12 - Speechless

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Capítulo 12 - Speechless

Min Yoongi's POV

— Você é estranha, você... argh! — As memórias invadem minha mente. Eu me lembro de quando a segui e ela, sem sequer olhar para trás, percebeu que eu estava ali. Depois, a vi observar enquanto eu quase matava o pai dela, sem mover um músculo para ajudá-lo. Agora, ela aparece na minha janela, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Isso me deixa profundamente perturbado. — Só sai da minha casa... por favor — murmuro, a voz falhando de leve.

Ela lança um olhar casual à carta desdobrada que eu estava lendo – a última do senhor Jung. Minhas mãos trêmulas a agarram rapidamente, dobrando-a de forma desajeitada e enfiando-a de volta no envelope, como se aquilo fosse a última coisa que eu pudesse proteger de verdade.

— É a carta do pai do Hoseok? Da nossa classe, que morreu? — Ela me olha de um jeito que me faz arrepiar, uma dúvida leve, mas cheia de certezas. Como ela sabe disso?! Não respondo nada. Apenas a observo, tentando controlar meu corpo. — Ah, estou certa, então.

Eu nunca senti medo de ninguém além do Gong Yoo, mas, por algum motivo, Dae me provoca um terror que me corrói por dentro. É um medo irracional, visceral, que me faz querer fugir. E o que mais me apavora é saber que ela sabe onde moro. Se ela contar ao Gong Yoo, eu sei que estou morto. E não só eu. Qualquer um que tenha algum vínculo comigo está condenado.

— Yoongi? — Ela se aproxima, e meu corpo reage antes de mim. Dou um passo para trás, quase tropeçando. O sorriso que ela dá em resposta é discreto, mas é suficiente para me fazer tremer ainda mais. Ela parece achar divertido ver o medo estampado no meu rosto. — Por que se afastou? — A pergunta dela é tranquila, mas meu coração dispara como se eu estivesse em perigo iminente.

Minha respiração fica curta. O ar parece não alcançar meus pulmões, e um suor frio começa a escorrer pelas minhas costas. Eu sinto minhas pernas fraquejarem, e minhas mãos tremem tanto que mal consigo movê-las. Outro ataque.

Me sento na cama, enterrando o rosto nas mãos. Estou completamente à mercê da crise, e o pânico me domina. Cada célula do meu corpo grita para que eu fuja, mas não consigo me mexer. Estou preso.

— Yoongi? — A voz dela soa distante, mesmo que esteja logo ao meu lado agora.

— Sai daqui, e-eu já disse! — As palavras saem cortadas, gaguejadas, e odeio isso. Odeio como meu corpo me trai em momentos como esse. Sinto a impotência me engolir, sufocando qualquer tentativa de controle.

— Quando você ficar bem, talvez eu pense se saio ou não — diz ela, completamente indiferente ao meu estado.

Eu agarro o travesseiro ao meu lado, apertando-o como se fosse um escudo, o único refúgio que me resta. Não consigo fazer nada além de fechar os olhos, esperando que o pior aconteça. Espero uma facada, um tiro, qualquer coisa que confirme meu medo, mas tudo o que ouço é o silêncio.

Abro os olhos lentamente, só para confirmar que ela se foi. O alívio que deveria vir não aparece. Ainda sinto o pânico corroendo meu estômago. Ainda sinto o medo. Abraço o travesseiro com mais força e me encolho em posição fetal. As lembranças começam a se infiltrar, e a linha entre o passado e o presente desaparece.

Eu me vejo com onze anos, saindo do hospital após o Gong Yoo ter quase me matado. Um mês se passou desde aquele dia. Fiquei na casa do Yugyeom por um tempo, mas o trauma havia me silenciado. Eu não falava. Não conseguia falar. A ideia de ter que explicar o que vi me deixava completamente apavorado.

— Yoongi, vem comigo. Eu preciso te levar a um lugar de que talvez você vai gostar — Yugyeom insistia. Eu aceitei, mesmo sem entender o motivo.

Yugyeom e Bambam me levaram de carro até uma casa grande e simples. Lá dentro, uma moça com um avental rosa nos recebeu com um sorriso largo.

— Esse é o Min Yoongi? — ela perguntou a Yugyeom. — Que fofinho! — Ela tentou segurar minha mão, mas eu a soltei imediatamente, me sentindo desconfortável.

