Por mais que eu tentasse controlar meus pensamentos, não conseguia evitar as sensações que me causavam um arrepio que começado no estômago que se espalhava pelo meu corpo. Cada memória da noite me provocava um suspiro que me fazia respirar fundo. Dean estendeu a mão até minha coxa, apertando meus músculos doloridos por cima do vestido. Eu olhei pra ele e sorri, em seguida voltei a olhar pela janela do carro.
- Quer conversar sobre alguma coisa? - ele perguntou. - Você está particularmente quieta.
- Na verdade sim. - eu continuei olhando a paisagem. - Esta manhã no hotel, caso Julia não tivesse acordado, eu e Connor teríamos transado.
- E você não queria? - Dean parecia tranquilo quanto àquilo.
- Queria. - confessei, "e muito".
- Então qual é o problema? - ele me encarou.
- Esse é um trato nosso. Nós dois devemos nos divertir, senão perde o sentido, não? Ou melhor, nós quatro. Eu fiquei pensando em você e Julia dormindo alheios à tudo. - meu incômodo foi maior do que eu imaginava com a indiferença dele.
- Liv, a manhã seria uma extensão da noite. Não teria problema. - ele pegou na minha mão e a beijou carinhosamente. - Eu vi o quanto você gostou de Connor. Deveria ter aproveitado já que estávamos lá.
- Não quis fazer nada pelas suas costas. Isso me incomodou, Dean. Não sei se estou sendo clara o suficiente.
Ele chacoalhou a cabeça num gesto que não consegui decifrar por completo. Mas já que havíamos feito isso, considerei importante que algumas rédeas fossem puxadas neste começo. Isso só iria funcionar com honestidade, era o que sempre repetíamos um pro outro.
- Eu não quero, ok? - falei depois do breve silêncio.
- O quê? - ele manobrou o carro na nossa garagem e estacionou o carro.
- Que você transe com outra pessoa, mesmo Julia. Ou estamos juntos, ou nada acontece. Acha razoável? - perguntei já do lado de fora do carro, ele me encarou por sobre o capô.
- Liv. - ele suspirou.
- Dean. - algo em mim se retorceu. - Isso não é uma abertura do nosso casamento, isso é uma diversão para nós dois. Eu e você queríamos. Não dá permissão pra gente dormir com qualquer um por aí.
- Certo. - ele disse passando o braço pelo meu ombro para irmos ao elevador, eu o abracei pela cintura. - Não se preocupe, Liv. Eu amo você.
- Eu também te amo. - falei levantando o rosto para beijá-lo.
Aquilo me deu uma certa segurança.Eu e Dean conversamos muito sobre a fantasia de trocar casais. Nenhum de nós falou sobre simplesmente sair com terceiros. A princípio pensamos em frequentar clubes com a finalidade de uma experiência a quatro, mas a ideia de estarmos dividindo nossa intimidade com completos desconhecidos me travou um pouco. Pra mim este nível de relacionamento precisa de absoluta confiança, além, claro da atração. Mas como combinar as atrações de quatro pessoas?
Na minha cabeça, a imagem dele com outra mulher fez uma fagulha se acender em mim, e logo ela virou uma fogueira. As cenas que criei na minha imaginação eram tão excitantes que eu não conseguia sentir nada que se opusesse à possibilidade de ele transar com outra pessoa.
A maioria dos casais usa o sexo como artifício para melhorar seus relacionamentos. Uma pequena parcela dos casais usa sexo com outros. Não funciona assim pra todo mundo. Mas eu e Dean éramos este tipo de casal. Sexo pra nós sempre foi uma ponte para nossa conexão, quer estivéssemos brigados, tristes, magoados ou bem.
Esse foi o começo da abertura da minha mente para isso. Dean já havia me dito que fantasiava estar com outras mulheres, eu também imaginava estar com outros homens, mas dentro das nossas cabeças não havia os limites que encontrávamos fora delas.
