Alana narrando.
Ele estava conversando com eles lá fora, apesar de eu estar presa num quarto horrível, sujo e quase sem saída eu conseguia reconhecer sua voz ao longe, apesar de não entender uma palavra do que diziam. Eu estava com fitas na minha boca – que me apertavam mais que tudo – e meus braços amarrados para trás enquanto eu estava sentada numa cadeira.
Quando eu ouvi alguns gritos e berros vindo de fora, eu só consegui me agitar. Foi pior quando a porta desse quarto imundo se abriu e Diego foi jogado perto de mim e um dos homens foi até ele, tirou seu celular e sua roupa, deixando-o apenas com a calça.
— Só espero que esse Arthur realmente tenha sua conta bancário, se não, os dois estão mortos. – O homem riu e saiu.
— Alana... – Diego não se importou com seu obvio machucado no braço e costas por ter sido jogado num chão sem piso, cheio de pedras.
Ele chegou perto de mim e ficou ajoelhado na minha frente, não pude deixar de sentir as lágrimas descerem pelo meu rosto. A preocupação dele estar ali, deixava meu coração apertado. Ele pegou nos meus braços com suas mãos e sua boca dizia algo, mas minha mente estava em parafuso, eu apenas vi seus lábios se mexerem.
— Você vai ficar bem. Eu não vou deixar você se machucar... – Foi o que eu ouvi, como um som distante.
Então ele tirou, lentamente, a fita da minha boca.
— Fala comigo – Ele segurou meu rosto com suas mãos e eu não consegui evitar de fechar os olhos por um instante. — Alana... – Abri meus olhos ao ouvir meu nome em sua boca.
Eu ainda não entendia bem o que ele dizia, mas o que eu ouvia parecia um coro celestial. Era tão bom estar com ele perto de mim. Apesar das circunstancias eu estava me sentindo segura.
Ele me desamarrou aos poucos, e com as mãos acariciava as marcas deixadas pela corda que brutalmente foram amarradas em mim.
O som foi ficando mais avido a cada minuto que passava então sua voz estava mais presente.
— Eu vou tirar a gente daqui ok? Mas eu preciso ouvir você dizer algo. – Ele deu uma pausa. — Você está pálida. – Mais uma caricia no meu rosto.
— Diego... – Ele me olha com ternura. — Porque você veio? Você não devia... – Respiro fundo. — Não devia ter vindo aqui – Um nó se formou em minha garganta e as palavras nem queria mais sair.
— Como eu poderia deixar você? Isso é culpa minha. – Ele me olhou e seu olhar só me dizia uma coisa: culpa.
Sim, ele estava se sentindo muito culpado nesse momento, mas eu sabia que não era assim. Eu já entendi que tinha algo haver com a Rebecca. Eles me contaram. Eu sei que ela mora com ele e foi para uma clínica de reabilitação e mais do que ninguém eu entendo o que é ficar dependente de algo que você não quer. No meu caso, eu vi e ouvi coisas que não eram reais e tive que precisar de tratamento intensivo.
Minha mente foi destruída naquela época e se não fosse por Deus e minha família eu não sei o que teria sido de mim.
— Segura minha mão. Olha para mim – Ele disse apertando minhas mãos, ele as envolveu, protegendo-as. — Você vai ficar bem.
— E você também... Você precisa ficar seguro.
— Eu vou ficar bem quando você estiver. – Ele diz, me olhando profundamente.
Eu não estava afim de saber da minha segurança ou do meu bem-estar, eu só queria saber se ele ia permanecer bem.
— Como vamos sair daqui? – Questiono.
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O preço de amar a Cristo
SpiritualO primeiro livro se chama "O preço de ser cristã". Leiam primeiro ele e depois aqui. Agora, de volta ao Brasil depois de alguns anos, Alana terá que enfrentar o desafio de conseguir o perdão de seus amigos, ela também vai experimentar mais uma vez...