Capítulo 9

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  Elizabeth comemorou seu aniversário fazendo uma festa em sua casa. Felizmente foi numa data onde quase todos nossos amigos puderam ir, porém não estávamos tão à vontade como sempre pela presença de outras pessoas de sua família.
Eu estava em um canto da sala tomando uma taça de espumante quando escutei a voz de Connor. Instintivamente me virei para a porta. Fazia praticamente um mês que eu não o via e foi como se eu não conseguisse deixar de observar cada pedaço dele. O cabelo loiro estava ainda mais curto. Talvez eu não me lembrasse direito de seu tamanho, mas ele parecia ainda maior, mais musculoso, ou talvez fosse a camisa e a calça, que marcavam mais seu corpo, que me deram essa impressão. Minha boca ficou seca e eu dei uma respirada mais profunda. Cada fibra do meu corpo se enrijeceu e quando olhei pro lado vi Dean me analisando atentamente. Meus olhos desviaram e eu pedi licença às pessoas que estavam no meu caminho para a porta francesa que dava para a piscina.
Me sentei em uma das cadeiras do mobiliário ao redor da piscina, terminei o espumante em um gole e respirei a brisa noturna rezando para que a noite passasse rápido. Olhei para dentro da sala pelo vidro e vi Julia cumprimentando Dean, ele apontou para minha direção e ela logo veio me encontrar. Trocamos alguns comentários sobre a festa e frivolidades até que ela me levasse para dentro para pegarmos bebidas. Estar no mesmo ambiente que Connor era mais difícil do que eu havia previsto. Eu me pegava buscando-o repetidamente com o olhar no meio das pessoas.
Dean estava animado e exagerando no uísque junto com Edgar. Me aproximei dele incerta que ele tivesse algum controle sobre seu estado alcoólico.
- Aí está a garota mais bonita da festa. - ele disse me puxando rapidamente para perto.
- D, por favor coma alguma coisa. - pedi falando meio baixo em seu ouvido.
- Está tudo bem. - ele disse desdenhando meu conselho.
- Vamos embora, por favor. - falei puxando sua mão e ele se soltou.
- É uma festa, Liv. Relaxe. - ele falou decidido num tom que beirava a grosseria.
Elizabeth percebeu a tensão e me pediu ajuda com as sobremesas, fui com ela até a cozinha, depois que arrumamos tudo avisei que iria ao banheiro.
Assim que coloquei o pé no primeiro degrau da escada vi Connor vindo pelo corredor em minha direção. A luz o iluminou por trás e apesar de não ver seu rosto, sua silhueta era indefectível. Eu pensei em subir correndo para escapar do inevitável encontro com ele, mas meu corpo me traiu, me mantendo exatamente no lugar, esperando ele chegar.
Ele parou na minha frente, me encarando na penumbra e eu podia escutar sua respiração meio acelerada, combinando com a minha.
- Olivia. - a voz dele cortou o silêncio e eu dei um passo atrás. - Não queria que se escondesse de mim. Ou evitasse as coisas que você gosta por minha causa.
- O problema, Connor, é que você é uma das coisas que eu gosto. - falei sentindo um incômodo crescente. - Mas eu acho que gosto além do que deveria. E isso é ruim.
- Liv. - ele deu um passo a mais na minha direção.
- Connor, eu não consegui separar meus sentimentos do sexo. Achei que conseguiria mas não posso ficar perto de você. Eu não consigo...
- Respirar. - ele me interrompeu. - Eu não consigo respirar perto de você. Eu estou constantemente tentando não pensar no seu corpo, seu beijo, nos seus gemidos. Mas meu corpo sente falta de você. Foi o melhor sexo da minha vida. Mas não foi só isso.
Minha cabeça me dizia pra sair dali. Mas eu só conseguia procurar os olhos dele na escuridão.
- Connor, por favor. - resisti inutilmente. Minha única ideia era pular sobre ele ali mesmo.
- É uma ilusão, sabe? Temos a luxúria à disposição, mas o que aconteceu entre eu e você é o que me alucina de verdade. Eu sei que você ama Dean. Pode ficar com ele, eu não ligo. Eu só quero você. - ele deu mais um passo e eu não tinha mais pra onde ir. - Me contento com o que você quiser me dar. Desde que deixe eu te tocar. Preciso sentir você.
