havia acontecido e eu tentava inventar uma lorota para amenizar a situação, no entanto ela não se convenceu.

Durante a tarde recebi outra convocação de meu irmão, ele mandaria uma carruagem para me buscar em poucos minutos.

Ao chegar em sua residência uma das empregadas recebeu-me e me acompanhou até o escritório, ao que tudo indicava Eleonora estava a se sentir mal e ficou repousando no quarto.

Assim que entrei levei um susto ao encontrar o Sr. Franklin em pé a minha frente.

— Senhorita Cárter é um prazer vê-la. — Disse aproximando para me reverenciar, dei um passo para trás tentado diminuir nossa aproximação. — Está encantadora senhorita. — Olhou-me daquela maneira vulgar e o meu estômago estremeceu em resposta.

Amor ou Razão? (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora