Alana narrando.
A sensação de que você está presa no chão é quase caótica. Quando sua mente vagueia por lugares obscuros no qual você não tem como sair é pior ainda. Eu penso e repenso a mesma cena: O juiz concedendo a guarda da minha filha ao meu irmão. Acho que toda dor que eu tinha sentido até hoje não se compara a isso. É horrível quando algo que amamos é tirado de nós, e como inúteis não podemos fazer nada.
Tudo é tão turbulento. Eu estou confusa. Sobre mim, sobre a pessoa que me pediu em casamento, sobre meus amigos. O que eu vim fazer aqui? Eu só estou sofrendo sem parar. Eu nem lembro de momentos bons que tive desde que voltei, pois, estou ocupada sendo preenchida com coisas tristes e amargas.
Eu estava numa sala branca, novamente, sentada em uma cadeira de rodas, com os pés cravados na faixa de apoio. Minhas mãos grudadas com força no braço da cadeira. Eu estava conseguindo observar minhas mãos ficando esbranquiçadas, pois, com a força que eu estava fazendo eu sentia meu sangue não circular tanto nas mãos. Eu nunca tinha visto minha veia saltar tanto como naquele exato momento. De canto, observei uma mulher alta de jaleco olhando a prancheta. Minha prescrição.
— Licença. – Vi a sombra de Lorena entrando no quarto. A médica apenas assentiu com a cabeça e ela veio para perto de mim.
Mesmo com a visão turva eu conseguia ver seus olhos avermelhados. Ela parecia uma Lorena que a muito tempo não via. Aquela que sofria por um amor que demorou a ser correspondido. Tentei fixar meus olhos nela. Mesmo não tento a capacidade de me mover naquele momento, eu realmente queria ouvi-la.
— Alana, você precisa despertar. Você não pode ficar assim... Sua filha... – Ela abaixou a cabeça e colocou as mãos sobre meus joelhos. Senti suas mãos geladas. — Ela precisa da mãe e não do tio. – Levantou a cabeça para cravar seus olhos em mim novamente. — O Arthur precisa de você agora, eu preciso. Você tem que ser forte. Eu sei que essa história ruim vai chegar ao fim e você vai encontrar sua felicidade, mas você tem que lutar por isso.
— Lore... – Diego entrou na sala, arfando.
— O Arthur foi preso. Ele bateu no seu irmão e foi preso. – Eu senti meus olhos queimando e então senti a gota de lágrima escorrer pelas maçãs do meu rosto.
Eu perdi minha filha por incompetência minha e meus amigos estão pagando por isso? Eu acho que todos esperam que eu fuja disso. E eu realmente quero. Eu já tenho fugido de tudo ultimamente, de mim mesma, dos meus avós, dos amigos, e de Deus.
Deus, tantas vezes me ajudou a fazer tudo. Formou meu caráter, quem eu sou, devo a Ele. Se estou viva eu devo a Ele. Mas são tantas questões, tantas dúvidas. Eu sempre repudiei inseguranças, principalmente no que diz respeito a confiar, mas me pego sendo exatamente isso. Uma mulher insegura. Será que, talvez, Ele não tenha um plano maior? Ele mesmo me disse em um sonho: Confia em mim. E o que eu fiz? Corri para o outro lado.
Eu fui fraca. Eu nem lutei o suficiente pela minha filha, essa é a verdade. Apesar de Shawn ser um ótimo amigo, eu confiei mais nele do que em Deus, algo que eu não deveria fazer. Deus me disse: Maldito homem que confia no homem. Acho que só agora que meu mundo está indo abaixo que eu consigo perceber. A culpa é minha. Total e completamente minha.
Porém, não mais. Eu não vou deixar mais a depressão tomar conta de mim. Não vou jogar fora a oportunidade de virar o jogo. De finalmente remar para o lado certo. Eu fui tão covarde quanto Jonas quando desobedeceu a voz de Deus e estou pagando por isso, mas não mais. Agora eu espero ser como Jó que mesmo com tanta dor não culpou a Deus e confiou Nele até o fim.
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O preço de amar a Cristo
SpiritualO primeiro livro se chama "O preço de ser cristã". Leiam primeiro ele e depois aqui. Agora, de volta ao Brasil depois de alguns anos, Alana terá que enfrentar o desafio de conseguir o perdão de seus amigos, ela também vai experimentar mais uma vez...