Um rápido olhar sobre o Rolex que meus pais haviam me dado me disse que eu tinha que fazer o tempo trabalhar ao meu favor... se não eu iria ficar travada no trânsito. Mesmo quando eu achava que isso fosse impossível, Louis deslizou habilmente no mar de táxis e carros na rua. O ruído de Manhattan me acordou tão eficazmente como um choque de cafeína. O barulho estridente de buzinas e o barulho dos pneus sobre uma tampa de bueiro me revigoraram. Rápidos fluxos de movimento de pedestres ladeavam ambos os lados da rua entupida, enquanto edifícios se esticavam ambiciosamente no céu,
mantendo-nos na sombra, mesmo que o sol subisse.
Deus, eu seriamente amava Nova York. Aproveitei o tempo para absorvê-la, para tentar desenhá-la dentro de mim. Depois daquele almoço maravilhoso, James pediu para que Louis me levasse de volta para à maximun. A mercedes-benz estacionou em frente ao grande edifício, Louis rapidamente abriu minha porta para que eu saísse. Agradeci com um sorriso, e adentrei passando pelas grandes portas de vidro. Entrei no elevador e apertei o vigésimo andar, enquanto as luzes no painel indicavam os andares em que estávamos passando. Logo que entrei na minha sala, senti meu celular vibrar, e o puxei da bolsa vendo uma mensagem de Scott dizendo que estava esperando pelo seu pai e que logo ele chegaria. Respondi: “ Ok... até mais tarde”. Assim que eu coloquei meu telefone no silencioso e deixei ele de lado, meu olhar passou brevemente sobre os dois porta- retratos com colagens de fotos ao lado do meu monitor — um cheio de fotos de meus pais e uma de Brooklyn, e o outro cheio de fotos minhas com James. James tinha, ele mesmo, feito uma colagem de nós dois, querendo que eu tivesse uma lembrança dele na minha mesa, assim como ele tinha uma de mim na mesa dele. Como se eu precisasse...
Eu gostava de ter essas imagens das pessoas que eu amava por perto:
minha mãe com sua moldura dourada de cachos e seu sorriso cintilante, seu corpo curvilíneo, coberto por um casaco de peles, do jeito que ela gostava, em frente a torre Eiffel, ao lado do meu pai, Benjamín Wolf, com sua aparência regida e distinta, seu cabelo
prata estranhamente complementando o visual de sua esposa muito mais jovem; e Brooklyn, que foi capturada em toda a sua glória fotogênica, com seus longos fios loiros... e olhos castanhos acobreados brilhantes, seu sorriso largo e malicioso. Aquele rosto de um milhão de dólares estava começando a aparecer em revistas, em todos os lugares e em breve apareceria em pontos de ônibus e outdoors, fazendo a publicidade das roupas da grife Platinum. Eu olhei através do corredor e através da parede de vidro que envolvia o meu escritório. Vi o casaco pendurado sobre o encosto
da cadeira de Chris, apesar de que ele mesmo não estava à vista. Eu não
ficaria surpresa se o encontrasse na copa abraçado em sua caneca de café; ele e eu compartilhávamos essa dependência.
— Eu pensei que você tinha pegado o jeito, disse, referindo-me a sua
dificuldade com a máquina de café.
— Eu aprendi, graças a você. Chris levantou a cabeça e me oferecendo um sorriso torto encantador. Ele tinha uma pele escura reluzente, e suaves olhos castanhos. Além de ser um colírio para os olhos, ele era um grande publicitário — sempre aberto a me ensinar tudo
sobre propaganda, ele rapidamente percebeu que não precisaria me mostrar como fazer algo duas vezes. Nós trabalhamos bem juntos, e eu esperava que fosse assim sempre.
— Experimente isso, disse ele, alcançando outro copo fumegante que estava no balcão. Ele me entregou e eu aceitei com gratidão, apreciando o quanto ele tinha sido precavido ao adicionar creme de leite e adoçante, da maneira que eu gostava. Tomei um gole cauteloso, já que estava quente, em seguida, tossi com o sabor inesperado — e desagradável. — O que é isso?
