26- Belos Sonhos

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Jogamos um pouco de tudo, truco, porco, 21, buraco, pif, até dominó. Num quadro geral podemos dizer que a jogatina é a matéria favorita dos James e dos Bellem. Somos graduados em jogos de azar.

— Ah! Qual é, Mitri? —provoco com um sorriso malicioso. Estamos no final do UNO, que até agora eu não entendi porque alguém trouxe, sempre que pedem é recusado ou esquecem. — É séria mesmo essa jogada? — pergunto. Ele teve a audácia de me mandar comprar mais 12! Encho a mão, no entanto as cartas são mais do que favoráveis. — Como você tem a audácia de fazer isso... e ainda se chamar de Mestre das Cartas. — Arrumo a ordem de como vou me livrar disso tudo — Aliás, é um nome horrível. Você é o que? Cartomante? Vidente? Um mágico barato?

— Acho que ela só está tagarelando porquê sabe que já perdeu. — comenta debochado Caio. Viro a cabeça lentamente na direção dele e abro mais um dos meus sorrisos ferinos.

— Se você tem tanta certeza disso, Caio, só consigo provar o quão tolinho você é. — digo. Jogo a minha sequência de quatro bloqueios, +2 variando de amarelo, vermelho, azul e verde, tantas vezes que quando chego na minha última cartada, um +4 para Dmitri, sorrio. — Uno. — Anuncio a minha vitória. Não é garantia, mas as chances são consideráveis. — Você tem que pegar quantas coisas mesmo, Mitri? — pergunto enquanto Caroline confere a quantidade de cartas que ele terá que comprar. Sorrio mordendo a ponta da língua em diversão.

— Por que tem que ser ela? Quem me garante que não acrescentará? — pergunta Caio. Pelo visto ele gostou bastante do estressadinho. Seria um lindo casal se dos dois fosse bi ou homossexual. Talvez seja e eu nunca saiba; afinal, seria bom mais um bi no grupinho.

— Cuidado, garotas. — digo me referindo à minha prima e Larissa. — Se eu fosse você, Caroline, tomaria muito cuidado com Caio. Ele está apresentando muito prestativo com o seu namorado, não acha? — digo num riso debochado com a unha entre os dentes. — E, respondendo a sua pergunta, ela vai contar direitinho. Não é? — pergunto apontando um palito de dentes, que havia sido deixado em cima da mesa, para Caroline. Ela confirma com um menear da cabeça. — Afinal, ela está contando para o namorado dela, mas também para mim. Tem argumento melhor, Caio? — indago fazendo beicinho. Ele fica calado, o meu melhor e maior deleite.

— Dezoito. — pronuncia-se finalmente Caroline. — Quer que eu pegue? — Antes que qualquer um pudesse concordar com essa ideia, apenas nego com a cabeça. Apoio o joelho direito no banco e inclino o corpo na direção do baralho.

— Pode deixar comigo. — digo voltando para o meu lugar. — Depois você confere, Dmitri. Ou você prefere que o Caio faça as honras? — questiono arqueando uma das sobrancelhas. Ele entendendo bem as minhas provocações, apenas pede com a mão as suas cartas quando eu termino de pega-las aleatoriamente do baralho. Um de cima, três do meio, mais três do fim, quatro do meio e o resto alternando entre cima e baixo. — Não quer conferir? — pergunto com um meio sorriso.

— Não precisa, Alice. — Mantenho o meio sorriso. Todos ao redor da mesa soltam um "Oh!". Eles não deveriam saber que sobre o conhecimento dele sobre o meu nome do meio, eu mesma não sabia que ele se lembrava.

— Alice? — questiona debochado Caio.

— Para você é Vanessa, cachorrinho. — digo com olhos flamejantes. Rio pegando dois torcida de churrasco da ponta da mesa.

Volto-me para Dmitri. Ele não olha para as cartas que dei, muito menos para a namorada ou para o novo "mano" dele. Ajeito-me na cadeira. Dmitri olha para mim com aqueles castanho olhos seduzentes. Num leque gordo e bem feito com as suas últimas aquisições indesejadas, Dmitri me observa.

Quando eu iria fazer uma comparação com uma velha senhora, uma dama vitoriana ou pergunto se era aquela maneira que ele encara o cortejo da época de Austen, mordo a parte de dentro do lábio e vou abrindo um sorriso devagar.

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