Capitulo XV: Abra o livro e encontre a verdade nele escondida

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No meio da tarde recebi uma pequena caixa, não falava que havia mandado o presente. Curiosa abri a caixa cuidadosamente, nele havia um livro de capa preta, abri o livro e me espantei ao encontrar a letra de Ricardo. Instintivamente comecei a ler. Ele relatava sua chegada a cidade, estava animado com as possibilidades, estava hospedado temporariamente na casa de um amigo até se estabelecer na cidade.

No livro encontrava-se muitos esboços das joias que ele confeccionava. Começou a frequentar as festas e bailes, o que me chamou atenção era que todos pareciam ter admiração pela sua pessoa e seu trabalho, quando foi que isso mudou?

Minha vida nunca será mais a mesma depois do dia hoje. A festa estava animada, porém diria que ele só começou depois que a vi chegar. Ela era linda, tinha o rosto angelical, estava usando um vestido rosa e parecia desconfortável com a peça. A rodeei a festa inteira até consegui conhece-la, sua voz era doce e o sorriso levemente malicioso. Ao conduzi-la pelo salão pude notar sua graciosidade e inocência. Se eu pudesse dançaria com ela a noite toda, nunca me cansaria daquele sorriso. Ela ficou corada quando não consegui tirar os olhos do rosto dela, encantando-me ainda mais.

Finalmente descobriria sobre o passado dele, no fundo eu sabia que não seria bom e deduzi que a tal mulher estivesse envolvida nisso. Teria sido ela a responsável por ter se tornado um imoral perante a sociedade? Eu realmente queria saber sobre o passado dele? Valia o risco? Ainda estava machucada e ler aquilo me machucaria ainda mais, disso eu tinha certeza.

Continuei a ler eles se encontravam apenas por acaso e toda vez que se viam eles se atraíam ainda mais um para o outro. Ele havia encontrado um cúmplice para poder encontra-la na surdina. Se encontravam em um lugar isolado do jardim, o campo era imenso e ninguém daria falta dela por alguns minutos. Em sua esperteza sempre trazia uma flor do meio do jardim para provar que estava caminhando entre as inúmeras espécies de flores que lá se encontrava.

Ao longo da página notei que o nome dela estava riscado e algumas páginas haviam sido arrancadas, provavelmente em uma crise de raiva. O que mais me chamou foram as machas de lágrimas nas páginas e um desenho já rasgado da jovem. Não era mais tinido.

Caminhávamos pelo jardim na direção de nosso esconderijo, ela parecia agitada, nervosa, perguntei o motivo e não me respondeu, retornei à pergunta já preocupado, no entanto me suspendeu a me puxar para uma árvore e me beijar, não foi exatamente um beijo, ela encostou seus lábios nos meus por alguns segundo sem saber o que deveria fazer. Entendi sua necessidade, era a minha também, a encostei na árvore e levei minha boca faminta na dela, o beijo foi rápido, mas prazeroso, o beijo dela era tão doce como ela, mas também exalava um sabor de perigo. Eu amava isso nela, ela era a jovem mais doce que já conheci, porém não era só isso ela tinha desejo, perigo, málica em volta dela (não era tão santa quanto aparentava). Fomos para a pequenina casinha no fundo do jardim. Assim que entramos ela pulou nos meus braços pedindo por mais beijos, atendi rapidamente a seu pedido. Naquele dia nos atrasamos um pouco, ela recebeu uma bronca, mas não deu devera importância.

Tinha que admitir ler aquilo mexia profundamente comigo, eu sentia ciúmes dos dois, eles pareciam tão felizes juntos, o que havia acontecido para acabar com aquela felicidade?

Algumas páginas adiante:

Havia uma semana que não nos encontrávamos, eu tinha viajado para conseguir vender minhas peças, excelente negócio. Tinha conseguido o dinheiro suficiente para casar com ela e era o pretendia fazer, logo iria procurar seu pai e tentaria convencê-lo de permitir o cortejo com █████, não seria nada fácil, mas tentaria persuadi-lo.

