Capítulo Treze

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Henry saiu em disparada para os aposentos da Rainha, e conforme se aproximava percebia a agitação dos criados, que corriam sem saber o que fazer. Ninguém impediu que o Rei entrasse no quarto de Marie, e assim que adentrou o lugar, a viu deitada na cama de olhos fechados, com o rosto mais pálido que o normal e com uma dama de companhia que media sua temperatura com as mãos.

— O que houve com ela? — Henry perguntou e se aproximou da cama pegando as mãos da esposa.

— Ninguém sabe ao certo. — A mulher respondeu com um semblante preocupado. — Estava sorrindo e conversando normalmente, quando empalideceu e caiu no chão.

— Já foram procurar por algum médico?

— Sim, mas até agora não recebemos nenhuma resposta, Majestade. — Ela ofereceu um sorriso, para tentar amenizar a preocupação.

Henry, agora sentado na beira da cama, passava os seus dedos pela face de Marie de modo preocupado, até que lentamente, a Rainha abriu os seus olhos que se encontraram com os de Henry.

— Vossa Majestade, teve um tempo para mim? — Ela sussurrou com um sorriso amargo no rosto.

— Marie, não fale isso. — Ele a repreendeu de maneira calma. — Sabe que sempre estou aqui, se precisar.

Ela olhou ao redor, vendo que todos a olhavam com preocupação.

— O que aconteceu? — Marie perguntou enquanto se sentava ereta na cama, com a ajuda de Henry.

— Eu que pergunto! — O Rei a olhava com preocupação. — Você desmaiou e acabou deixando todos preocupados.

— Sente-se melhor, minha Rainha? — A sua dama de companhia perguntou.

— Um pouco enjoada. — Ela respondeu. — Mas nada com que precisasse fazer alarde.

Marie olhou a dama com repreensão, o que não passou despercebido por Henry.

— Marie, você tem certeza? — Ele a fez o olhar no fundos dos seus olhos. Os olhos da Rainha brilhavam e havia medo neles.

— Tenho. — Ela disse por fim. — Não precisa se preocupar.

[...]

Depois de muito estudo e paciência, Andrew tinha agora em suas mãos, a famosa poção do amor verdadeiro. O frasco tinha um líquido âmbar, e se abrisse, um cheiro forte, porém aromático, se espalharia facilmente no local.

O conselheiro olhava admirado para o frasco, mas precisava fazer testes. Será que funcionaria? E se funcionasse, o que ele iria fazer? Iria vender ou dar para sua Majestade?

Arrumou os seus materiais em seus devidos lugares e escondeu em seu armário duas da suas três poções. Ele iria levar uma delas, para algum criado que houvesse um amor platônico e que quisesse conquistá-lo.

Escondeu o pequeno frasco em um dos bolsos de sua roupa, e depois de passar  muito tempo trancado, saiu do seu quarto. Sua caminhada calma foi interrompida, quando viu Henry andando distraído pelos corredores.

— Majestade. — Ele fez uma reverência exagerada, para chamar a atenção do amigo e fazê-lo rir.

— Sentiu fome? Está saindo do quarto depois de tanto tempo. — Henry brincou, mas seus olhos ainda estavam com um brilho diferente, e não de humor.

— Consegui terminar os meus trabalhos, estou a sua disposição. — Andrew repetiu a reverência exagerada, mas logo ficou sério. — Aconteceu algo?

— Muitas coisas aconteceram, meu amigo. Dentre elas, Camille está no meio.

— Ah! A camponesa... Como anda as coisas? — O conselheiro não conseguiu disfarçar a sua curiosidade.

— As coisas evoluíram para uma relação amigável. — Henry olhou em volta, antes de inclinar e sussurrar. — Ela me beijou hoje.

— Ela? Por livre e espontânea vontade? — Andrew esbugalhou um pouco dos seus olhos. — Mas achei que você estaria mais feliz com isso.

— Estou feliz, mas estou preocupado, minha esposa está estranha, acabou por desmaiar agora pouco. — O semblante preocupado, voltou a dominar o rosto de Henry.

— Isso é estranho mesmo, a Rainha parece ser uma mulher forte e saudável. Não acho que ela adoeceria fácil. — O mais velho comentou erguendo uma de suas sobrancelhas.

— Enfim, meu amigo. — Henry soltou um suspiro longo. — Temos muito o que conversar.

[...]

Andrew havia voltado para o seu quarto para guardar o frasco que estava em suas vestes, dali ele iria para os aposentos do Rei para conversarem e esperarem pelo príncipe que se juntaria à eles um pouco mais tarde. Como nos velhos tempos, em que conversavam e bebiam para esquecer os problemas.

Seguia em direção aos Aposentos do Rei, quando escutou vozes femininas conversando, um pouco antes de virar o corredor.

— Minha senhora, você deveria conversar com ele. — Era uma voz jovem, e Andrew tinha certeza que já ouvira antes, então encostou na parede, se escondendo, para poder ouvir mais.

— Eu já disse que não! — Ele reconheceu a voz autoritária da Rainha. — E pode ser um engano.

— Não acho que seja um engano. — A voz respondeu, em um tom preocupado. — A senhora anda enjoada pelos corredores do Palácio, e já fui diversas vezes testemunha de quando você comia para logo em seguida, colocar tudo para fora. Tirando o simples fato que já faz algumas luas que não vem as suas regras.

Andrew não entendia, muito sobre assuntos femininos. Mas já tinha visto esses sintomas nos livros de Medicina, e tudo estava claro para ele.

— Cale-se! — A Rainha a repreendeu por ter falado aquilo em voz alta. — Enquanto puder, irei esconder essa gravidez!

— Não se seu ventre começar a crescer logo. — Andrew saiu do seu esconderijo, fazendo o rosto da dama de companhia e da Rainha empalidecer. — Como vai, Majestade?

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