6-Gelinho de abacate para atrair problemas

11 1 0
                                    


"Quiero ver bailar tu pelo

Quiero ser tu ritmo

Que le enseñes a mi boca

Tus lugares favoritos"

Quem diria que uma viaje de carro poderia ser tão irritante! No final de tudo, fiquei espremida entre os dois pombinhos, logo depois que a criatura chamada Dmtri disse que queria fazer um vídeo sobre estas "férias", e Carol fica enjoada no meio. Qualquer sentido da palavra. Piorou quando colocaram a música favorita da ruiva.

— Dá para não humilhar os coleguinhas? Nem todos roubaram a voz de um anjo, a maioria era uma gralha na antiga encarnação, sabia? — A resposta de todos foi o riso, todos menos a minha e Dmtri.

— Você é uma comédia. Nem todos conseguem ser humoristas na próxima vida, mas juro que vou tentar. — retalha, balançando o meu ombro, em troça; me levando a rir desta vez.

Dim, dim, dim. Dim, dim, dim. O toque de notificação da Rainha das Trevas apita repetidas vezes. Indago do que se tratava. Ela responde que é nada. Se fosse nada, ela estaria com uma cara de taxo. Aceito a sua mentira sem mais perguntas. Olho para Dmitri que também partilha um meio sorriso. Depois do dia das mensagens que li escondido, tento notar os sinais de companheirismo dos dois.

Volta a repetir o toque momentos depois, sendo que agora estou mais preparada, observo atentamente pelo seu ombro, notificação do whats app. Tento ler o nome do contato, mas a Rainha das Trevas percebe e apaga a tela. Com o dedo indicador, Caroline mexe repetidamente numa negativa, dirigida a mim.

— Ainda é muito longe, Amanda? — indaga Roberto. Fico surpresa, o mesmo permanecia bastante concentrado desde entramos no seu carro, estava quase achando que haviam abduzido o pobre coitado.

— Mais uns trinta minutos, acho, se o trânsito colaborar, Beto. Por quê?

— Acho que a gasolina vai acabar antes. Se recorda de algum posto de gasolina?

— Sim, estamos pertos.


Tia Am guia o seu namorado até o posto, que era agradável, pelo menos visualmente.

Desço do carro, preciso urgentemente esticar as pernas, que ficaram recolhidas e espremidas, por causa do pequeno espaço livre. Parecia que iriamos mesmo tirar umas longas férias pela quantidade de mala e comida. Lanço as pernas na frente, as coitadinhas podiam ficar dormentes, aproveito também a ir ao banheiro. Só tinha duas cabines e um estava quebrado, sem papel higiênico e muita ferrugem. Saindo de lá, observo um casal se abraçando e se beijando, o cara era mais alto e loiro, porém só conseguia enxergar o loiro, pois a posição dos dois bloqueava a outra pessoa. Retorno ao meu cárcere, quero dizer, lugar no meio da minha prima e o Estressadinho.

Qualquer pessoa diria que é exagero, coisa da minha cabeça, contudo eu sinto algo muito doce no ar, tão doce que me fazia engasgar quando inspirava muito forte. Enquanto esperávamos os rapazes, tive uma briga com Carol dizendo que ia usar perfume, titia prefere os mais suaves, sobrando por eliminação apenas a Rainha das Trevas. Fuzilo a mesma com o olhar. Percebo assim que o batom vermelho dela está um pouco borrado.

—Vira para cá. — digo puxando o seu queixo com força. Limpo com agressividade, o batom era matte, e eu ia mata-lá.

— Calma, com mais delicadeza ou você vai tirar a minha pele.

— Bem feito, quem manda se sujar com um batom matte, ainda por cima vermelho! Alinhais como conseguiu isso? — digo me referindo ao borrão que ia até o queixo de porcelana dela. Quando ela ia abrindo a boca para responder, e por alguma razão ia ruborizando, interrompo— Esquece. Têm coisas que são melhores enterra-las.

V.A.JAMES Onde histórias criam vida. Descubra agora