2-Entrada de desentendimento sobremesa de segredos

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 A luz pode incomodar um pouco, principalmente quando se vive nas escuridões. Essa era a frase mais querida do livro mais querido, O amanhecer nas sombras, da minha escritora favorita. Ela foi uma reclusa do século 20, que sonhava alto, com magia e fantasia. Sua história me encantava, a força em cada palavra que transmitia as fraquezas de suas personagens, mostrando as luzes entre as trevas. O contraste vive conosco, mas poucos lhe dão importância.


Quando Carol simplesmente surtou quando soube do novo namorado de titia, não a culpo, alegou que era injusto eu ter visto primeiro; o que não daria para mudar de lugar com ela. Por sorte, fiquei sem ver Dmitri o resto da semana, no entanto, pude ver Roberto em seu lugar. Roberto se mostrou uma boa pessoa, provou a paixão dele por Amanda, com mimos a mesma, era amável, prestativo e inteligente. Quem sabe ela tenha encontrado a outra metade da sua laranja.

Carol gritava alguma sobre o vestido estar grande nela, apenas rio.

— Olha como ficou! Podem me confundir com um saco de batatas! — exclama.

— Um saco de batatas muito cheiroso. Às vezes me pergunto se você não toma banho de perfume, no lugar de água. — Um cheiro delicioso dança pelo ar.

— Cheirosa é a comida que ela está fazendo. Dá água na boca. Hum! — diz fazendo uma careta. Carol volta a sua procura por uma roupa decente. — O que você vai fazer se ele vir? Sabe o Dmitri.

— Por quê? — Puxo a saia floral rodada e coloco os saltos. Meu cabelo ainda está um úmido, tomei banho depois da Rainha das Trevas. Coloco a cropped simples preta. Meu celular apita, uma mensagem do ex da Carol. Isso mesmo, ela terminou com Alex. — Qual foi a razão de você ter terminado com ele mesmo? Esqueci, foi antes ou depois de você destruir o coração dele?

— Olha quem fala, Cisne Negro. Muito imaturo, sempre discutiam os por besteiras. Agora estou focado num novo futuro, curtir um pouco, solteira com certeza, mas nunca sozinha. — Reviro os olhos. Eu sempre me esforcei em não machucar ninguém. — E outra, me desapaixonei, tenho esse direito.

Ela não falava com certa alegria, mas o brilho em seus olhos indicava outra coisa; ela está me escondendo algo. Se as minhas suspeitas estiverem corretas, há alguém que conseguiu fazer o coração dela bater por outro. Pelo menos ela terminou com Alex, ela não o traiu. Claro, se eu estiver correta.

— Você está muito alegre. Isto não tem nada a ver com a chance de você ter se apaixonado por outra pessoa? — pergunto despretensiosamente.

— Sim, talvez, quem sabe, eu tenha encontrado outro amor. — diz pausadamente mordendo o lábio inferior. Só falta ela subir pelas paredes de tanta euforia. Olhei para ela preocupada. — Calma, eu não o traí.

Ela entrou no banheiro para poder vestir um dos vários vestidos dela. Com sorte vai ser o último, se não vai ser mais um para a pilha de rejeitados da noite. Confio na palavra dela sobre a sua fidelidade por seu ex, sei que ela é prudente, a impulsiva sou eu.

Ainda estou mexida pelo fato de talvez ter conhecido Dmitri na infância. Carol conheceu mamãe Magali de uma maneira diferente, elas eram vizinhas e começaram a conversar, tornando-se amigas. Para mim ela é como uma segunda mãe. O maior problema são as lembranças malignas daquela época.

Coloco um brinco de argola, batom nude rosado, e delineado gatinho. Fracamente, estava com uma dozinha por Alex, ele sempre viveu pela Carol, ocasionalmente, podia ser confundido com um cachorrinho correndo atrás do dono.

— Sinal verde? — respondo que sim.

Carol sai com um vestido creme e brilhos dourados no busto. O cabelo preso em um coque alto, e lábios vermelhos, um salto quinze preto. Vestida para conquistar. Seguro a vontade de avisa-la que a ocasião é um estreitamento de laços, que é uma ocasião informal, mas que todos sabem que todos se portam de maneira formal; não estávamos indo para uma balada. Vamos até a cozinha, encontramos a nossa tia arrumando o cômodo, vestida de maneira desleixada, uma leggyn velha e blusa branca suja. Forçamos ela ir se arrumar, convencemos dizendo que daríamos um jeito em terminar de limpar o que estava alvo e que o Roberto se despontaria se ela estivesse assim. Sabíamos que a última parte nunca aconteceria, contudo, no amor e na guerra tudo vale. Quando terminamos de passar pano e arrumar a mesa, ouvimos o interfone. Era o porteiro pedindo autorização para Roberto entrar. Titia a essa altura já estava pronta, usava um vestido preto e um salto de couro preto. Ela sim tem que se vestir para matar.

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