Alguns anos depois...
Século XVPríncipe Henry - Que agora se tornara Vossa Majestade Real, Rei Henry da província do Reino Unido - havia se casado com a princesa Marie da França. Um casamento que era apenas mais uma aliança feita, sem amor e sem compromissos.
Tudo pelo bem do seu Reino, isto é o que importava.
Podia ter passado vários anos, mas as suas emoções eram as mesmas, toda vez que pensava em Camille. Ele teria feito o certo? De qualquer maneira, não podia voltar atrás.
— Meu Rei, deseja mesmo ir á esta feira? — Seu braço direito e conselheiro, Andrew, tentava fazer à sua Majestade mudar de idéia.
Henry soube que estava acontecendo uma festa na feira de Scarborough. Seu coração de menino, aquecia-se com a idéia de um pouco de distração.— Meu amigo, – Henry tocou no ombro de Andrew. — Fico tanto tempo dentro deste Palácio, que as vezes esqueço de ver a luz do sol. Sair um pouco, irá nos fazer muito bem.
O conselheiro tentou ainda persistir um pouco, mas logo se calou ao ver os olhos semi cerrados do Rei em sua direção.
— Vamos logo, antes que a festa termine. – Henry saiu à frente, deixando Andrew para atrás revirando os olhos, sem que Sua Majestade percebesse.
Em Scarborough Fair, comerciantes de várias regiões vendiam seus melhores produtos como ferros, sal, alguns grãos do campo e têxteis. O que fazia desta Feira um pouco diferente das outras, era os artesãos que confeccionavam roupas, sapatos e algumas esculturas, e os músicos que tocavam algumas cantigas bem conhecidas sobre Amigos, Amor e de Escárnio.
Assim que os camponeses que ali trabalhavam, perceberam a presença de soldados reais, e logo em seguida, viram o Rei em seu cavalo, começaram a ficar agitados em suas barracas fazendo com que tudo ficasse perfeito. Todos queriam a atenção da Sua Majestade para os seus trabalhos.
— Não disse que tinha sido uma boa idéia, Andrew? – Henry debochou de seu amigo, que apenas se limitou a dar um leve suspiro irritado.
Em determinado trecho da feira, o Rei resolveu seguir andando e deixou seu cavalo com dois de seus soldados, enquanto seguia com os outros. Por onde passava recebia leves reverências de seus súditos e suspiros de algumas damas.
Ficou encantado e satisfeito com o respeito e alegria que o povo lhe oferecia. Viu que todo o seu esforço havia valido apena.
Passou pelas barracas de artesanatos e bateu palmas para os músicos. Estava indo em direção a barraca de grãos, quando uma cabeleireira ruiva, chamou lhe a atenção.
A camponesa segurava um cesto cheio de grãos, sorria e cantarolava as cantigas de Amor, enquanto ia a barraca de sua família para reabastecer e vender o que havia acabado de colher.
As feições da moça, pareciam familiares ao rei, até que como uma flecha certeira, um nome lhe veio em sua mente.
Camille...
Os longos cabelos cacheados, sedosos e ruivos ainda eram os mesmos, mas suas feições estavam mais maduras e um pouco cansadas, porém, isto não lhe fazia menos encantadora.
Mesmo não querendo, o coração do rei pulsou com força. Ele não pensou com clareza, quando começou a ir em direção à barraca da camponesa.
— Majestade! – Andrew se assustou quando viu Henry se afastando com certa rapidez. Estava distraído vendo as belas damas da feira, ele estava precisando se casar o mais rápido possível.
O conselheiro real acabou seguindo Sua Majestade, mesmo sem compreender o que estava acontecendo.
Henry começou a disfarçar o seu nervosismo quando chegou na barraca, Camille se encontrava distraída, e não queria chegar assustando a mesma.
— Posso ajudar, Vossa Majestade? – Uma mulher um pouco mais velha se aproximou de Henry, o surpreendendo. Ela continha semelhanças com Camille.
Assim que ouviu a voz de sua mãe, Camille sentiu seu coração gelar. Ela olhou relutante para a mais velha, e viu que a mesma tinha a atenção de Henry voltada para si, mas mesmo assim ele lançava olhares em sua direção.
— Estou apenas de passagem. – Ele sorriu. — Senhorita. – Ele cumprimentou Camille, fazendo com que ela fizesse uma breve reverência.
— M-Majestade. – A confiança que a camponesa construiu por tanto tempo se quebrou. As batidas do seu coração vacilavam em resposta a voz do jovem Rei.
Henry se afastou da barraca um pouco sorridente demais, e isso chamou a atenção de Andrew.
Apesar de não ter conversado com a dama, Henry se sentiu confiante por ter atraído sua atenção. De qualquer forma, eles não iriam poder conversar sem levantar suspeitas.
— Andrew, sabes até quando esta festa de Scarborough vai? – O Rei perguntou para seu amigo, enquanto caminhava novamente em direção ao seu cavalo.
— Acredito que durará por duas semanas ou mais. – Ele respondeu confuso, ainda estava intrigado com o seu Rei, mas não podia questiona-lo.
— Fico contente em saber isso.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Scarborough Fair
Historical FictionVocê está indo para a feira de Scarborough? Não se esqueça de trazer salsa, sálvia, alecrim e tomilho. Iremos fazer uma poção para a senhoria, e quem sabe, tu terás o teu amor verdadeiro de volta? 🌿 (Inspirado na Cantiga Scarborough Fair) ➛ Lembre...