9- Toc Toc

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Ouço-o batendo na porta diversas vezes. Quando estava a caminho da escada, encontro com Dmitri descendo. Estou com os olhos cheios de cólera, pois encontra-lo é a pior coisa que eu poderia querer. Comecei o dia com o pé direito, pelo visto. Percebo que o estressadinho caminha na direção da porta, de certo curioso, ou até mesmo em cortesia, pelo barulhão. Aquele imprestável permanece. Corro na direção dele, segurando em seu cotovelo centímetros antes dele tocar na maçaneta. Duvido que ele recusaria a visita daquele homem.

— O que foi? — indaga, arqueando a sobrancelha.

— Nada demais. Só se trata de uma questão que acho que é melhor eu tratar. — digo entredentes. Poderia tentar ser simpática, poderia tentar esconder, poderia até mesmo ser mais grossa, mas prefiro ser direta.

— Quer alguma ajuda? — pergunta preocupado. Bufo.

— Deixa comigo, estressadinho. — respondo simplesmente. Dmitri já conviveu comigo o suficiente para saber que não é uma boa escolha tentar persistir em algo que já decidi.

Vejo-o dando meia volta. Imagino que vá para a cozinha, querendo saber um pouco mais sobre o assunto, pois, além de estressado e curioso, dói em mim dizer, também é zeloso. Com um gesto manual peço para ele subir. Ele hesita antes de sair do lugar, eu já perdendo a paciência, faço uma careta em sua direção que dizia " Já disse que posso me cuidar". Num suspiro derrotado, que fez os pelos da nuca arrepiarem, o rapaizola aloirado sobe degrau pós degrau. Quando não consigo mais vê-lo, abro a porta.

— Vanessa! — exclama aliviado.

— Gustavo. — rujo. — O que você quer? — indago grossa. Noto as fundas olheiras sob os olhos negros daquele traste. Tão imundo quanto um rato, torço o nariz em reprovação daquela visão.

— Amanda está? Precioso falar com ela? — Ele tenta entrar enquanto falar, mas o impenso com um toque de minha mão em sua camisa maltrapilha. — É urgente, Vanessa. Deixa, por favor! Sei que você é uma boa garota, que tem um bom coração. — Rá! Duvido.

— Gustavo, vocês terminaram a cinco meses! Desencana. Am não quer nada com você e nunca mais vai querer! Ponha-se na razão. — Encaro as suas tristonhas feições. Aquele verme ainda a procura de algo. Uma vantagem, que sabe, dinheiro, uma tola para enganar, é isso que ele sempre buscou. — Vá! — exigo.

— Não, tenho certeza que ela está aí! — Ele pisa num dos meus pés com os seus tênis alvarados. Desprezível!

Quando eu iria reclamar, pedir para ele se retirar mais uma vez ou ameaçar chamar a polícia alegando invasão, uma sombra duma pessoa que bem conheço, desperta-me a atenção. Não só essa figura turva, outra ao seu lado também. Desconheço se seria uma coisa boa ou não fazer um escândalo agora. Já passando do batente, Gustavo retrocede ao ouvir uma voz melodiosa; familiar para nós dois.

— Gustavo. — diz Amanda. — O que você faz aqui?

— Vim atrás de você, meu amor! Peço que me aceite de volta! Preciso de você, Amanda. — diz, jogando-se no chão, sob joelhos e segurando as mãos de titia com força. Que papelão. Amanda fica atônita, sem saber o que fazer. Imagino o dilema: como dispensar o ex e tentar não brigar com o atual.

— Levante, homem! — Puxo-o pelo braço. — Deixe de passar vergonha, traste! Miserável, saia logo daqui. — exijo.

— Mas como? Vanessa, acho que você precisa sair daqui, isso sim. — desdenha, aquele verme. O sangue sobe. Sinto a ponta das orelhas queimando.

— Meu camarada, se eu fosse você faria o que Vanessa está mandando. — diz, Roberto. Lanço-lhe um sorriso vitorioso. — Odiaria ter quer expulsa-lo ou ter que contatar as autoridades locais. — Ele pode desgostar da ideia, mas eu amo.

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