Capítulo Dezoito

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Andrew a beijou com tanto ardor, que a fez suspirar. Camille passou a mão por seus cabelos e tentou lhe trazer mais para perto de si, fazendo seus corpos se chocarem. Ele acabou rindo para disfarçar do quanto estava extasiado naquele momento.

— O que foi? — Ela perguntou e sorriu confusa. Andrew a olhou e percebeu que suas bochechas estavam coradas e sua respiração irregular.

— Nada... apenas... — Ele balançou a cabeça e mudou de assunto. — As vezes me pergunto, se conseguiremos fugir um dia.

— Fugir?

Ele se afastou um pouco dela para poder respirar e controlar seus hormônios.

— Sim, para termos uma família juntos. Creio que por conta de certas pessoas, não daria para viver aqui em paz.

Camille pensou naquilo, ficou um pouco angustiada ao perceber que para fugir com Andrew, teria que largar sua família para trás.

— Mas e minha mãe... Meu irmão... ? — Ela murmurou ainda pensativa.

— Eles entenderiam, tenho certeza. — Andrew sorriu para dar lhe conforto. — Não estaríamos fugindo deles.

Camille não pode evitar de sorrir e acabou por se jogar nos braços do amante para lhe encher de beijos.

— Então fugiremos, com você vou até o fim do mundo.

E selaram o acordo com mais um beijo. Andrew a deitou em cima do feno macio, e desceu lhe os beijos para o pescoço da camponesa, decidiu que não controlaria mais os seus hormônios, pois a mesma não colaborava enquanto passava suas mãos pelo corpo do homem.

A noite para os dois seria longa, com toda certeza.

[...]

Henry pode sentir a tensão do soldado, assim que ele entrou em seus aposentos. Virou-se para poder olhá-lo, e viu que o mesmo estava realmente desconfortável.

— Ele não está no quarto, Majestade. — O soldado disse por fim, fazendo com que os olhos de Henry brilhassem de puro ódio.

— Vá atrás dele e traga-o para mim. — Disse com voz rouca. O soldado se reverenciou concordando, e logo saiu dos aposentos do rei.

Uma semana havia se passado desde que tivera a conversa pela madrugada com Andrew. Os dois não conversavam mais como antigamente, a não ser que o assunto fosse em relação ao reino. Henry ficou chateado, e cogitou a idéia de lhe pedir perdão pela desconfiança. Mas há dois dias, descobriu aonde seu amigo ia e com quem estava. Um soldado havia seguido Andrew, e logo depois de ter descoberto, Henry conseguia sentir com clareza, o perfume dela nas roupas de seu amigo.

Um ódio incontrolável cresceu dentro de si, e uma sentença não saía de sua cabeça desde então:

Morte para traidores.

[...]

Andrew terminava de ajudar Camille a amarrar os laços do vestido, apesar de tê-la provocado um pouco no início desmanchando os laços, quando a porta do celeiro foi aberta com força, fazendo a camponesa soltar um grito assustado.

— Andrew, renda-se. — Três soldados haviam entrado no local, um deles estavam a frente falando em voz alta e autoritária. — Você é acusado de alta traição à Coroa Real.

O chão pareceu se abrir nos pés de Camille, mas mesmo assim, se colocou na frente de Andrew em um tentativa inútil de protegê-lo. Por outro lado, ele parecia imóvel e pálido, não sabia o que fazer ou para onde fugir.

— Por favor, não façam isso! — A camponesa implorou, podendo sentir sua vista se turvar e lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

— Saia da frente, plebéia. Ou será julgada por não acatar ordens reais. — O soldado sorriu cruel, e Camille permaneceu no mesmo lugar, até sentir um aperto em seu ombro.

— Camille, obedeça. — Mesmo com os olhos triste, Andrew lhe ofereceu um sorriso.

Ela negou com a cabeça, não acreditando no destino que seu amor teria. Mas mesmo assim, o ex conselheiro real, lhe depositou um último beijo em seu rosto e logo seguiu na direção dos soldados, que amarram seus pulsos com uma corda.

— Ótima decisão, Vossa Graça. — O soldado cuspiu o título de Andrew, que só se encolheu, lembrando-se que por conta deste mérito, o castigo seria pior.

[...]

Henry não se assustou, quando as portas da sala do trono se abriram brutalmente e três soldados entraram empurrando Andrew, que estava amarrado, sujo, e com um um vermelho no maxilar, o que significava que os soldados haviam lhe batido.

Como já era de manhã, e por ser um julgamento de grande importância, as pessoas mais importantes estavam reunidas ali. Alguns olhavam chocados por ver Andrew, que era alguém especial para o rei, sendo humilhado, e outros felizes pois significava que um cargo importante estava vago. Dentre as pessoas espantadas por tal fato estar acontecendo, estava Marie e Hector.

Sir Andrew Sallow, Conselheiro Real. — Henry tinha um sorriso sarcástico no rosto, mas em seus olhos tinham desprezo. — Você está sendo acusado por traição à Sua Majestade.

— Não fiz nada de errado, Majestade. — Andrew murmurou rangendo os dentes.

— É o que todo culpado diz. — O rei riu. — Mas para deixar claro à todos, você roubou algo que é meu.

— Nunca foi seu Henry, pare de se iludir e não a trate como um objeto.

As pessoas se olhavam confusas, enquanto escutavam a pequena discussão e a troca de olhares que os dois tiveram. Porém, Marie não precisou de mais para entender, a causa pela qual Henry a rejeitava, estava sendo a mesma pelo qual Andrew estava sendo julgado.

— Não importa. — Henry deu de ombros e bebeu sua taça de vinho. — Estará morto dentre algumas horas.

Marie queria poder falar algo, ajudar Andrew. Mas só de ver a fúria que Henry emanava, sabia que se interferisse, seria morta também.

— Andrew, você merece uma morte muito lenta. Por tanto, será esquartejado ao entardecer deste mesmo dia. Espero que tenha pedido perdão por todos os seus pecados, amigo.

[NOTAS]:

As mortes na Idade Média, nem se comparam com a qual eu escolhi. Uma rápida pesquisa no Google, você só vê torturas/mortes por objetos sendo enfiada em seu ânus e saindo por sua boca. Argh!
São horríveis mesmo, e não quis nada disso aqui. O método de esquartejamento é antigo, mas acredito que não foi o mais usado na idade média. É isso, e lembrem-se, tudo dá certo no final.

Scarborough FairOnde histórias criam vida. Descubra agora