No final da tarde nos encontramos no lugar de sempre, estamos cheios de saudades um do outro, eu estava imensamente empolgado, não contei nada a ela, queria fazer surpresa.

Ela disse que me amava e disse o mesmo, eu a amava muito, ela se tornou minha vida, seria um homem qualquer sem ela. As coisas foram fugindo do controle, seu beijo era quente como fogo e cada segundo meu desejo por ela aumentava, ela me provocava, me tentava com seus beijos, seus toques provocantes e suas falas que exalavam desejo. Sem perceber fomos nos desfazendo de cada peça de roupa do nosso corpo, ficávamos cada vez mais próximos e a temperatura aumentava a cada segundo.

Nós entregamos ao amor que sentíamos um pelo outro, foi a melhor noite da minha vida. Tomei cuidado para não machuca-la, tentei convencê-la a parar mas não permitia, me provocava cada vez mais.

Estava tarde, nos vestimos e acompanhei ela até onde estava hospedada, tomando o máximo de cuidado para que ninguém nos visse, seria um escanda-lo.

Essa era a página mais manchada de lágrimas, não era para menos, se entregaram um para o outro e depois ele ficou sem sua amada, esse sentimento eu conhecia muito bem, ele mesmo me provocou isso, teria sido vingança por ter sofrido no passado?

As páginas seguintes foram rasgadas e as restantes estavam em branco, porém continue a foliar as páginas e o que encontrei no meio delas fez meu coração parar por completo. Não podia ser! Aquilo tinha que ser uma mentira! Se tudo fosse verdade, Ricardo não era e nunca foi o homem que eu pensava, nem mesmo depois que me deixou, era pior. Em minha mente a única coisa que se passava era a palavra vingança, ele me usara como vingança. Ele me seduziu por mera vingança, apenas para se vingar de minha família, de minha irmã. No meio do livro encontrava-se uma foto de Diana e embaixo da fotografia estava as inicias D.C. confirmando minha suspeita.

Comecei a chorar em um misto de saudade, raiva e dúvida. Não fazia muito sentido, minha irmã nunca faria aquilo, nunca e ele que a abandonou gravida.

Precisava saber o resto da história, aquilo não era toda a verdade e eu precisava saber o resto. Outra coisa ecoava em minha cabeça, quem havia entregado aquilo? Por quê? Por que só agora? Precisava de respostas, urgente.

Sem que eu tivesse percebido Lucy estava parada a minha frente com uma bandeja de comida em mãos.

— Que livro é este? Nunca a vi com esse tipo de livro antes? — Contaria a verdade a ela ou esperaria mais um pouco? Se contasse eu ficaria tão desesperada quanto eu, se eu não contasse ela ficaria brava. Decidi não contar, era melhor descobrir toda a verdade para depois conta-la.

— Não é nada demais, é só um livro velho. Por que está com essa bandeja de comida?

— Perdeu a noção do tempo Isa? Já está tarde e como previ que a senhorita não havia comido nada trouxe comida. Precisa se alimentar direito, ultimamente está se alimentando mal, desse desejo irá adoecer.

— Está bem Lucy, vou comer tudo. — Respondi com o intuito de que ela não prolongasse aquela conversa.

Comi enquanto Lucy me vigiava, para me distrair contou-me algumas novidades. No então algo me chamou mais atenção: Eleonora. Havia boatos sobre seu estado de saúde, preocupei-me, mas achei melhor verificar informação primeiro, não daria margem para fofocas.

Tempo depois preparei-me para dormir, repassei o dia toda na mente até conseguir dormir. Fiquei triste pois meu coração esperava por Ricardo, por onde andaria meu amor? Decerto não voltaria, conseguiu sua vingança, mas por que recusava-me acreditar nisso? Ilusão ou realmente uma explicação plausível que eu desconhecia? Tem algo a mais nessa história, isso era obvio, mas onde encontraria a verdade? Como procurar? 

Amor ou Razão? (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora