Saída

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Seguimos até a caverna. Kelsey seguia apressada, mas eu a interceptei lhe oferecendo minha mão e lembrando-lhe de que não poderíamos no separar. Ela a segurou relutante e entramos na caverna ouvindo as vozes insistentes que nos chamavam.

Durante a travessia, fiquei pensando no significado daquela caverna. Nada podia nos desviar do caminho se estivéssemos juntos. Exceto Kelsey e eu, todo o resto era ilusão. Quando nos separamos, fomos enganados algumas vezes, mas nossos corações nos guiaram um para o outro.


Talvez Kelsey estivesse com medo. Ela ainda era jovem e provavelmente nunca tinha se sentido assim antes. Mas era certo que o sentimento que nos unia era amor. E não importava o que Kelsey fizesse, eu não iria me separar dela, mas pretendia fazê-la entender que seu lugar, era ao meu lado.

Chegamos ao outro lado do túnel bem mais depressa que da primeira vez. Eu continuei segurando sua mão. Ela tentou soltá-la, mas eu dificultei, segurando mais forte. Então ela puxou a mão sem descrição e me olhou com raiva. Eu sorri pra ela. Já tinha entendido o que ela estava tentando fazer e não iria permitir que ela tivesse êxito.

Seguimos assim até a floresta de agulhas. Peguei a gada e segui à frente, atacando as árvores e abrindo caminho para Kelsey seguir em segurança. Os ramos me atacavam ferozmente, deixando minha camisa em farrapos e meu corpo cheio de cortes. Kelsey mantinha a cabeça baixa, fitando os próprios pés.

Estávamos nos aproximando do túnel que nos levaria até a estátua de Ugra Narasimha, e de volta para o mundo real. Eu não sabia o que aconteceria então. Era provável que eu voltasse a ser tigre.

Eu não sabia como nossa relação estava naquele momento. Kelsey ainda estava me evitando e eu queria resolver essa situação antes de sairmos dali. Tentei falar com ela mais de uma vez, mas não conseguia começar.


Todas as vezes em que eu havia tentado entendê-la, Kelsey havia se fechado e me deixado mais frustrado e magoado. Por isso, eu não sabia como iniciar a conversa ou o que eu poderia dizer para que ela se abrisse.

Chegamos ao túnel e Kelsey se afastou de mim. Ela entrou acendendo uma lanterna. Eu a deixei à vontade, pensando no que faria a seguir.

O túnel foi se estreitando, de forma que passamos a andar lado a lado, muito próximos um do outro. Eu queria tocar nela, queria segurar sua mão. Eu a observava, esperando que ela permitisse que eu me aproximasse. Mas ela seguia olhando à sua frente.

Finalmente chegamos ao final do túnel e vimos as escadas que nos levariam de volta à superfície. Meu coração ficou apertado.

Kelsey subiu um degrau mas eu a detive. Minhas mãos estavam suadas e minha voz custou a sair. Eu estava tenso, mas precisava lhe falar. Eu parei diante dela e disse:

— Kelsey, tenho um último pedido a você antes de subirmos.

— E o que seria? Quer falar sobre os sentidos dos tigres ou talvez sobre tipos de macaco?

— Não. Quero que você me dê um beijo.

— O quê? Um beijo? Para quê? Você não acha que já me beijou o suficiente nesta viagem?

A Maldição do tigre - POV RenOnde histórias criam vida. Descubra agora