Eu o puxei pelos braços e beijei sua boca completamente ciente de que estava fazendo a pior escolha daquele momento. Eu gostaria de conhecer uma só pessoa capaz de olhar a paixão nos olhos e mandá-la embora friamente. Meu desejo por Connor era cruel e implacável.
Nem Dean, nem outro homem que eu tive na vida foi capaz de me fazer sentir daquela forma.
O desejo é como um animal faminto e ele se alimenta rapidamente e dorme. Mas a paixão é resiliente, mesmo sem ser alimentada aguarda pacientemente qualquer migalha. Con despertou as duas coisas em mim além do meu melhor juízo.
Minha paixão por ele quebrou todas suas correntes naquela hora e praticamente explodiu em mim. Eu o beijei como se tomasse o mais delicioso gosto em sua saliva.
Connor me abraçou e eu o empurrei quando ouvi o barulho da porta. Me contive no nervosismo quando Dean veio pelo corredor e olhou para nós dois. Ele me lançou um olhar desconfiado e não disfarcei a culpa.
- Vamos embora. - ele disse sério e meio aturdido pelo álcool e pelo ciúme.
Eu desviei de Connor e vi Dean lançando pra ele um olhar de fúria. Parecia que a forma leve de Dean enxergar meu desejo por Con tinha desaparecido por completo.
No caminho de casa eu dirigi tensa. Dean estava nervoso e eu não queria cutucar seu juízo, ainda mais sabendo que ele estava meio bêbado.
Chegamos em casa e me troquei. Ele entrou no chuveiro frio enquanto fui para a cozinha tomar água.
Mexia no meu telefone quando Dean entrou na cozinha. Ele me deu um beijo e sorriu pra mim de um jeito lascivo. Me virei para tomar mais um gole de água e ele mexeu no meu celular.
- O que está fazendo? - perguntei meio irritada.
- Nada. Por quê? Tem algo que eu não possa ver aqui? - ele falou ironicamente como se soubesse que eu escondia algo.
Ah, o ciúme. Eu realmente achei que Dean tivesse deixado o seu ir embora com a água do banho. Eu não poderia estar mais enganada.
- Nada. Mas você pode perguntar antes. - falei ofendida e tomei o celular da mão dele.
Ele me abraçou pelas costas e se friccionou em mim. Eu senti meu corpo responder a ele, umedecendo o meio das minhas pernas. Mas minha cabeça não gostava de quem ele era naquele momento.
- Vocês estão trepando, Liv? Estão transando na nossa cama? - ele falou no meu ouvido apertando meus seios dentro da minha blusa, me segurando forte pelas costas.
- D, pare, por favor. Não estou dormindo com ele.
Ele me virou de frente e me beijou mordendo meu lábio inferior com força. Entendi que ele estava inseguro e como sempre nossa melhor forma de conexão era o sexo.
Eu somente baixei sua calça do pijama e ele foi me beijando até me deitar no chão. Dean puxou meus shorts e entrou em mim com força. Procurei beijá-lo mas ele flexionou os braços mantendo o tronco distante de mim e prendendo meus braços pro alto. Ele uniu seu corpo ao meu só pelos nossos quadris, se enfiando em mim violentamente.
- D, por favor. - falei alto e tentei soltar os braços. Ele tinha os olhos nebulosos de raiva e me segurou com mais força.
- É assim que ele faz? É com força que você gosta? - ele realmente não estava ali de forma consciente.
- Dean, olhe pra mim, por favor. - pedi tentando fazê-lo sair do transe que sua cabeça preparou. Ele continuou e eu não o parei, mas senti as lágrimas caindo dos meus olhos. Quando terminou ele jogou o corpo pro lado e me encolhi chorando.
- Desculpa, Liv. Por favor, desculpa. - ele rolou no chão para me abraçar e eu o empurrei. Me levantei com o rosto lavado em lágrimas.
- O que aconteceu com a gente? - foi só o que consegui dizer.  

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