04 | Um toque, dois toques

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— Te vejo amanhã? — Kihyun indagou ao parar de frente para Changkyun e soltou sua mão da dele. Changkyun assentiu e sorriu em seguida — boa noite, Chang.

— Boa noite, Kyu.

Kihyun girou os calcanhares e Changkyun começou a andar somente quando viu que Kihyun havia encontrado o tal Hyungwon... ou seria Wonho?
Changkyun suspirou e andou até onde supôs que o primo estava, encontrando-o próximo à barraca de tiro ao alvo.

— Como foi com seu namorado? — Jooheon provocou depois que deu o último tiro, acertando o alvo em seu centro.

— Ele não é meu namorado.

Jooheon riu e pediu o Majin Boo que estava na primeira prateleira.

— Essa coisa se parece com você — Changkyun disse e Jooheon gargalhou falsamente — vou me encontrar com ele amanhã.

— Tão rápido assim? — o primo brincou.

— Ele é... diferente.

— Qual o nome dele? — Changkyun deu um sorriso mínimo ao pensar no de fios rosados.

— Kihyun — suspirou — Yoo Kihyun.

Jooheon sorriu. Era bom ver o primo feliz depois de tantos anos trancado na casa dos Lim, sendo forçado a estudar com uma governanta durante todo o ensino fundamental.

— Quando você vai para Seoul? — Changkyun indagou quando andaram o suficiente e se sentaram em um banco de madeira.

— Não planejo voltar, primo.

— Por quê?

— Depois da briga que tive com meu pai, não acho que eu seria bem recebido — Jooheon respirou fundo — e seu pai não gosta de mim, ainda mais porque eu briguei com ele sobre sua governanta.

Changkyun riu sem vontade.

— Ele nem deve se lembrar.

— É melhor previnir — Jooheon contorceu os lábios — minha mãe me liga todos os dias. Pode dizer à ela para não se preocupar tanto?

Changkyun riu baixinho.

— Ela me perguntou sobre você esses dias. Queria vir comigo para Kobe.

— Meu pai não deixou?

— Eles foram para  Tailândia.

Jooheon suspirou.

— Eu sinto falta dela.

Changkyun escorregou pelo banco, suas costas estavam completamente deformadas na madeira do banco.

— A vida é muito complicada.

"— Só se importam com a roupa que vão vestir no dia seguinte."

E aquilo que Kihyun dissera nunca fizera tanto sentido.

Eu acho que vou me apaixonar por Kihyun.

Jooheon riu soprado.

— Só de você estar pensando nessa possibilidade, significa que você já está apaixonado por ele.

[...]

Changkyun acordou meio tarde no dia seguinte. A empregada de Jooheon preparava o café ao que descia pela larga escada de vidro. O primo devia estar tomando banho, já que não estava pelos corredores ou pelos cômodos. Ou do jeito que é preguiçoso, continuava a dormir.

— Bom dia, senhor Lim — a empregada disse. "Senhor Lim". Saiu para passar o ano novo fora por conta de formalidades, mas elas parecem o perseguir. Suspirou e sorriu.

— Bom dia — respondeu e sentou-se à mesa, sendo servido em seguida.

Era tanta comida, tanta coisa desnecessária que seria jogada fora após a refeição, que Changkyun pensou se valia mesmo a pena cozinhar tudo aquilo.

— Bom dia, Byul — Jooheon disse ao descer a escada, enquanto bagunçava o cabelo preto — bom dia, Chang.

Changkyun sorriu e deu-o um aceno ao pegar o melão de uma bachela.

— Vai sair com Kihyun hoje?

— Eu o mandei uma mensagem quando acordei. Espero que ele a tenha visto.

Jooheon sorriu.

— Tomem cuidado.

— Certo, pai.

Byul riu baixinho ao pôr o bolo na mesa.
O celular de Changkyun vibrou e ele não conseguiu controlar seu coração: era uma mensagem de Kihyun.
De imediato, o de fios de mel levantou-se, agradeceu pela comida e vestiu o casaco na entrada.

— Não chegue muito tarde! — Jooheon exclamou da mesa. Changkyun abriu a porta e correu até o local em que combinaram: o campo.

Changkyun sorria. Fazia tanto tempo que não sorria. Era tão bom sorrir, ainda mais por um motivo tão bobo: veria Kihyun assim que chegasse.

AQUARELLA 「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora