31° Capítulo

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Alex já tinha saído com destino a Cervera para ir buscar a sua namorada e eu fiquei ainda sentada a mesa a ver o que se passava pelas redes sociais.

Marc tinha dito que ia a casa de banho e eu fiquei sozinha e por isso decidi começar a levantar a mesa.
Peguei em todos os pratos e talheres e levei para a cozinha pondo tudo dentro da banca, voltei para a sala de jantar e levei os copos também e os guardanapos para pôr no lixo.

- O que é que pensas que estás a fazer? - saltei quando ouvi a voz de Marc e logo levei a mão ao peito, fechei os olhos e respirei fundo tentando recuperar do susto. - Desculpa, não te queria assustar.

- Era preciso falares assim tão alto? - perguntei olhando para ele. - Até parece que estava a cometer algum crime.

- Não, nada disso mas quem lava a loiça sou eu. - ele disse afastando-me cuidadosamente da bancada da cozinha. - Podes ir para a sala e sentas-te no sofá a ver TV.

- Mas que raio!? - cruzei os braços. - Estás a fazer isso porque?

- Porque me apetece! - ele respondeu. - e tu vai descansar a perna para essa ferida curar depressa.

- Isto foi só um arranhão! - Eu revirei os olhos.

- Não foi só um arranhão. - foi a vez dele revirar os olhos. - tinhas um vidro espetado na perna...

- E quase morri! - completei ironicamente.

- Deixa de ser teimosa! - ele bufou.

- Deixa-me lavar a loiça caramba! - foi a minha fez de bufar. - Já não basta estar a ocupar o vosso espaço e ainda por cima não faço nada para ajudar aqui? Não me quero aproveitar de ninguém...

- Ouve Mariza! - ele interrompeu-me falando mais alto do que eu.

Num acto repetino o moreno pegou em mim e levou-me para a sala de estar pousando-me no sofá.

- Tu não estás aqui a aproveitar-te de ninguém! Tu estás aqui porque eu e o meu irmão te convidamos, porque gostamos de ti e gostamos da tua companhia. - ele sentou-se ao meu lado. - E a casa é nossa por isso se eu quero dormir na sala eu durmo e se eu quero que não laves a loiça tu não lavas e pronto!

- Chato! - resmunguei baixinho e ele sorriu.

- Vou lavar a loiça. - antes de se levantar depositou um beijo na minha bochecha e foi para a cozinha.

...

Acabei por ligar a TV e pus-me a ver um filme que estava a dar num canal qualquer espanhol. O nome do filme era "Stronger" e o filme era bastante triste e como Maria Madalena que sou, comecei a chorar obviamente.

- Toma! - Marc entregou-me uma garrafa de "Estrella Galicia" sem álcool. - O que se passa? Doi-te alguma coisa? Estás a sentir-te mal? Fui eu que fiz algo que não devia mais uma vez?

A preocupação no seu rosto era bem visível e eu apenas ri fraco e limpei as lágrimas.

- Não se passou nada, eu estou bem. - Respondei. - É só que este filme é o filme mais triste que eu alguma vez vi.

- Estava a ficar assustado. - ele suspirou. - Mas o que tem o filme para te deixar assim?

- Queres que te faça um resumo do filme? - perguntei e bebi um pouco vendo-o assentir. - o protagonista do filme tinha uma namorada, quer dizer eles não tinha uma relação estável, eles acabavam e voltavam muitas vezes porque ela estava farta de que ele nunca saísse de casa sabes ele vivia fechado no quarto até  o dia em que ele finalmente saiu e foi apoia-la na maratona de Boston e o pior aconteceu lá.

- O que é que aconteceu? - perguntou curioso.

- Um bomba! - respondi. - Várias pessoas ficaram feridas e algumas delas chegaram a morrer e um dos ferido foi o namorado da rapariga que ficou sem as suas pernas e andava a depender de toda a sua família e incluindo da namorada para se poder mover e tal. O seu clube de baseball homenagiou-o não só por ele ter sobrevivido mas também por ele se ter lembrado da cara do homem que causou aquele ataque e esse homem foi preso. Entretanto as coisas começaram a ficar novamente más entre ele e a namorada porque ele estava a entrar numa fase em que não estava a aceitar não ter as suas pernas e não poder mover-se como antes e a sua namorada ficou grávida dele o que ainda piorou pois ele não reagiu da melhor forma e ela estava farta de tudo e acabou por ir-se embora de novo e foi aí que ele caiu na realidade e começou a fazer os ensaio das próteses com mais vontade e intensidade e começou a aceitar a ideia de ser pai e começou a esforçar-se mais. Acho que não me esqueci de nada.

- Uau! Parece que vou ter de ver o filme eu mesmo visto que não percebi metade do que acabaste de dizer. - disse ele num tom de voz divertido.

- Capullo. - tratei-o de imbecil e dei-lhe um murro no braço fazendo o moreno rir de novo.

So Far Away || Marc Márquez Onde histórias criam vida. Descubra agora