Capítulo 02 - Eu vou ficar com você ❤

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Assim que sai do táxi, abri meu guarda-chuva amarelo, ajeito minha mochila - que já estava completamente surrada - nas costas e, na calçada da casa da minha avó, apenas observo as luzes completamente acesas e a chuva caindo bem forte fazendo qualquer som que poderia estar vindo de lá desaparecer completamente.

Eu mal podia esperar para rever aqueles três. Minha avó, que me deu tanto amor que eu acho que nem merecia tanto, meu avô que, apesar de ser ranzinza, sempre deixava chocolate em baixo do meu travesseiro e ela... Minha pequena.

Dei o primeiro passo em direção a porta e não consegui mais parar. A ansiedade que tomava meu coração na viagem de volta foi substituída pela felicidade de reencontrá-los depois de tanto tempo. Por dois anos, foram idas e vindas nas quais, eu apenas ficava por no máximo dois meses e depois voltava para ficar cinco fora. A saudade já não cabe em mim.

Na última missão, eu fui para uma pequena aldeia no Oriente Médio. Foi o encerramento dessa parte da minha vida, pelo menos, por enquanto. Deus tinha me dado uma ordem clara por aquele sonho e estou no caminho de obedecê-lo.

Quando cheguei a porta, coloquei a mão na maçaneta da porta antiga da casa dos meus avôs e respirei fundo aquele cheirinho de chuva molhando jardins, ou seja, o perfume das flores estava inebriante. A natureza é perfeita. Fazia tempo que eu não admirava uma chuvinha num fim de tarde.

Depois de ficar alguns segundos parada, girei a maçaneta - sabia que eles a deixariam aberta, mesmo que fosse pouca mais de dez da noite - quando abri, confetes explodiram sobre mim e gritos de alegria invadiram a sala. Pendurado de parede a parede um cartaz com os dizeres: "Bem-vinda de volta, Lana". Sorri no mesmo instante, era inevitável.

- Oh my God! - Não resisto dizer.

Eu tinha que usar inglês o tempo inteiro nas viagens, então, terminava misturando tudo na maior parte das vezes.

- Que saudade Lana - Disse Cecília com seu sotaque de Portugal, que eu tanto amava. Ela me abraçou forte, quase me tirando do chão.

Ela era robusta e loira - bem loira, por sinal - e tinha olhos azuis incríveis que quando realçados com alguma maquiagem, mesmo leve, ficavam perfeitos e a luz do sol eles brilhavam ainda mais. Eu a conheci no primeiro ano da universidade de administração, ficamos juntas no dormitório e ela sempre fez das minhas noites as mais divertidas.

- Eu também sentia muita sua falta Lia - Me aconcheguei ainda mais no seu abraço.

Depois que ela me soltou, meu olhar foi diretamente para minha avó, que já não segurava suas lágrimas. Veio gentilmente e me deu dois beijos na bochecha seguindo um abraço bem longo e confortável. Era como estar em casa nos braços dela. Seu cheiro de lavanda percorria minhas narinas não deixando eu me arrepender de voltar.

- Que bom que voltou. - Ela disse apenas isso, acariciando a parte de trás da minha cabeça, de leve.

- Eu também estou achando muito bom - Sorrio, sentindo as lágrimas ultrapassarem meus lábios.

Depois que ela me soltou, varri a sala procurando minha pequena e ela riu no mesmo instante.

- Ela estava com muito sono e seu avô a levou para o escritório, para contar uma história enquanto te esperava. - Minha avó disse. Sorri de imediato, deixando minha mala em qualquer lugar e correndo até eles no segundo andar.

Sem fazer muito barulho, abro a porta.

- Vovô? - Chamei-o baixo, mas sem resposta.

A cadeira dele estava virada para a parede que tinha uma grande janela de cima a baixo onde podíamos ver um pequeno lago no parque em frente. Quando chego mais perto, Maressa está encolhida no colo do avô com seus meigos olhos adormecidos e ele com o livro de histórias infantis ainda em mãos, mas com seus olhos fechados. Com a outra mão ele envolvia a pequena menina em seus braços.

O preço de amar a CristoOnde histórias criam vida. Descubra agora