Capítulo quatro

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" O homem faz seu plano, Mas quem disse que a vida é obrigada a seguir? "          - HQ

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- Tudo bem, fica tranquila... Eu cuido de tudo por aqui... Vou manter tudo como ela gosta... Mande-me notícias. Seja forte tudo vai dar certo.

Haiza desligou o telefone após ouvir o adeus de Ísis, ela não estava muito bem desde o acidente dos pais.

Havia sido tudo tão rápido que nem ao menos teve tempo de pensar nas sensações  e pensamentos que vinha tendo...

Todas as vezes que sua mente viajava até ele, tratava de se ocupar com algo para manter a casa do jeito que a senhora Hamadi gostava, esperando por sua recuperação.

A recepção do casamento tinha lhe passado despercebido aos olhos, ao lado de Rashad o tempo parecia não passar, conversaram sobre várias  coisas e Haiza tentava decifrar os olhares dele, os sorrisos que dava para ela, às vezes ele parecia enxargar algo além dela, dentro dela.

Em certo momento ele havia deixado o dedo correr pelo seu rosto depois de incentiva-lo a viver seus sonhos, Haiza prendeu o olhos nos dele assustada pelo toque, ele parecia absorto e inconsciente de seu ato... no segundo instante os lábios dele estavam nos seus num beijo leve, Haiza retesou o corpo incapaz de lidar com tudo que acontecia em sua mente, nunca havia sido beijada.

levou ao menos alguns segundos para se distanciar dele, o gosto ainda presente nos próprios lábios.

- Desculpe-me eu não devia.. eu só.. não pensei.. e.. - Rashad se enrolava desconfortável. Seu corpo parecia atrair o de Haiza como imã, queria senti-la cada vez mais perto e por um momento as palavras perderam o som, o tempo ficou suspenso e só enxergava a sua frente olhos carinhosos e uma boca que lhe sorria delicadamente, não pensou no que estava fazendo.

- Me desculpe por isso... essa confusão...é que eu não... eu não... nunca tinha sido beijada. - Sentiu mais uma vez o vermelho tomar conta de seu rosto e deviou os olhos dele.

Rashad ficou ainda mais enlouquecido, a inocência e a pureza dela o cegavam e ensurdecia a voz que ecoava em sua mente para refrear seus impulsos.

- Nunca foi beijada? - ela negou com um gesto mínimo de cabeça - E... gostou do beijo? - ela acenou desta vez. - Posso...? 

Haiza olhou dentro dos olhos de Rashad e viu sua ansiedade, a inquietude que o consumia. A agonia na alma que o fazia sacudir a grades que o prendiam. Tinha gostado do beijo, apesar de ter sido um toque mínimo e quase sem movimento, o calor dos lábios dele nos seus tinham lhe despertado a curiosidade e a vontade de tentar de novo.

Baixou os olhos para a boca firme de Rashad e aquilo foi o suficiente para ele perder novamente o controle. Devagar uniu os lábios aos dela, parou um momento e depois pressionou. Haiza abriu os lábios e deixou que o calor dele a invadisse por completo dessa vez, as mãos de Rashad seguravam-lhe o rosto firme. Acompanhou os movimentos dele seguindo o ritmo, sentindo sua mente se desfazer, de olhos fechados com toda concentração voltada um para o outro não notaram o segurança que se aproximava pelo jardim a procura de Haiza.

Ouviu seu nome ao longe e demorou ainda um tempo para entender onde estava, afastou-se novamente de Rashad e se recompôs, agora ciente de alguém a procurava. Um segurança surgiu  a frente deles e comunicou que Ísis estava a sua procura.

Só então tomou ciência do acidente dos senhores Mourrack, inicialmente sentiu-se culpada por estar alheia ao que acontecia enquanto se descobria nos braços de um homem que nem ao menos tinha um compromisso com ela. Mas agora estava mais tranquila com a recuperação do patrões.

