Capítulo 4

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  Meu corpo demorou uns dias para se recuperar daquela noite, embora minha cabeça, eu temia, não fosse se recuperar nem em mil anos. Isso não era algo ruim. Pelo contrário, foi tão fodidamente bom que era impossível não pensar, relembrar, desejar que se repetisse. Por várias vezes durante a semana, no trabalho, me peguei revivendo tudo e tendo que segurar o fôlego que insistia em ficar ofegante. Eu e Dean transamos algumas vezes, buscando saciar a necessidade física implacável que herdamos das nossas lembranças.
Não foi algo mecânico, pelo contrário, nos aproximamos mais e nos dedicamos mais o tempo de explorar nossos corpos. Mas a lacuna não parecia preenchida corretamente.
Iríamos encontrar nosso grupo de amigos no sábado para um churrasco, exatamente uma semana após nossa noite, na casa de Julia e Connor. Embora Dean e Con já tivessem se visto todos os dias no quartel, era a primeira vez que estaríamos todos no mesmo ambiente. Eu temia alguma estranheza entre nós, mas Dean me assegurou que as coisas estavam mais do que normais entre eles.
A casa dos dois era térrea com um quintal grande nos fundos, cercado por um muro alto em madeira e folhagens e bem iluminado. Havíamos estado lá algumas vezes naquele ano, mas quando abriu a porta Julia tinha um sorriso diferente. Ela me abraçou e entramos até a cozinha, para terminar de fazer os drinks. Dean a cumprimentou rapidamente e foi para fora sob nossos olhares.
- Dean tem um traseiro maravilhoso. - ela disse após ele fechar a porta. Eu ri e ela suspirou.
- Estou meio aliviada, Jules. - confessei.
- O que foi? - ela perguntou com estranheza.
- Achei que não conseguiria relaxar na presença de vocês. Algo em mim estava muito receoso.
- Liv, tome um ou dois copos desse ponche que juro que você vai relaxar. Elizabeth que fez, queima como o fogo do inferno. - ela riu me dando um copo.
- Acho bom já ir me acostumando então. Não tem como eu ir pro céu. - dei um gole generoso depois de rirmos.
Connor entrou na cozinha e me cumprimentou com um beijo na bochecha. A visão dele me causou uma pontada no estômago, mas eu engoli de volta o suspiro que estava no meu peito e fomos para fora depois de arrumar os copos e a jarra de ponche.
Me sentei no sofá da mobília de jardim ao lado de Dean. Estava calor e eu usava apenas um vestido curto e ele pousou uma mão na minha coxa e passou o outro braço ao meu redor. Rimos da piada que Nolan acabara de contar e percebi Julia observar a mão de Dean em mim, sem rir de piada nenhuma. Tive certeza que ela também passou a semana fissurada em flashes de um outro fim de semana.
A maioria dos assuntos era sobre o quartel entre os cinco homens, isso fez com que as garotas se reunissem na mesa mais ao fundo do jardim. Comi pouco, mas depois do segundo copo o ponche não parecia mais tão forte. Logo estávamos rindo alto e provocando as reclamações fajutas dos maridos ali próximos.
Elizabeth e Jade se ocupavam em fazer um ranking dos garotos, baseado em seus tempos de exercício no quartel. Quaisquer que fossem os critérios havia sempre um empate técnico entre Dean e Connor.
- Não adianta. A sorte está do lado de Julia e Olivia. É desanimador. - Jade concluiu olhando para Edgar na roda masculina. - Alguma de vocês gostaria de trocar comigo?
Nessa hora engasguei com o ponche e Julia caiu na risada.
- Não troco, mas empresto Connor quando você quiser. - Julia brincou e me olhou divertida.
Olhei na direção da churrasqueira e observei Connor. Ele estava sentado numa das cadeiras de ferro, com um dos pés sobre o assento e o braço da mão que segurava a cerveja apoiado no joelho. Sua calça jeans marcava a linha entre o quadril e a cintura debaixo da camiseta branca. Demorei um tempo olhando pra ele até que ele saísse do estado pensativo e encontrasse meus olhos quase como num choque. Da última vez que o vi sentado relaxado assim eu estava prestes a cavalgar nele insanamente. Esse pensamento colocou um leve sorriso no meu rosto.
Desviei minha atenção para a história que Liz contava e olhei discretamente para Dean, que falava animado com Nolan e Edgar.
O calor e o álcool me fizeram precisar do banheiro, e entrei na casa sozinha. O banheiro ficava no fim do corredor, próximo ao quarto de casal, e me detive um tempo olhando para a cama dos dois, suas fotos nas mesas de cabeceira e chacoalhei a cabeça. Eu e o álcool éramos uma combinação perigosa e minha imaginação já flutuou para longe. Entrei no banheiro dando risada de mim mesma. Lavei o rosto e o pescoço, então arrumei o cabelo num rabo de cavalo.
Eu apaguei a luz e abri a porta do banheiro, o corredor estava igualmente escuro e quando comecei a caminhar de volta pra a saída um braço passou por minha cintura e me puxou para o quarto, me encostando na parede. Senti a mão segurando meus braços pro alto e a boca beijando minha nuca, com a língua passeando pelo começo das minhas costas e de ponta a ponta nos meus ombros. Aquela imobilização me despertou uma excitação instantânea e pressionei o corpo para trás, encostando nele.
Eu conheci as mãos de Dean me segurando, seu jeito de beijar minha pele e até mesmo a língua que me molhou as costas. Mas o ambiente cheirava a Connor e isso me deixou praticamente louca de desejo.
- Estou com muito tesão, Liv. - sua voz quase não saiu. Eu senti minha lubrificação crescer. Chamei seu nome enquanto ele me beijava as costas e acariciava meus seios.
Ele levantou meu vestido e deu um tapa na minha bunda, puxando minha calcinha pra baixo e colocando os dedos dentro de mim. Eu suspirei me esfregando nele.
Dean me desencostou da parede e me dobrou sobre a cama. Se debruçou em mim lambendo minhas costas e virei a cabeça pro lado para que nossas línguas se encostassem num quase beijo com metades das nossas bocas.
Eu ouvi o zíper de Dean se abrindo e senti meu sexo se contraindo na antecipação de recebê-lo. Estiquei as mãos sobre a cama e agarrei o lençol, foi quando o cheiro de Connor invadiu meu nariz, me causando um tremor gostoso. Afundei o rosto no algodão e puxei o ar com força enquanto Dean entrou de uma vez, me fazendo até erguer os pés do chão. Ele se movia rápido, com pressa e segurando meus quadris contra si, de modo a entrar fundo em mim.
A vodca, Dean e minha imaginação fizeram com que eu sentisse cada centímetro dele, até as coxas encontrando a parte traseira das minhas, os dedos apertando minha bunda e suas arfadas da respiração acerelerada. Minha excitação o escorregava pra dentro de mim enquanto meus músculos pareciam não querer deixá-lo sair. Apoiei as mãos no colchão e levantei a cabeça, arqueando o corpo para trás para dar vazão aos meus gemidos. Por mais que estivesse extremamente bom eu demorei para relaxar.
Ele não conseguiu se esperar muito mais e gozou antes de mim, deixando o corpo cair sobre o meu na cama. Caímos os dois.
- Sinto muito, querida. - ele sussurrou me fazendo respirar seu ar novamente. Minha cabeça girou levemente. Assim como eu não estava ali com ele, vi que não era comigo que ele estava transando.
- Está tudo bem, querido. - falei honestamente. Já tinha acontecido outras vezes e os homens não entendem que não é o fim do mundo.
- Estou muito excitado. - ele dava leves beijos em meu pescoço.
- D, estamos meio ou completamente bêbados. Podemos repetir isso, mais tarde. - falei com a voz abafada e meio sufocada pelo peso dele sobre mim.
Ele somente grunhiu concordando.
- Você o quer? - Dean perguntou se levantando e também saí da cama, passando as mãos sobre ela para alisar os lençóis. Escolhi não responder seu questionamento.
Não queria que meu desejo ficasse condicionado a Connor ou que Dean se achasse insuficiente. O que eu sentia por Connor era um tesão absurdo e louco. Ele me deu um tipo de prazer que eu não tive com ninguém, era somente natural que eu o desejasse.
Dean sentia o mesmo por Julia. Ela era sexy, sendo professora de dança seu corpo era todo tonificado e bem proporcionado, além de tudo ela tinha uma beleza delicada e movimentos graciosos. Eu sabia que ela enlouquecia Dean simplesmente por respirar.
Fui novamente ao banheiro, quando saí Dean estava me olhando fixamente. Eu suspirei, eu sabia que quando não me fazia gozar ele ficava com ideias fixas na cabeça, meio culpado. Ele seria capaz de chamar a festa toda pra ir pra cama comigo para amenizar sua consciência.
- Nós dois bebemos demais, D. Está tudo bem, vamos pra fora, por favor. - pedi quase o arrastando. Ele me deu um beijo, me encostando na parede, e eu o abracei.
- Você quer Connor, Liv? - ele sussurrou pressionando meus quadris com os dele.
- Eles são incríveis, Dean. Mas nós também somos. - falei beijando sua boca demoradamente.
Quando voltamos a andar vi que Julia nos observava da cozinha, mexendo em qualquer coisa na geladeira.
- Tudo bem com vocês? - ela perguntou analisando nossas expressões. Dean piscou pra ela e foi pra fora, eu peguei um copo de água. - Vocês estavam demorando.
- Sem perguntas, por favor. Eu não vou conseguir mentir pra você, mas também não quero te contar. - sorri e bebi o restante do copo. - Elizabeth não fez um ponche, ela fez um atentado líquido. Estou completamente tonta.
- Totalmente. - ela riu e pensou um pouco. - Eu ouvi uma parte de sua conversa com Dean. Também estamos pensando direto em vocês enquanto fazemos. Connor fica duro só em falar seu nome. É completamente normal. Liv, sabe o que aconteceu enquanto eu tomava banho, aquele dia? - ela falou baixo. Fiquei feliz por não ser a única a repassar repetidamente "aquele dia" na cabeça. Fiz um sim com a cabeça.
- Sim, Jules. Eu fiquei com os dois. - julguei Dean por sua disposição a divertir-se a dois, mas tinha esquecido que me diverti a três sem nenhum pingo de culpa.
- Você acha que eu poderia? Na verdade não quero te excluir, só quero...
- Claro. - eu a interrompi em parte porque me senti hipócrita e em outra parte porque nem a água e nem o suor conseguiram aplacar o efeito do ponche bomba em mim.
- Hoje? - ela me olhou meio indecisa e meio sorridente. Levantei as sobrancelhas.
- Se você acha que sim, por mim tudo bem. - concordei e ela se aproximou de mim. Achei q fosse falar algo mais baixo mas ela colocou as mãos ao redor do meu rosto e me beijou a boca docemente.  

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