— Café com sabor de blueberry.
Abruptamente, fiquei com a boca amarrada. — Quem diabos iria querer beber isso? — Ah, veja... nosso trabalho é experimentar, em seguida, publicar sobre. Ele levantou a sua caneca em um brinde. — Aqui está a nossa próxima matéria. Estremecendo, eu endireitei minhas costas e tomei outro gole.—•—
Eu tinha certeza que o sabor doce, doentio e artificial de blueberry ainda estaria cobrindo minha língua duas horas mais tarde. Assim que chegou as cinco horas da tarde, iniciei uma pesquisa na Internet a respeito do Dr. Frank, o homem que claramente tinha perturbado Scott. Apesar de conhecê-lo desde a infância, eu sabia que o Dr. Frank era aquele tipo de pessoa, que dizemos conhecer, sem de fato conhecer. Mas eu não tinha conseguido nem digitar o nome do médico no mecanismo de busca,
quando tocou o telefone da minha mesa. — Alô respondi. — Blair Wolf falando. — Você não me ouviu, e a sempre um preço a ser pago no final, disse uma voz feminina do outro lado da linha. Meu corpo gelou, meus batimentos aceleraram. — Quem está falando? Ouvi uma respiração, e logo a chamada foi encerrada. Minha mente tentava assimilar, o que havia acabado de acontecer. Novamente a mesma pessoa, as mesmas ameaças. Eu já estava farta, precisava descobrir quem estava por trás de tudo isso, e eu não mediria esforços para isso. Desliguei meu computador e puxei minha bolsa, saindo a passos largos do meu escritório. Quando entrei no Bentley, vi Petros com um olhar distante, parecia perdido em meio aos seus pensamentos. No rádio tocava “A Drop In the ocean” baixinho, e lentamente o carro foi se movimentando e se enfiando dentre os outros carros. Quando enfim cheguei em casa, estava exausta. Meu corpo pedia um banho quente, e a minha cama quentinha. Mas caminhei lentamente até o quarto de minha irmã, a vendo deitada ainda com uma palidez aparente no rosto. Ela assistia uma série, e parecia entretida com o drama da série. — Como você está?, Perguntei deixando minha bolsa sobre sua escrivaninha. — Na mesma, mas pelo menos consegui segurar algumas colheres de Risotto, falou ela se ajeitando na cama, e batendo a mão ao seu lado, como um sinal para que eu me deitasse com ela. — E Scott, onde está?, Perguntei indo deitar ao seu lado. — Ele recebeu uma ligação do pai, e saiu. Disse que já voltava, mas até agora nada, falou ela com os olhos vidrados na tela da tv. — Já, já ele estará aqui, com certeza deve ter acontecido algum emprevisto, comentei, também direcionando minha atenção a série que passava. — Qual é o nome desta série?, Perguntei me interessando. — Atipycal, respondeu ela. — Hummm, murmurei. Ficamos horas ali, uma do lado da outra assistindo. Quando no relógio marcava dez e meia da noite, fui tomar um banho. Eu já havia jantado, e tudo o que o meu corpo pedia era um banho bem quente e relaxante. Passei hidrante pelo meu corpo, e escovei meus dentes. Estava pronta para me deitar, quando ouvi gritos vindo do quarto da Brooklyn. Apressadamente corri ao encontro dela, passei rapidamente pela porta me deparando com ela aos prontos. Ela segurava o celular nas mãos, e os soluços de seu choro escapavam de sua boca. Corri até ela a abraçando, — O que houve?, Perguntei desesperada. – Vi Constance, Petros e Albert também aparecerem rapidamente. — O Scott, ele... – As lágrimas voltaram com toda a força. — Ele está no hospital entre á vida e a morte..
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Anjos & Demônios™ (EM PAUSA)
SonstigesBlair e Brooklyn Wolf são herdeiras de uma importante revista de Nova York, e desde a morte misteriosa dos avós, tem administrado todo esse império com a supervisão de seus pais, que sempre estão ausentes. Mas tudo começa a mudar quando, James Loren...