"Eu vejo-te sem ver"
• Dakota •
- Erik. - eu digo o seu nome num murmúrio.
- Dakota.
- O que me queres falar? - eu acabo por perguntar de forma impassível após uns momentos de silêncio.
- Queria, na verdade, pedir-te um favor. - ele responde olhando-me atentamente à espera que eu diga alguma coisa para ele prosseguir.
- Força, diz. - eu acabo por dizer após uns segundos e ele hesita.
- Eu não posso fazer exames médicos. Eles querem que eu faça por causa das provas. - ele explica e eu franzo as sobrancelhas perante o seu estranho e inesperado pedido.
- Aã suponho que... Bem se não queres, mas não acho que isso dependa de mim.
- Vais ser a próxima rainha. Tudo depende de ti. - ele diz num tom como se achasse que o seu assunto estava resolvido.
- Mas porquê é que não queres fazer os exames médicos? - eu acabo por perguntar, um pouco receosa da resposta.
- Eu apenas não quero. - ele responde com a cara indecifrável mas a olhar-me de forma intensa. Como se eu a partir dos seus olhos conseguisse saber o lhe vai na cabeça.
- Não estás...? não estás...? - eu pergunto gaguejando. Ele sorri fraco.
- Não, não estou doente. - ele adivinha o que eu queria perguntar e eu sorrio de leve, aliviada. Confio nele e nas suas razões porque ele não quer fazer os exames. Eu própria faria de tudo para não fazer exames médicos.
- Porque é que andaste a fugir de mim o dia todo? - ele pergunta com um sorriso divertido e inquiridor.
Eu sorrio um pouco envergonhada por ele ter percebido. Mas seria pior se ele não tivesse percebido. Quer dizer, daaa. Era óbvio que ele ia perceber... Ele é demasiado esperto.
- Eu andei bastante ocupada. Estive a tratar de muitos assuntos. - eu meio que arranjo uma desculpa. Ele, obviamente, não acreditou. No entanto, não insiste na questão.
- Como a pedir ao teu irmão para me ajudar nos treinos? - ele pergunta e eu faço uma careta, sorrindo.
- Precisas mesmo de ganhar. Tens de ganhar. És quem mais merece o lugar. - eu acabo por dizer e ele deixa de sorrir, olhando-me de forma indecifrável e impassível.
- Não sabes quem são os outros inscritos. - ele comenta continuando impassível.
- Não preciso de saber.
- Claro que precisas. - ele contrapõe e eu abano a cabeça.
- Não.
- Talvez não devesses ter tantas esperanças em mim. Não valho tanto. - ele acaba por dizer depois de uns momentos em silêncio.
- Claro que vales!
- Temo dizer que te vou desapontar bastante. - ele diz impassível. Não consigo ler-lhe a sua expressão. Porém, penso que ele deve estar a tentar esconder as suas emoções. Sim, é claro que ele está a fazer isso.
- Nunca poderias desapontar-me Erik. Es das melhores pessoas que eu já conheci. - eu argumento magoada por ele não conseguir ver isso.
- Tenho de ir. - ele acaba por dizer afastando-se e virando-me costas.
- Agora és tu que estás a fugir. - eu comento seguindo-o. Ele começa a andar mais rápido de forma a não deixar-me acompanhá-lo.
Decido que a única maneira de o fazer parar é usar a técnica de "eu sou a tua soberana e tu tens de me obedecer".
- Erik Solveignson! Ordeno que pares. - eu digo num tom autoritário e ele pára logo.
- Diz-me o que se passa. Podes confiar em mim. - eu digo agora num tom mais simpático e meigo tocando-lhe no braço e erguendo os meus olhos para ele. Ele, que é mais alto que eu 20 cm.
- Eu sei que posso. - ele acaba por dizer após olhar-me durante um 1 segundo, bem fundo nos meus olhos.
- Então conta-me. - eu encorajo-o
- Não posso. Sou egoísta e por isso não tenho coragem de te dizer. - ele acaba por explicar e consigo ver arrependimento. Pela forma como ele desvia imediatamente o olhar para o chão.
- Sua Alteza! Temos uma emergência, o Pai de Todos, ordenou imediatamente a sua presença no salão do trono. - uma guarda aparece do nada. Largo imediatamente o braço de Erik afastando-me e olhando para a mulher.
- Que tipo de emergência? - eu pergunto-lhe e ela abana a cabeça.
- Parece grave, Sua Alteza. - ela diz engolindo um seco.
- O que é que parece grave? - eu pergunto já com o coração acelerado. Mais problemas a caminho. Ótimo.
- A Sua Alteza tem de ir já. - ela ignora a minha questão olhando-me urgente.
- Princesa Eyja, tem de ir. - Erik pronuncia-se num tom sério e formal, de típico guarda, tocando-me de leve nas costas como forma de me fazer mexer.