Eu não vi Dmitri até o almoço. Ele só havia entrado na cozinha e em menos de cinco minutos e saiu. Até havia tentado falar com ele, ele até mesmo parou, só que eu hesitei e ele saiu. Não tive coragem de ir atrás dele naquele momento e agora só consigo pensar que eu poderia estar com ele agora, em vez de estar comendo o arroz queimado de Anastácia.
A cozinha está cheia mais uma vez, mas o quintal está vazio. Tivemos naquela hora sorte de termos pego o primeiro horário do almoço. Seria tanta gente hoje para almoçar que o jeito era fazer comida para três batalhões e alimentar quem aparecia. Aquela manhã, momentos depois eu ter saído, a minha mãe, tia Babete e mais algumas pessoas foram buscar os Bellem que haviam chego antes do previsto.
— Sabe — começou Anastácia colocando de lado o seu próprio arroz — quando eu as vi sair, pensei que estariam em mais uma das suas brigas.
— Faltou pouco. — digo com um sorriso. Caroline concorda com a cabeça.
— E sobre o que era o assunto? — pergunta Pedro, que está sentado a minha frente. Troco olhares com a minha prima. Pergunto com os olhos se deveria ou não contar. Noto que ela tinha a mesma pergunta. Dou de ombros e ela aponta com a cabeça os nossos amigos.
— Daria para não falar em códigos? — pede Roberto. Será que ele já sabe que a minha prima não é mais a sua nora? — Suas conversas são mais interessantes do que política. — diz referindo-se a única opção que restará a ele, senão a nossa conversa adolescente.
— Está tão cansado assim da vida adulta? — pergunto. — E pensar que em breve serei a próxima a entrar. — Sinto os dedos do pé de Anastácia beliscando a minha perna por debaixo da mesa. — Não tem como evitar isso, não?
— Bem que eu queria. — diz com um suspiro Anastácia. Em poucos meses ela terá vinte aninhos.
— Eu tentei. — diz Daniel com um sorriso simpático. Outro que preferia passar um tempo com os vulcões de melodramas do que um dia decidindo entre o PT e o Salnorabo.
— E as vezes acho que ainda tenta. — comenta a dragoa com um sorriso felino.
Incrivelmente, até agora, ela não tentou retornar a antiga pauta de eu ser parecida com ela. Sinceramente, esse papo de ser alguém, parecer com alguém, gostar de alguém, ainda se esse alguém tiver alguma relação com a minha família, estava se tornando demais para mim. Tenho que agradecer que não tem uma espada no meu pescoço para acompanhar.
— Alôôô! — chama a atenção Anastácia. — Dá para voltarmos para o antigo assunto. Preciso ter pena sua, Caroline, para eu não te enforcar! Quem mandou colocar o meu nome na lista de limpeza. Estava programada para amanhã, somente. — diz. Ao olhar para a minha prima, já sei que ela acordou a pobre Ana.
— Conto? — pergunto.
— Eu terminei com o Dmitri. — diz a rainha das trevas. Como se todos resolvessem prestar atenção nas adolescentes, as conversas sessaram. Todos os ouvidos estavam atentos para o pronunciamento não oficial de Caroline. — A algumas horas.
— Por quê? — pergunta Caio. Olho feio para ele. Será que ele me suportaria mais ou menos se soubesse que eu fiquei com Dmitri? Não. Só sei que ele, como quase todos, sempre prefeririam a minha prima.
— Porque era o certo a ser feito. Eu tenho que me encontrar e ele tem outros assuntos para tratar. — responde gentil, Caroline.
— E o resto não é da sua conta, totó. — finalizo. Seu olhar de confuso, passa para irritadiço.
— Só espero que ele não faça um besteira. — resmunga o namorado de Larissa. Enquanto ele parecia pouco interessado no rompimento de minha prima com o seu novo "brother", Larissa não estava apenas interessada, estava também capitando as mínimas ondas do que realmente aconteceu.
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V.A.JAMES
Roman pour AdolescentsAmanda arranja um namorado, depois de muito tempo solteira. Ela tem duas sobrinhas que moram com ela, Vanessa e Caroline. Caroline tem uma doce na voz e na aparência, seu objetivo é aproveitar a seus últimos tempos antes de se formar, e Vanessa é a...