Kishan deixou a pista de dança irritado.
Kelsey e eu nos olhamos com ternura. Eu segurei suas mãos e as coloquei ao redor do meu pescoço, depois desci as minhas lentamente, passando-as por seu braço e pela lateral do seu corpo até chegarem à sua cintura. Tocar a pele dela era libertador. Tê-la em meus braços outra vez era como ser liberto do cativeiro.
Comecei a brincar com a pele macia dela, deslizando meu dedo em círculos na parte nua de suas costas. Depois a puxei para mais perto e aperte seu corpo contra o meu, sentindo seu calor, sua pulsação forte e seu cheiro doce. Nós dançávamos em silêncio, sentindo um ao outro de maneira muito intensa. Encostei minha testa na dela e fechei os olhos em uma súplica silenciosa. Encostei o nariz em sua orelha para fazer carinho. Depois, enterrei meu rosto nos cabelos soltos e perfumados dela, enquanto deslizava meus dedos em sua pele, sentindo seu calor e maciez.
A música terminou e nós paramos, olhando para o outro, contemplando-nos. Eu toquei seu rosto, traçando o desenho dos lábios com meu dedo. Ela tinha lábios perfeitos que se encaixavam nos meus, como se tivessem sido desenhados para mim. Os braços dela ainda envolviam meu pescoço, então eu os tirei dali, segurei sua mão e a guiei pela varanda até chegarmos àquela árvore que eu contemplará mais cedo. Paramos sob ela.
Kelsey estava calada e quieta, com a cabeça abaixada. Toquei seu queixo, fazendo com que ela olhasse em meus olhos.
— Kelsey, tem algo que eu preciso lhe dizer. Quero que você fique calada e ouça.
Ela concordou com a cabeça e eu continuei:
— Primeiro, quero que saiba que ouvi tudo o que você me disse na outra noite e que venho pensando muito seriamente em suas palavras. É importante que você compreenda isso.
Peguei uma mecha dos cabelos dela e prendi atrás da orelha. Então toquei seu rosto até os lábios e sorri. Sentir a pele de Kelsey era como remédio para a minha dor. Eu precisava dela por perto para me sentir completo.
— Kelsey — eu passei a mão pelos cabelos, ansioso, enquanto confessava — o fato é que... estou apaixonado por você... já faz algum tempo.
Ela respirou fundo. Seu rosto assumiu uma expressão angustiada. Eu peguei sua mão e brinquei com seus dedos, tentando disfarçar meu desespero.
— Não quero que você vá embora.
Comecei a beijar seus dedos, mantendo os olhos em seu rosto.
— Quero lhe dar uma coisa.
Tirei a tornozeleira do bolso e ofereci a ela.
— É uma tornozeleira. São muito populares aqui e escolhi esta para que nunca mais tenhamos que procurar um sino.
Eu me abaixei e segurei em sua panturrilha. Depois deslizei a mão até chegar no tornozelo, onde prendi a tornozeleira. Antes de me levantar, passei o dedo pelos sininhos ouvindo seu tilintar suave. Segurei os ombros de Kelsey e a puxei para um abraço. Fechei meus olhos e supliquei:
— Kells...por favor.
Comecei a beijar o rosto dela, suplicando desesperado que ela ficasse comigo, que não me deixasse. Minha boca encostou na dela e eu confessei:
— Preciso de você.
E a beijei.
Foi um beijo firme e desesperado, como a súplica de um homem implorando por sua vida. Ela aceitou meu beijo. Eu a aperte mais forte contra mim e sussurrei em seu ouvido:
— Por favor, não me abandone, priya. Não poderei viver sem você.
Ela olhou pra mim com os olhos molhados e tocou meu rosto. Então as lágrimas começaram a descer pelo rosto dela. Eu achei que ela iria ceder quando começou a falar:
— Você não vê, Ren? É exatamente por isso que tenho que ir. Você precisa saber que pode viver sem mim. Que existe mais na vida do que eu. Precisa conhecer este mundo que se abriu para você e saber que tem escolhas. Eu me recuso a ser a sua jaula.
Eu estava surpreso. Não era aquilo que eu esperava ouvir dela naquele momento. Kelsey respirou fundo e continuou:
— Eu poderia capturá-lo e mantê-lo preso, por puro egoísmo, a fim de satisfazer meus próprios desejos. Independentemente de você querer isso ou não, seria errado. Eu o ajudei para que você pudesse ser livre. Livre para ver e fazer todas as coisas que perdeu durante todos esses anos.
Sua mão deslizou do meu rosto a meu pescoço:
— Devo colocar uma coleira em você? Acorrentá-lo para que passe a vida ligado a mim por obrigação?
Ela balançou a cabeça negativamente e continuou:
— Sinto muito, Ren, mas não vou fazer isso com você. Não posso. Porque... eu também amo você.
Ela estava chorando muito. Então ela se ergueu e me beijou rapidamente, depois saiu correndo pra dentro do restaurante.
Fiquei ali parado, pensando no que acontecera. Lágrimas desceram pelo meu rosto. Voltei para o salão mas Kelsey não estava. Eles já tinham ido embora.
Fui para casa e deixei o jipe na garagem. Sai para caminhar e fiquei andando até que meu tempo se acabasse, então corri com tigre até estar cansado o suficiente para cair no sono.
Sonhei que eu era um tigre cativo, sozinho em uma jaula. Kelsey chegou e chamou por mim. Então eu me transformei em homem mas continuava cativo. Eu estava fraco demais para chamar por ela ou para sair daquela gaiola. Kelsey me viu e correu até a jaula. Ela segurou as minhas mãos depois se afastou e começou a desaparecer, até que sumiu completamente. Acordei sobressaltado. O sonho fora muito real.
Voltei pra casa e vi o tigre negro no alto da escada. Ele tinha uma expressão triste. Baixou a cabeça e entrou em seu quarto. Subi correndo as escadas e entrei no quarto de Kelsey. Ele estava vazio. Ela tinha partido.
Corri para a mata desesperado e rugi alto. Um rugido de dor e desespero.
Eu era cativo novamente.
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A Maldição do tigre - POV Ren
FanficA história da Maldição do Tigre, sob o ponto de vista do tigre branco, para quem sempre fica imaginando como Ren se sentia. Quase todos os diálogos são idênticos ao do livro original. Lembrando que esta fanfic é uma versão da história original, cuj...