Alana narrando.
Exatamente agora, são três da tarde.
Muitos por aí dizem que as três da manhã é a hora do demônio, hora dos mortos, hora do diabo. Falam que é quando os demônios estão mais "fortes" e estão por aí pelejando a favor deles mesmos.
Eu não duvido disso.
Meu irmão foi declarado morto às três da manhã, mais ou menos. Era madrugada quando tudo aquilo aconteceu, mas só depois de ser examinado no hospital ele foi declarado morto.
Estou com meu braço envolto no de Diego. A chuva cai sobre nossas cabeças, meu sobretudo estava totalmente cheio de pingos d'agua. Só não sabia se era mais minhas lágrimas ou a chuva que o Senhor nos mandou nesse dia.
O que Pablo fez da vida dele para, só ter Diego e eu aqui nesse enterro que me parece tão triste. Quer dizer, as pessoas que estão aqui só vieram por causa de mim e não para se compadecer da morte dele ou dizer que estão tristes por vê-lo em um caixão. As pessoas que estão aqui estou aqui para me consolar:
"Você vai conseguir passar por isso".
"Vai ficar tudo bem".
"Deve ter sido melhor assim".
Realmente. Acho que eles dizem a verdade quando falam essas coisas, entretanto eu não consigo deixar de sentir tamanha dor e profunda tristeza por meu irmão ter morrido sem salvação. Ele não vai se encontrar com o Senhor no Reino dos Céus como um dia eu sonhei para ele.
Um sonho lindo.
Uma ilusão perfeita.
Acho que o pior de tudo foi ter que contar a minha avó que meu irmão morreu por telefone e ver a quão desolada ela ficou. Ela nem pode vir aqui parar chorar. Eu tive que contar por telefone que o neto dela tem um filho e que se matou depois.
Preferi não contar sobre a Lili, acho que seria demais para o coração frágil dela e do meu avô. Só espero que Deus vá de encontro aos dois nesse instante e os faça feliz.
Apoiei minha cabeça no ombro de Diego, ainda caminhando para enterrar meu irmão.
Ele colocou sua cabeça sobre a minha e acariciou minha mão. Eu respirei fundo e apenas deixei que ele continuasse com seu carinho. Eu precisava disso mais do que tudo nesse instante.
Quando chegamos até lá. Os coveiros colocaram o caixão naquele buraco perfeito feito para ele. Ficava ao lado do tumulo dos meus pais. Eu sou a única daquela família pequena que sobrou. E por quê? Tudo isso é por amar a Cristo. Toda essa dor é por amar a Ele mais do que a mim mesma e aguentar tudo isso enfrentando o sentimento de morrer em vida para continuar perto Dele. Toda dor que eu passei, cada arranhão, cada vez que eu apanhei eu só pensei:
Eu sou tão miserável nessa terra. Uau. Eu só estou passando por isso para encontrar com um homem? Mas não é um homem qualquer, não é? Hum... Não, não é. Ele é a vida. Ele é o principio e o fim. Aquele que venceu a morte. Estrela da manhã, raiz de Davi. Meu salvador, pendurado em um madeiro, você me trouxe a redenção e me fez de novo.
Me desprendi de Diego por um instante e cheguei mais perto dele. Peguei a única rosa que eu colhi em nosso próprio jardim para poder trazer. Peguei uma da cor branca.
Paz.
É isso que eu desejo ao espirito dele.
Paz.
- Vamos embora? - Ele pega em minha mão. - É o suficiente.
- É. É o fim. - Entrelacei meus dedos ao dele e ele me afastei.
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O preço de amar a Cristo
SpiritualO primeiro livro se chama "O preço de ser cristã". Leiam primeiro ele e depois aqui. Agora, de volta ao Brasil depois de alguns anos, Alana terá que enfrentar o desafio de conseguir o perdão de seus amigos, ela também vai experimentar mais uma vez...