Não tinha mais visto Rashad depois do momento do beijo, depois que entrou na casa e o marido de Ísis havia lhe explicado o que tinha acontecido, não teve tempo nem cabeça para mais nada. 

Tinha voltado para Alexandria a pedido da amiga, alguém de confiança precisava ficar na casa. Agora que arrumava suas coisas novamente para a Cairo  e ajudar a receber os patrões novamente, Haiza pensava se encontraria Rashad.

Se encontrasse como agiria? nenhuma palavra tinha sido trocada depois do beijo, ele voltaria a procura-la? conversar novamente e fingir que nada aconteceu ? Só poderia esperar e deixar acontecer.

(...)

Apesar de todos seus esforços não tinha conseguido evitar que sua mãe e Maibe viesse.

Os funcionários haviam ganhado alguns convites extras para a família no evento em celebração a fusão da empresa.

Sabia que veria ela, trajes me talvez fosse a última vez e queria poder ter mais liberdade para lhe falar.

Nervoso com o cochicho enjoado das duas mulheres, Rashad passeou os olhos pelo salão novamente. Nem o mínimo sinal dela. Haiza ainda não havia chegado.

As semanas que se passaram e não havia tido nenhum contato com ela. Apenas as lembranças dos lábios doces e ternos lhe aquecia o sono a noite, na esperança de vê-la novamente.

Layla, mãe de Rashad chamou sua atenção novamente com o assunto que mais odiava.

Ouviu a mãe com todo o respeito que lhe devia, estava explodindo por dentro quando viu um borrão vermelho.

Não foi preciso virar para confirmar o arrepio na pele de seu pescoço o alertava para quem era. 

Permaneceu por uns minutos mais fingindo que entendia as palavras que a mãe dizia, em plena agonia querendo se virar e olhar.

Tentou se conter não era assim que deveria agir, era a terceira vez que encontrava essa mulher e parecida desesperado apenas para pôr os olhos nela.

Assim que as mulheres se enterraram novamente no mundo feminino, Rashad virou-se, como quem olhava o saguão da recepção do hotel por inteiro, mas seus olhos buscavam uma imagem apenas.

Quando a encontrou, não se sentiu capaz de definir o sentimento que o assolou.

Haiza usava um vestido comportado de corte simples como era o seu natural, mas o vermelho vivo e a forma como o tecido desenhava seu corpo chamava a atenção por si só.

Rashad nunca  tinha visto mais mulher mais bela que ela, e ele sabia que essa beleza não era só externa. Ele sabia.

Haiza estava ao lado do casal Mourrack que recebia cumprimentos de algumas pessoas.

Uma pequena família se aproximou deles um casal mais velho com duas mulheres mais noiva e um rapaz.

As mulheres se cumprimentaram com cortesia e os homens foram mais alegres. O rapaz sorriu abertamente quando parou em frente a Haiza e ela retribuiu. Ela retribuiu!

Aquele sorriso que ele via em seus sonhos, que só a viu dispensar a ele... Em todas as ocasiões que se encontraram, ele a viu sorrir para as pessoas mas não daquela maneira, só ele tinha recebido aquele sorriso.

As bochechas de Haiza coraram com o tom familiar Rosa-avermelhado e Rashad sentiu suas vistas ficarem igualmente vermelhas.

- O que você tanto olha daquele lado? - Rashad ouviu a voz de Maibe atrás de si.

- Nada demais. Apenas pensei ter visto um conhecido que não vejo a algum tempo...  - desviou a atenção novamente para as mulheres para enfatizar sua mentira.

Tentou se distrair com qualquer outra coisa, mas sua mente não absorvia mas nenhuma palavra.

Talvez aquele fosse algum dos possíveis pretendentes aprovados pela Sra Hamadi. Aquilo, afinal não era da sua conta, não deveria se preocupar.

Olhou para as mulheres a sua frente e tentou enxergar seu rosto mas a única imagem que sua mente registrava era o rosto de Haiza com aquele sorriso.


HaizaOnde histórias criam vida. Descubra agora