14° Capitulo

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Não fazia propriamente calor em Barcelona por isso encontrava-me bem agasalhada pelo meu casaco peludo e preto é agarrada ao braço de Marc enquanto nos dirigiamos ao seu carro pois iríamos tomar o pequeno almoço a uma pastelaria perto da Sagrada Família.

Assim que entrei no carro, depois de Marc me ter aberto a porta, pus o cinto de segurança e o moreno logo entrou para o lugar do condutor também pondo o cinto de segurança.

- Tive uma ideia melhor. - disse Marc pondo a chave a ignição e ligou o carro. - Conheço uma pastelaria portuguesa está tambem mais ou menos perto da Sagrada Família. Que me dices?

- Adoro a ideia. - sorri para o moreno que já retirava o carro do lugar onde tinha estacionado o mesmo.

O silêncio reinava agora no carro, apenas se ouvia uma música baixa vinda do rádio do carro mas não era um silêncio estranho ou desconfortável.

- Posso fazer-te uma pergunta? - perguntou Marc.

- Acabaste de fazer. - respondi sorrindo divertidamente e este revirou os olhos. - Vá faz lá a pergunta.

- Ontem quando estavas em minha casa e ambos estávamos na cozinha, eu reparei que não ficaste nada confortável quando soubeste da minha paixão pelas motos e está manhã quando me disseste para ter cuidado lá no Qatar... - com a sua língua ele humedeceu os seus lábios rosados e bem desenhados. - Porque? Porque reages assim?

Suspirei apenas e olhei pela janela. Fechei os olhos por momentos e respirei bem fundo.

- Eu já te tinha contado que o meu pai morreu há 10 anos atrás num acidente de moto. - abri de novo os olhos e olhei para os meus dedos que estavam entrelaçados uns nos outros. - apartir daí sempre tive medo, tinha e tenho medo quando vejo uma moto na rua a passar por mim, tenho medo de quando o meu irmão sai com os amigos para as concentrações de motos... todos os momentos com o meu pai me vêm a cabeça, momentos ótimos, maravilhoros... - sorri fraco. - Mas tudo se destrói quando me lembro que foi em cima de uma moto que tudo aconteceu.

Uma das mãos de Marc largou o volante e puxou uma das minhas entrelaçando os seus dedos nos meus.

- Não podes pensar assim! - disse ele olhando por um segundo para mim. - Não foi a moto que teve culpa, nenhuma moto anda sozinha e também não estou a dizer que o teu pai foi o culpado mas tens de compreender que nem o homem nem o veículo são culpados na história, talvez tivesse algo no chão, talvez outro carro ou outra moto se tenha descontrolado e o teu pai se tenha atrapalhado, o que é completamente normal, agora não podes culpar todas as motos pelo que aconteceu. Eu por exemplo já caí várias vezes e nunca por culpa da minha moto e sim por erro meu.

- Desculpa. - Passei a minha mão pela sua. - Eu sei que a moto não tem culpa, de forma alguma nem eu disse tal coisa mas... - suspirei mais uma vez. - É difícil Marc, eu tenho de culpar alguma coisa vou culpar quem? Vou fazer o que a maioria das pessoas fazem quando algo acontece de mal? Vou culpar Deus por o que aconteceu? Eu perdi o meu pai e em 10 anos que passaram eu ainda não fui capaz de ultrapassar tal coisa e culpo as motos por não poder culpar mais ninguém.

Foi a sua vez de suspirar bem pesado e o mesmo levou a minha mão até perto dos meus lábios depositando um beijo carinhoso nas costas da mesma.

- Eu vou ajudar-te a ultrapassar isso é não precisarás de culpar ninguém pelo que aconteceu porque não há culpados do que aconteceu. - Disse ele acariciando as costas da minha mão com o seu polegar. - confia em mim Nena.

- Confio. - respondi olhando para ele.

So Far Away || Marc Márquez Onde histórias criam vida. Descubra agora