— Que tal usarmos a casa de praia nesse carnaval? — sugere enquanto faz o prato com feijoada minha tia avó Suelen.
— Vai estar um inferno a praia. Cheia de gente, a água suja e uma tonelada de carros só atrapalhando o caminho. — reclama tia Camila, mãe de Caroline. Procuro com os olhos minha prima para ver a reação de sua mãe. A rainha das trevas está jogada numa poltrona verde-musgo do outro lado da sala. Ela devolve o olhar e dá uma risadinha, em seguida volta a encarar o celular.
Levanto do meu lugar garantido e vou até onde ela está. Ando no melhor estilo garçonete-de-filme, equilibrando com uma das mãos o meu prato com feijoada, couve refolgada, arroz e farinha.
— Ei, Ariel, poderia tirar os olhos do celular por um instante e dar uma mãozinha aqui? — peço entregando o prato. Carol segura. Sento no chão ao seu lado e peço com as mãos o meu almoço. Um belo almoço de domingo, diga-se de passagem. — Obrigada... Com quem está falando? — pergunto entre colheradas fartas.
— Com o Dmitri. — diz simplesmente. Eles estão passando do estágio bobos apaixonados para realistas apaixonados.
— A gente vai na quarta, então! — exclama Amanda na cozinha. — Dois dias antes da muvuca. — Estico o meu corpo poucos centímetros para poder cochichar melhor com Caroline:
— Por que mesmo o seu namorado não veio, prima? — pergunto. Faz um bom tempo que não encontro com ele. Depois daquele jantar desastroso, mais um para a lista, ele sumiu do meu mapa.
— Acho que ele ia jogar com os amigos. — cochicha de volta inclinando o tronco na minha direção.
— Ele não sabe o que está perdendo. — digo. Uma discussão saudável entre família, um almoço ótimo e um tempo com a namorada e a nova priminha, e não estou falando de mim. — O estressadinho teria amado a Alice. — digo. Caroline balança a cabeça em concordância. Alice é uma bebezinha adorável de onze meses, filha do tio Túlio e a sua esposa Luíza. Falando dela, a minha montanha de gostosura vem correndo na nossa direção.
— Oi, meu amor! — exclamo. Levanto com certa dificuldade e coloco o prato no degrau da escada do sobrado de vovó Carmelita. Ergo Alice pelos braços e a acomodo na minha cintura. Sorrio para a pequenina.
— Issa. — Alice estica os bracinhos na direção do meu rosto. Pego uma das suas pequenas mãozinhas e beijo os dedinhos. — Issa!
— Lice, não dá para eu ficar com você no colo! Tou comendo! — uma comida bem apimentada.
— Sedi. Sedi. — pede fazendo biquinho. Vou até a cozinha, pego um dos copos de plástico e coloco um pouco de água para ela. Enquanto isso, a discussão de se vamos ou não para a praia nesse carnaval se prolonga mais um pouco. Ignoro a barulheira e concentro-me na minha priminha erguendo o copo vinho de plástico, com grandes goladas, bebendo a água. Em pouco mais de cinco segundos ela termina.
— Mas eu trabalho na semana. Só vou conseguir folga para a sexta e olhe lá. — exclama Luíza, a esposa de tio Túlio.
— Bora fazer assim, quem puder ir na quarta vai, quem não conseguir tenta no sábado. — digo, já estou começando ficar com dor-de-cabeça. — E a sua filha tava com sede, Luíza. — digo entregando no colo da mãe a minha montanha de gostosura. Dou um beijinho na bochecha de Alice. — Tenho um prato de feijoada para terminar. — digo dando de costas e indo na direção da rainha das trevas.
Ela permanece com os olhos vidrados na tela de iluminação precária do celular. Reviro os olhos. Pego o meu prato e com certa dificuldade volto a sentar no chão. O que quer que tenha chamado a sua atenção deve ser importante ou uma total perda de tempo, as únicas coisas que existem nesse grande universo aparte chamado internet.
VOCÊ ESTÁ LENDO
V.A.JAMES
Teen FictionAmanda arranja um namorado, depois de muito tempo solteira. Ela tem duas sobrinhas que moram com ela, Vanessa e Caroline. Caroline tem uma doce na voz e na aparência, seu objetivo é aproveitar a seus últimos tempos antes de se formar, e Vanessa é a...