— A gente assinou um contrato para você ficar por aqui enquanto tudo se estabiliza e você possa morar com Bohee. Pelo menos vão ter crianças para brincar contigo — disse Yugyeom, tentando soar otimista. Mas eu sabia o que estava por vir. O medo já começava a crescer em meu peito.

Bambam e Yugyeom entregaram minhas coisas para a mulher, e quando Yugyeom soltou meu abraço, foi como se o chão desaparecesse. Estava sozinho. Sozinho de novo.

— Quantos anos você tem, Yoongi? — perguntou ela, mas eu não conseguia responder. Só olhei para os dois, implorando silenciosamente para que não me deixassem ali.

— Onze — respondeu Bambam por mim. — O psiquiatra explicou que ele não vai conseguir falar por um tempo, graças a um trauma que sofreu. Explicamos tudo por e-mail, espero que leia com atenção.

Eles me deixaram lá. E foi naquele momento que percebi o que estava acontecendo. Eu estava em um orfanato. O pânico tomou conta de mim. Não conseguia respirar, não conseguia me mover. Fiquei paralisado.

Essa foi a primeira vez que tive um ataque de pânico. Estava sozinho no mundo, e a sensação de abandono era esmagadora.

Lá, conheci Park Jimin, o único que tentou me ajudar enquanto os outros garotos me faziam sofrer. Mas, mesmo com ele ao meu lado, o trauma me seguiu, e os ataques de pânico se tornaram parte da minha vida.

Yugyeom e Bambam voltaram dois meses depois, e quando Yugyeom me puxou para fora daquele lugar e me colocou na casa de Bohee, ao invés dele mesmo tomar conta de mim, foi a segunda vez que me senti traído. O abandono, as agressões que sofri no orfanato e a sensação de ser esquecido... tudo isso moldou quem eu sou agora.

Fecho os olhos novamente, tentando afastar as lembranças. Tento me ancorar ao presente, mas o passado é forte demais, e tudo o que consigo fazer é esperar que a crise passe.

Dae's POV

Eu percebo que o Yoongi realmente não queria que eu estivesse lá. Ele estava estranho, provavelmente lidando com aquelas complicações que o policial mencionou há algum tempo.

Não sei se foi certo deixá-lo sozinho, mas, se era isso que ele queria, preferi ir embora.

Ele não teria coragem de se matar. Acredito que o gatilho que causei foi suficiente para mantê-lo vivo — talvez até o faça voltar a querer matar meu pai.

É melhor assim.

Quando chego em casa, sou imediatamente recebida pelo olhar sombrio do meu pai, Gong.

— O que foi? — pergunto, tentando manter a calma.

— Você saiu de casa pela janela. Por acaso ouviu minhas conversas com o Bambam? — ele retruca, seus olhos estreitando com desconfiança.

— Vocês falam muito alto. Eu não sou surda — respondo com sarcasmo, embora meu estômago comece a se revirar.

— Para onde você foi? Não foi me entregar para desconhecidos, né?

Estou ferrada. Ele sabe.

— Não fui, só saí para tomar um ar — tento disfarçar, mas seu olhar já diz tudo. Ele sabe exatamente onde eu estive. Sabe que fui à casa do Yoongi, especialmente porque desapareci logo após eles discutirem sobre ele.

Antes que eu tenha tempo de reagir, ele me agarra pelos cabelos e me atira ao chão com força. Sinto a dor percorrer o corpo inteiro enquanto os chutes começam.

— Eu sei que você contou a ele! Ao Yoongi! Qual é o seu problema?! — ele grita, cuspindo sua fúria em mim. — Tenho nojo de ter você como filha, Dae! — ele berra com amargura.

Eu sinto o meu corpo inteiro doer, meu orgulho ferido.

— Vamos! Levante-se! Tente se defender de mim, se não quiser morrer. Não quero você ajudando ninguém a me prender, sua vadia!

— Eu não ajudei! — grito, levantando-me com dificuldade. O cansaço pesa nos meus membros, e já sei o que está por vir. Quando sinto que mais um golpe está prestes a acontecer, levanto os braços para proteger o rosto. Mas minha visão escurece de repente, e antes que qualquer coisa aconteça, perco os sentidos.

Revenge - Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora