Capítulo 14

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Corri até o quarto para me preparar para uma noite com James.— Com colar ou sem colar?, perguntei para Petros quando ele apareceu no meu quarto, lindo de morrer. Com seu smoking novinho, ele parecia ao mesmo tempo um cavalheiro e um aventureiro, e estava
seguro de que atrairia muita atenção.
— Humm. Petros inclinou a cabeça e analisou meu visual. —Me deixe ver de novo. Era evidente que a situação de faze-lo fixar os olhos em mim, dessa forma o deixava desconfortável. E além do mais, estava na cara que Petros não entendida absolutamente nada, sobre combinações de acessórios.
Levantei a gargantilha de ouro até o pescoço. O vestido que minha mãe havia desenhado milimetricamente para mim era de um prata- champagne, e parecia ter sido desenhado para ser usado por uma deusa grega. Era de alças firmes, com cinco centímetros de largura. Com um decote bem cavado, justo até o quadril e com uma abertura que começava no alto da coxa.
Nas costas não havia nada além de um cordão de pedraria ligando um lado a outro. Em outras palavras, minhas costas estavam nuas desde a base da coluna, em um enorme
decote U.
— Esqueça o colar. — Eu estava pensando em brincos de ouro com pingentes, mas agora acho
melhor argolas de diamantes. As maiores que você tiver.- disse minha irmã, entrando no quarto.— Quê? Sério? Enruguei a testa diante do nosso reflexo no espelho, atenta a seus movimentos enquanto ela ia até o porta-joias e começava a procurar algo lá dentro.
— Esta aqui. Ela levou os brincos até mim, as argolas de mais de cinco centímetros que minha avó me deu quando fiz vinte e um anos. — Confie em mim, Blair. Experimente.
Ela estava certa. Os brincos produziam um efeito bem diferente da gargantilha de ouro — menos glamour e mais sensualidade. Além disso, combinavam com a tornozeleira de diamantes da minha
perna direita, que eu nunca mais veria da mesma forma depois do comentário de James. Com meus cabelos caindo sobre o rosto como uma cachoeira de cachos grossos e deliberadamente caóticos, parecia que eu tinha acabado de transar, uma impressão que só era reforçada pela maquiagem esfumaçada dos
olhos e os lábios brilhantes.
— O que seria de mim sem você, Brooklyn Wolf?
Mana  — ela pôs a mão sobre meus ombros e apertou seu rosto contra o meu — isso você nunca vai saber.
— Você está linda, aliás.
— Não estou? Ela piscou para mim e deu um passo atrás, exibindo-se.Ela usava um vestido, também desenhado por nossa mãe. Ele era preto, rendado. Com um inocente decote, um tanto justo nos quadris, emoldurando seu lindo corpo. Voltei meus olhos para Petros, que aproveitava uma brecha no espelho para ajeitar seu perfeito topete.
À sua maneira, Petros era um duro concorrente para James... em termos de aparência, é claro. Petros tinha feições mais brutas, em comparação à beleza delicada de James, mas ambos
eram homens maravilhosos, que faziam você querer olhar duas vezes, e depois continuar olhando por puro deleite.

A campanhia tocou e levantei em um pulo, o que me fez perceber como estava nervosa. Olhei para Petros. — Esqueci de avisar  que ele iria vir.—Eu cuido disso.- disse Brooklyn, saindo apressada.— Tudo bem pra você ir com Scott e minha irmã?perguntei, e Petros me olhou com Indecisão. Parecia que ele queria muito ficar ao meu lado, mas ao mesmo tempo o fato de que eu ia com James, o incomodava profundamente.
—Está brincando? Eles me adoram. Seu sorriso se desfez. —Está arrependida de ter aceitado ir com James?
Respirei fundo, lembrando-me de onde estava pouco tempo antes — deitada, tendo orgasmos múltiplos. — Na verdade, não. É que as coisas estão acontecendo rápido demais e indo bem melhor do
que eu imaginava... ou previa... ou queria...
— Você está procurando o lado ruim da coisa. Por quê no fundo você sabe que, ele não é o melhor para você.  Ele chegou mais perto e mexeu na ponta do meu nariz com um dos dedos. — Ele é o lado bom e o lado ruim da coisa, Petros. — É você conseguiu domar o cara. Agora, divirta-se. disse ele com ironia.
— Estou tentando. Fiquei agradecida por saber que Petros me entendia, sabia como minha cabeça funcionava. Era muito bom poder conviver com ele, saber que podia contar com sua compreensão
mesmo quando não conseguia explicar o que estava sentindo.
— Fiz uma puta pesquisa sobre ele hoje de manhã e imprimi as coisas mais recentes e interessantes.Está na sua mesa, se você quiser dar uma olhada.
Lembrei que ele estava mesmo imprimindo algumas coisas antes de irmos ao spa. Ficando na ponta dos pés, dei um beijo em sua bochecha. — Você é o máximo. — Você também. Ele saiu. Com um sorriso no rosto, vi Petros sair para o corredor. A porta já havia se fechado atrás dele quando
cheguei ao pequeno escritório anexo ao meu quarto. Na escrivaninha organizada e totalmente clean que minha
mãe havia escolhido para mim, encontrei uma pasta lotada de artigos e imagens impressas. Eu me recostei na cadeira e me deixei levar pela história de James Lorentz.
Quando descobri que ele era filho de Lorenzo Lorentz, ex-presidente de um fundo de investimentos que mais tarde se revelou um enorme esquema de pirâmide, foi como se eu tivesse sido atropelada por
um trem. James tinha apenas doze anos de idade quando seu pai se matou com um tiro na cabeça para não ser preso.
Ah, James... Tentei imaginá-lo naquela idade, e pensei em um menininho bonito de cabelos pretos e
lindos olhos castanhos carregados de perplexidade e tristeza. Essa imagem partiu meu coração. O suicídio de
seu pai — e as circunstâncias que o cercaram — deve ter sido devastador, tanto para ele como para sua mãe. Todo o desgaste e o sofrimento de um acontecimento trágico como esse devem ter sido um fardo terrível.
Sua mãe se casou mais tarde com Alexander Dallas, um executivo da bolsa de valores. Na época sua mãe se mudou para Nova York, junto de seu marido que, tempos depois foi acusado de uma série de ameaças e atentados à empresários locais. Onde foi inocentado, por falta de provas. Um tempo depois, sua mãe foi fotografada na companhia de Benjamin Wolf, que na época já era casado com Amélia Wolf.- Uma corrente de eletricidade percorreu meu corpo, uma explosão de pontos de interrogação se materializou em meus pensamentos. Meu pai teria tido um caso com a mãe de James? Não pode ser. Prefiro pensar que era só negócios, e não que ele tenha sido um completo cafajeste.- continuei lendo, A segurança financeira chegou tarde demais para ajudar a estabilizar a mente de James depois de um abalo tão
grande. James que havia ficado em um colégio interno na Itália, saiu aos vinte anos. Se mudou para Nova York, onde se formou com louvor na Mackenzie University. E desde então vem tocando os negócios da família, uma importante empresa de empreendedorismo e investimento herdada dos avós.
Ele se fechou para o mundo, o que era sinal de cicatrizes sentimentais profundas. Com um olhar crítico e curioso, analisei as mulheres que foram fotografadas a seu lado e logo pensei  em sua opinião sobre namoro, vida social e sexo.
— elas eram todas morenas. Sua companhia mais frequente tinha todos os traços de ascendência latina. Era mais alta que eu, e seu corpo estava mais para  para curvilíneo. — Ananda Rodríguez, murmurei, admitindo dolorosamente que ela era linda. Sua postura ostentava o tipo de autoconfiança que eu tanto admirava. — Muito bem, acho que já chega. Brooklyn me interrompeu com um leve tom de contentamento. Ela ocupou a abertura da porta do meu pequeno escritório, encostada insolentemente no batente da porta. — Sério? Eu estava tão entretida; não tinha noção do tempo que havia se passado.
— Acho que não vai demorar muito pra ele vir até aqui. Está todo impaciente. Fechei a pasta e fiquei de pé.
— Interessante, não?
— Bastante. Quanto o pai de James — ou, mais especificamente, seu suicídio — tinha interferido na
vida dele?, Petros me mostrou esse “ Dossiê ” E se a intenção dele, era nos fazer ficar com um pé atrás, deu errado. Por quê ficamos, mais é com dó.- falou minha irmã, me olhando.
Todas as respostas que eu queria estavam me esperando na sala ao lado. Saí do quarto e caminhei pelo corredor até a sala. Parei um pouco na porta, com o olhar vidrado nas  costas de James, que olhava a cidade pela janela. Minha pulsação acelerou. Seu reflexo no vidro revelava uma expressão contemplativa. Seus olhos estavam perdidos, e ele tinha um sorriso nos lábios.
Os braços cruzados revelavam certo desconforto, como se ele estivesse fora de seu habitat natural.Parecia distante e distraído, um homem irremediavelmente solitário.
Ele sentiu minha presença, ou então meu desejo. Deu meia-volta, mas permaneceu imóvel.
Aproveitei a oportunidade para examiná-lo por inteiro, percorrendo todo o seu corpo com os olhos. Ele
tinha toda a aparência de um poderoso magnata. Era de uma beleza tão sensual que eu sentia meus olhos
queimarem só de olhar para ele. A cascata de cabelos negros que se espalhava ao redor de seu rosto fez  meus dedos se flexionarem de vontade de tocá-la. E o modo como ele me olhava... meu coração disparou.
— Blair. Ele veio até mim com seu andar gracioso e determinado. Pegou minha mão e levou até a boca. E seu olhar era intenso — intensamente ardoroso, intensamente compenetrado. O toque dos lábios contra minha pele fez um arrepio se espalhar por meu braço e despertou
lembranças daquela boca pecaminosa em outras partes do meu corpo. Fiquei instantaneamente excitada:
—Oi.   Seus olhos brilharam de contentamento. — Oi. Você está linda. Mal posso esperar para exibir você por aí.
Soltei um suspiro de satisfação ao ouvir aquele elogio. — Espero que consiga fazer jus a você.
Ele franziu levemente as sobrancelhas. — Já está pronta pra ir? Brooklyn apareceu atrás de mim, trazendo minha bolsa de veludo  e minhas luvas longas. — Está tudo
aqui. O gloss está na bolsa.
— Você é o maravilhosa, Brook.
Ela piscou para mim — uma indicação de que havia visto as camisinhas que eu guardara em um compartimento interno da bolsa. — Vou descer com vocês.
James pegou a bolsa das mãos de Brooklyn e passou o braço sobre meus ombros. Quando começou a tirar os cabelos que haviam ficado sob ele, o toque de sua mão no meu pescoço me deixou tão distraída que mal
notei que Brook estava me ajudando a colocar as luvas.
A descida até o hall foi um exercício de sobrevivência a uma tensão sexual aguda.
Não que Brook tenha percebido. Ela estava à minha esquerda.
James, por outro lado, exercia uma tremenda força sobre mim do lado oposto. Apesar de ele não ter  nem emitido nenhum som, eu era capaz de sentir a excitação que irradiava de seu corpo. Sentia  na minha pele a atração magnética que havia entre nós e comecei a ofegar. Foi um alívio quando passamos pela porta e sentimos o vento gelado em nós.
Uma limusine estava esperando, e o motorista abriu a porta assim que eu e James saímos.
Deslizei pelo banco para me sentar do outro lado e ajeitei o vestido. Quando James se acomodou a  meu lado e a porta se fechou, pude perceber como ele cheirava bem. Inspirei profundamente, dizendo​ a mim mesma mim mesma para relaxar e desfrutar da companhia. Ele pegou minha mão e começou a percorrê-la com os dedos, e esse simples toque despertou em mim uma luxúria furiosa. — Blair. Ele acionou um botão e o vidro escuro atrás do motorista começou a subir. Um instante depois eu estava no colo dele, e sua boca estava grudada na minha, beijando-me furiosamente.
Fiz então o que estava com vontade de fazer desde que o vi em pé na minha sala: enfiei as mãos entre
seus cabelos e retribuí o beijo. Eu adorava o jeito como ele me beijava — como se fosse uma
necessidade, como se ele fosse enlouquecer se não o fizesse, como se não aguentasse mais esperar.
Chupei sua língua e percebi que ele gostava disso, e que eu gostava disso, o que me fez desejar chupá-lo
em outro lugar com a mesma volúpia.  Quando suas mãos deslizaram sobre minhas costas nuas soltei um gemido, sentindo as pontadas de  sua ereção contra o quadril. Eu me ajeitei para montar sobre ele, tirando o vestido do caminho e
agradecendo mentalmente à minha mãe por ter desenhado uma roupa com uma abertura tão conveniente.
Com os joelhos apoiados dos dois lados de seus quadris, lancei minhas mãos sobre seus ombros e torneio beijo ainda mais profundo. Lambi sua boca, mordi de leve seu lábio inferior, acariciei sua língua com
a minha...
James me agarrou pela cintura e me tirou dali.  Ele se inclinou para trás no acento, com o pescoço curvado para ver bem meu rosto e meu peito ofegante. — O que você está fazendo comigo?
Percorri seu peito com a mão, dentro da camisa, sentindo a rigidez implacável de sua massa corporal.
Meus dedos acompanharam o contorno dos músculos de seu abdome, formulando na minha mente a  imagem dele sem roupa. —Estou tocando você. Me aproveitando de você. Eu quero você, James.
Ele agarrou meus pulsos, detendo meus movimentos. —Mais tarde. Estamos no meio da rua.  — Não dá pra ver a gente.
—Não importa. Não é hora nem lugar de começar uma coisa que só vamos poder terminar daqui a várias horas. Já estou enlouquecendo com o que aconteceu hoje à tarde.
— Então vamos acabar logo com isso.  Seu aperto se intensificou, tornando-se doloroso. — Não podemos fazer isso aqui.
— Por que não? Foi quando um pensamento surpreendente me ocorreu. —Você nunca transou numa limusine?
— Não. Ele cerrou os dentes. —Você já?  Olhei para o outro lado sem responder, e vi a massa de carros e pedestres em torno de nós. Estávamos a poucos centímetros de centenas de pessoas, mas o vidro escuro nos escondia de seus olhares, o que
atiçava minha ousadia. Eu queria dar prazer a ele. Queria saber se era capaz de me aproximar de James Lorentz e não havia nada impedindo isso além dele.

            Entre Anjos & Demônios™ (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora