Capítulo Dezessete

1.6K 206 13
                                    

" O amor não acontece assim, não é mágica... isso se chama conto de fadas. N vida real o amor vem a partir do respeito, confiança e admiração"

quem é vivo sempre aparece! :D

- Não revisado




-A biblioteca de Alexandria era uma das mais famosas bibliotecas e um dos maiores centros do saber da antiguidade. Haiza estava surpresa por Called compartilhar de uma paixão que também era sua, os livros.

Não demoraram muito, ele era ansioso e decidido, no minuto em que aceitou ser seu guia. Called a deu apenas alguns minutos para que se organizasse, queria sair de imediato.

Voltou para casa e trocou de roupa. Foi o mais rápida que pode e Logo o encontrou no mesmo lugar, fora da casa. Entraram no carro e Called apressou-se em por uma música, queria a deixar a vontade ao seu lado, para que a conversa pudesse fluir melhor e conhecer mais da mulher que o encantou.

Haiza admirou a melodia que tocava leve e alegre, seus pensamentos de imediato guiaram a trilha sonora que encaixaria perfeitamente com um livro de romance que leu uma vez.

- Gosta da música? - a voz pesada a tirou da cena onde a protagonista tem um beijo roubado por seu intrometido par. já quase havia se esquecido desta sensação de sonhar acordada com as histórias que lia.

- Perdão? - respondeu confusa.

- Estava cantarolando... e... sorrindo. - Called desviou os olhos por um minuto para mirar seus olhos.

Haiza sentiu seu rosto esquenta no mesmo momento. O jeito que ele a olhava a deixava inquieta. Baixou os olhos para fugir dos dele e depois os levantou mirando a rua a sua frente.

- Me fez ter uma boa lembrança.

Called notando que a deixou encabulada, voltou a se concentrar na estrada.

- Também me traz boas lembranças, sabia? Não é nada fácil ser filho único como todos pensam...

passou a contar algumas das coisas sobre sua infância e adolescência como unigênito do Rei. das aulas de dança e de como as tentava burlar, relatou brevemente algumas peripécias até que a viajem chegasse ao fim.

Em frente ao prédio Haiza admirou a estrutura moderna e bem conservada em toda sua imponência, a euforia já nascendo dentro de si ao imaginar as fileiras e prateleiras dos mais variados livros.

Parecia uma criança saltitante ansiosa por seu brinquedo favorito em um parque de diversões, mas limitou-se a aguardar enquanto o carro estacionava.

Assim que entraram o cheiro familiar e característicos dos livros acumulados despertou o cérebro de Haiza para uma das suas maiores paixões esquecidas a meses atrás... O sorriso instalou-se em seu rosto e sem ao menos esperar por Called, apressou-se pelos corredores logo após se identificar na recepção, como quem corre por um jardim.

Caiu em si, percebendo que deveria ser o guia de seu hóspede ao invés de sir a caça do mais novo livro perfeito. Virou-se apenas para se deparar com duas pedras brilhantes que a admiravam sem esconder o sorriso nos lábios e o prazer no rosto.

Called olhava embasbacado a criatura reservada e séria se transformar numa fada literária, Haiza tinha brilho próprio, a naturalidade dela naquele local o revelou uma expressão ainda desconhecida naquele rosto: amor.

Ela corria os olhos pelas prateleiras como quem buscava o maior dos tesouros, gostou de vê-la finalmente a vontade e fez uma nota mental de presenteá-la futuramente com um desses só para ver aquele sorriso mais uma vez, sendo destinado a ele.

contudo Called não esperava que a surpresa maior foi assisti-la se tornar para ele com todo aquele amor nos olhos e euforia ruborizada no rosto. teve vontade de percorrer a distancia entre os dois e testar a tentação daqueles lábios.

mas não podia! não poderia, estavam em um local público, com tradições e ela nem ao menos sabia que ele tinha interesse nela, que a havia desejado desde o primeiro instante.

A intensidade com que ele a olhava a fez baixar os olhos e tentar contornar o constrangimento.

- O que gosta de ler, Called?

- Admiro a leitura em todas as categorias. O humor te deixa leve, A fantasia excita, a ficção surpreende, o suspense envolve é o romance... ah esse é capaz de envolver de uma forma levemente excitante e surpreendente.

Os olhos presos no de Haiza, Called não temia sua reação. Era objetivo, sabia o que queria e não tinha intenção de esconder.

Com a respiração suspensa Haiza repassa a frase recém dita por Called, nada muito direto, nada totalmente indireto, porém aquele olhar poderia lhe dizer tudo. Mas não ousava interpretar.

- O que leu pela última vez? - percebendo seu embraço, Called achou por bem distraí-la um pouco.

pegando a deixa, voltou a correu os olhos pelas prateleiras. A memória vagueando pela última página que tinha deixado para trás.

- Creio que foi 'As mil e uma noites'... faz um tempo que não me dedico a leitura. -completou com pesar na última frase.

- E o que a fez abandonar uma paixão sua? - deslizando os dedos pela placa retangular pequena onde indicava que estavam frente a uma prateleira de volumes sobre história, Haiza pôs-se a pensar...

... O que a teria feito abandonar o amor pelos livros? havia sido a decepção em descobrir que a realidade de fato não acompanhava a fantasia descrita nas páginas mágicas? Ou talvez por ter encontrado um amor que não foi correspondido e não conseguiria mais ler o famoso ' feliz para sempre' no final de cada viagem ilusória romântica ?

- Estive um tempo fora, morei na França com meu irmão, estudei trabalhei. Precisei deixar o romance um pouco de fora. - acabou por usar a rápida e evasiva resposta.

- Entendo.

Called sabia que não podia insistir naquele ponto, ela estava desconfortável e não queria fazê-la voltar para sua redoma.

Ele pediu para que ela o guiasse, primeiro queria conhecer o espaço. Andaram alguns dos principais corredores sem pressa, ele não deixou de observá-la um só segundo. admirou sua graça e sua leveza, como soltava um suspiro quase que inaudível ao se deparar com algum clássico que já havia lido.

Vez ou outra, tirava um livro da prateleira espalmando uma poeira invisível de sua capa e o retornava ao lugar sem sequer abri-lo. O lugar era enorme e não podia ser totalmente percorrido sem que isso levasse algum tempo, portanto se limitaram aos corredores principais.

Em segundo plano, Called optou por um conto de história medieval puxado aleatoriamente da prateleira. Sentaram-se no canto reservado aos leitores.

Calmamente começou a ler para ela, cada página se tornando mais empolgante para Haiza, ouvindo a história e deixando que sua mente desenhasse o cenário, os personagens e as personalidades. A voz daquele grande homem era admiravelmente suave e facilitava a viagem para outro tempo como um verdadeiro encantamento.

Called forçava a concentração nas palavras, quando mais lia, mais se sentia envolvido pelo olhar de Haiza, sentada ao seu lado com as mãos apoiadas no queixo e os grudados no seu rosto a ânsia por cada palavra evidente em suas feições delicadas. Era apenas uma pequena questão de ângulo a virar-se e alcançar seus lábios.

cedo! muito cedo!

Quando deram por si, a tarde já havia passado quase por completo. Voltaram para casa, conversando sobre a história, a escrita, o enredo, a expectativa e quando voltariam para ler. Por se tratar do maior acervo de livros conhecido a biblioteca não permitia que seus volumes fossem adquiridos ou emprestados. Eram apenas para pesquisa ou leitura no local.

Haiza sentia-se leve, era como se tivesse finalmente tido um dia normal, um dia que pertencia a sua vida ... sua antiga vida.

Chegaram em casa sorrindo e distraídos, ainda flutuando comentários sobre o passeio e não perceberam os pares de olhos que os acompanhavam, especialmente um não tão receptivo.

HaizaOnde histórias criam vida. Descubra agora