Não é que eu fosse incapaz de reconhecer a violência do ciúme de Dean. Pelo contrário. Ele me assustou muito, especialmente porque eu nunca tinha visto esta face dele. Mas eu precisei reavaliar as nossas decisões como casal e entender que não estávamos prontos para o envolvimento que tivemos com Connor e Julia. Eu sentia muita culpa. Achava que era responsável pelo surto de Dean em algum nível, já que tinha cedido em gostar e estar com outro homem.
Até agora estava claro que a parte física não era o problema. Sentir prazer com outras pessoas era excitante para nós dois. Nossos problemas começaram com a traição da confiança. E nisso eu tinha mais culpa do que Dean.
Não consegui dormir com ele naquela noite, me sentindo magoada e infeliz com a forma que ele agiu, mesmo que suas suspeitas tivessem fundamento. As cenas do nosso casamento passavam na tela da televisão e eu tentava reconhecer aqueles dois noivos sorridentes nas pessoas que éramos naquele momento. Todas as vezes que eu e Dean brigávamos eu assistia o vídeo. Era minha forma de resgatar nosso amor quando as coisas ficavam difíceis e me lembrar da nossa essência.
Adormeci no sofá e só acordei quando Dean se sentou no chão ao meu lado. Abri os olhos inchados vagarosamente.
- Se você me disser que acabou eu vou entender. Se disser que nunca mais quer me ver eu provavelmente mereço. Mas eu não sou assim, você me conhece.
Eu não sabia se ainda o conhecia. Eu pensei muito no que Julia disse, sobre eu e Dean sermos um casal apaixonado. Nossa sintonia sempre foi boa, mas estávamos enfrentando uma crise onde ele tinha virado um lunático obcecado com traição e eu vulnerável a ponto de me apaixonar pelo primeiro homem que me deu carinho.
Meu coração doía ao lembrar de como ele se aprorpiou de mim, como me tratou com posse e objetificação. Dean estava ali dizendo que entenderia se eu quisesse acabar com tudo e eu não tinha parado pra pensar em como seria minha vida sem ele.
Eu sempre achei que as pessoas não devem ficar num relacionamento que não as satisfaz. Sempre achei que eu fosse o tipo de pessoa que facilmente pegaria uma mala e iria embora quando não estivesse mais feliz.
Mas se você tem um relacionamento, recomendo que tente imaginar hoje como seria se tudo acabasse. Como seria acordar sem ele ao seu lado amanhã? Você seria uma dessas pessoas que simplesmente segue em frente?
Eu não era.
Olhei nos olhos arrependidos de Dean. Atrás dele, as imagens que passavam repetidamente na tela desde a madrugada ainda estavam ali, eu e ele dançando nossa primeira dança como casados. Eu respirei fundo, e o vi se amedrontar.
Após meu longo silêncio, ele provavelmente tinha certeza que eu concordaria em mandá-lo embora.
O puxei para o meio dos meus braços e apertei seu corpo com força. Aquele deve ter sido o abraço mais sincero que eu já dei em Dean. É fácil estar próximo e amar alguém que nos faz feliz. Mas abraçar e amar alguém que você passou a odiar um pouco é realmente um exercício de honestidade.
- Por favor me perdoe. - ele falou no meu ouvido. - Eu estou perdendo você?
Eu tinha medo de como me sentia absolutamente confusa, mas eu não queria ficar sem Dean.
- D, eu acho que nós dois nos perdemos um pouco. - minha voz era um fio. - Eu quero achar você em tudo isso, e por favor, me encontre.
Ele me encarou entendendo que aquela era uma segunda chance para nós dois e nos beijamos longa e carinhosamente.
Eu jurei pra mim mesma esquecer Connor arrancá-lo da minha cabeça nem que fosse à força. Seria uma tarefa difícil, mas era Dean ou nada.Encontrei Julia e Elizabeth para jantar num restaurante durante a semana. A prerrogativa era sempre a mesma. Comer, tomar bons drinks e falar do trabalho extenuante dos nossos maridos. Este último assunto eu fiz questão de deixar no campo profissional, sem perguntar muito sobre Connor. Julia também pareceu preferir deixar este assunto de lado.
Depois que terminamos o jantar Julia insistiu que fôssemos a um bar juntas. A ideia de aproveitar um pouco mais a noite me agradou. Eu precisava descarregar a tensão dos últimos dias e Dean estava em mais um plantão noturno.
Elizabeth declinou e entrou no primeiro táxi que viu na rua, alegando que éramos péssimas influências.
Julia chamava atenção por onde passava. Dentro do bar não tinha um homem, ou mesmo algumas mulheres, que não a olhassem com um mínimo de curiosidade. Ela tinha completa ciência disso e se divertia recusando quem ousasse se aproximar dela, apesar de tomarmos alguns drinks de graça enviados por seus admiradores.
Eu me sentei num dos bancos em frente ao balcão, tirando o cabelo que grudava no suor do pescoço. Chacoalhei o tecido da regata tentando fazer o ar forçado diminuir meu calor e sorri por barman, que me trouxe uma dose de gin tônica e dei dois goles seguidos, olhando para onde Julia dançava. Ela estava se movendo sensualmente com um rapaz que a olhava hipnotizado.
Ri para a cena, ela realmente se regozijava em deixar todos a seu redor caídos a seus pés. A vi perder seus olhos na multidão e lançar um sorriso inacreditavelmente lindo na direção da porta. Minha mão amorteceu e o copo que eu segurava caiu no chão quando vi Connor entrando no bar.
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Os 4
Short StoryQuando Olivia e Dean decidiram apimentar a relação com uma troca de casais não poderiam imaginar que estariam abrindo seu mundo para muito mais do que só prazer. Venha se apaixonar pela história de 4 pessoas com os destinos traçados da forma mais su...