Os limitantes não seriam os ciúmes, o medo da traição e o sentimento de estarmos dividindo os corpos que devotamos um ao outro nos últimos anos. Não era isso. Nossos limites eram especialmente a confiança e o desejo.
Precisávamos então encontrar um casal em quem pudéssemos confiar e que considerássemos atraentes. Com isso em mente, e todas as outras coisas que eu vinha alimentando no meu rico imaginário eu sabia que logo eu e Dean estaríamos realizando nossas fantasias.
Dean trabalhava com Connor há 3 anos no quartel de bombeiros da cidade. Sim, por falar em fantasia, eu vivia rodeada de homens que usavam uniformes e salvavam vidas, manuseando ferramentas pesadas. nada mal, certo?
Con e Julia faziam parte do nosso círculo social. Estávamos reunidos ao menos uma vez na semana, fosse em churrascos, jantares ou eventos como aniversários e festas. No aniversário de Julia fomos a um restaurante mais ou menos em dez pessoas.
Entre o jantar e a sobremesa ela foi ao terraço tomar um ar e a segui alguns minutos depois. Quando abri a porta para o ar livre, vi que Connor a tinha prensada contra a parede, com suas pernas longilíneas cruzadas atrás de sua bunda, e ele se movia investindo seu corpo dentro do dela. Julia gemia de uma forma tão gostosa que meu corpo se amorteceu.
Em vez de fechar a porta e dar a eles a privacidade merecida, eu fiquei ali parada, hipnotizada pela cena dos dois entregues a um desejo que não soube esperar um quarto pra ser libertado.
Senti meu corpo inteiro queimando, eu não conseguia desviar da cena e Julia abriu os olhos no meio de um movimento de Connor que parecia ter roubado a cor das suas bochechas. Ela até soltou um palavrão meio misturado ao ar que saiu forçado de dentro dela. O olhar negro de Julia se fixou no meu. Fiquei tão vermelha quanto podia, muito envergonhada. Ela sorriu pra mim e li seus lábios dizendo "fique". Meu interior se revirou e ela permaneceu me encarando, apreciando a plateia ávida que eu formei até que os dois gozassem violentamente.
Escutei a voz de Dean me chamar no pé da escada e fechei a porta, descendo ao seu encontro, completamente exasperada. Eu tinha acabado de achar o casal com quem eu gostaria de dividir minha intimidade. Quando Dean me perguntou por que eu parecia tão agitada eu sorri maliciosamente.
- O que você acha de Julia? - perguntei com a voz embargada pela boca seca de desejo e ele não respondeu, só apertou minha mão.
Logo após voltarmos ao redor da mesa para cortar o bolo, Julia me trouxe um pedaço cuidadosamente e me sorri com cumplicidade. Quando a abracei para reforçar os parabéns ela disse em meu ouvido.
- Acho que podemos nos divertir. Nós quatro. O que acha? - ela piscou.
Fiz um sim com a cabeça.
A partir de então, conversamos muito pouco sobre como as coisas seriam. Só sabíamos que tinha que ser em um lugar neutro, como o hotel onde comecei a contar essa história e que absolutamente ninguém além de nós poderia saber sobre aquilo. Confiança? Checado. Atração? Mais do que checado.
"Nós quatro.". A voz de Julia ficou ecoando na minha mente até aquele momento em que Dean se despiu pra ela.Com Dean na volta para casa o que eu quis reforçar foi justamente isso. Nada de diversão a dois que não fosse com seu próprio parceiro. Confiança? Checado. Atração? (Em níveis que poderiam explodir minha mente) Checado.
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Os 4
Short StoryQuando Olivia e Dean decidiram apimentar a relação com uma troca de casais não poderiam imaginar que estariam abrindo seu mundo para muito mais do que só prazer. Venha se apaixonar pela história de 4 pessoas com os destinos traçados da forma mais su...