Capítulo dezoito

1.6K 205 22
                                    

"Acontece, às vezes você tem que fazer a coisa errada. Às vezes você tem que fazer um grande erro para descobrir como fazer as coisas direito. Os erros são dolorosos, mas eles são a única maneira de descobrir quem você realmente é."

Grey's Anatomy


- Não revisado. 




Frustração era tudo que Rashad sentia, não queria a ter deixado. Ir embora sabendo que ele ficaria o tinha consumido a noite inteira de tal forma, que não se conformou e arrumou o primeiro pretexto que pode para voltar a casa Mourrack.

Lamentava a cada segundo que respirava não ter se livrado do compromisso assim que percebeu que estava apaixonado, lamentava não ter tido coragem de quebrar as regras.

Era o que mais tinha admirado em Haiza quando a conheceu, seu espírito livre, tinha negado viver um acordo, por acreditar que poderia viver aquilo que acreditava e carregava em si, o amor.

Ela tinha deixado o seu país, suas raízes, suas origens, seu rótulo, para viver no desconhecido longe dos limites tradicionais e voltou com mais garra que antes.

Alcançou o respeito e a admiração da sociedade tradicional sem se impor a ela. Haiza era incrível e não podia se imaginar vivendo sem ela, quanto mais perdendo para outro homem.

Postou-se na porta da casa da família Mourrack com pasta em mãos e a expressão mais convincente que pode. Foi recebido e assim até pôs os pés para dentro correu todos os cantos da casa a procura do real motivo da sua vinda.

Não achou ninguém, mas logo Jahi apareceu.

- Rashad, como vai? - Jahi estranhou a visita repentina, mas não iria receber de forma mal educada. O convidou para sentar-se e questionou — o que o trás aqui?

- Eu quis adiantar algumas coisas sobre a conferência que teremos... Não acertamos nada de fato. — começou segurando ao máximo a vontade de perguntar por Haiza. Estaria na cozinha com a mãe? Ou ajudando Ísis com o bebê?

- Isso não é só daqui a algumas semanas?

- Sim, exatamente. Porém não contamos com o contratempo da licença de Ísis, por causa do bebê. Então estamos em cima para enviar outro nome para lista ou acrescentar mais alguém — Rashad tentava parecer o mais natural e profissional possível, tudo era verdade, mas a sua intenção ali não tinha ligação com o trabalho — não sei o que pretendem, levar o casal Mourrack, Isis é o bebê, ou Haiza continuará a substituindo ?

Forçou para que sua voz não saísse ansiosa ao mencionar o nome dela. A morena de olhos fascinantes e sorriso envolvente tinha se tornado seu assunto favorito, seu primeiro e último pensamento.

- Acredito que Haiza nos acompanhe,  minha esposa e meu filho não estão em condições de  estar nessa agitação toda tão cedo. Inhram e a esposa não estão mais ligados a coisas tão diretas as empresas. Então somos nós três.  - Jahi  explicou e Rashad precisou controlar sua excitação. 

- Certo. Então já posso confirmar a presença, conferir as palestras e o cronograma ...

- Rashad, que bom vê-lo novamente. - Hamadi entrou na sala com seu largo sorriso e sua energia radiante. - Teremos o prazer da sua companhia novamente hoje? 

- Lamentavelmente não, hoje vim apenas a trabalho, havia algumas pendências a acertar com Jahi. 

Por algum motivo inexplicável, era uma tarefa incrivelmente difícil olhar nos olhar daquela mulher sabendo que havia uma verdade oculta por trás de sua palavras ditas. Ela parecia enxergar tudo o que não havia dito. Cada intenção escondida por trás do motivo que o fez ir até a casa, não era por menos, a mulher sabia da história dele com Haiza, era natural que tivesse alguma suspeita. Rashad não era nem ao menos capaz de discernir se aquilo era só mais um delírio seu ou não. 

Desviou os olhos, não podendo mais encará-la e sorriu educadamente ao seu chefe. 

- Podemos acertar tudo entre nós três então? - questionou para fugi dos olhos que lhe penetravam a alma.

- Sim. Sabes onde posso encontrar Haiza ? - Jahi se dirigiu a Hamadi que sondava descaradamente Rashad.

- Creio que se precisam da presença de Haiza terão que esperar um pouco mais... - ambos olharam confusos para a senhora que os encarava como se estivesse informando que o cereal do café da manhã acabou - Minha menina saiu, não deve voltar pelas próximas horas. 

- Saiu?- Rashad não segurou a palavra, o medo da resposta foi mais rápida do que a etiqueta de discrição que deveria manter.

- Sim, está mostrando a cidade para Called, ele precisava de um guia e ela estava disponível, Haiza como sempre receptiva e atenciosa, não lhe negou a companhia. 

Hamadi observou o homem ir de branco a vermelho e voltar para um tom quase cianótico. Seus olhos se perderam nos seus próprios com o fluxo de pensamentos que com certeza não era nada agradável.

- Fique para comer conosco, eles não devem demorar tanto agora, saíram ainda era manhã, já devem estar a caminho. 

Algo parecido com um aceno foi o que Hamadi obteve como resposta.

 Rashad estava fora de si. Sabia o quanto atenciosa e receptiva Haiza era. O medo que corria em suas veias era congelante, medo de que não tivesse volta, que seus esforços tivessem sido em vão. Como ele poderia competir com um príncipe? Como ele poderia competir com alguém que nunca a tinha decepcionado? 

Não! não poderia duvidar do que tiveram. Essa mulher seria sua. ela era sua!



Alguns funcionários já recolhia as louças e talheres usados para Chá da tarde, toda família estava reunida e trocava algumas curtas conversas aleatoriamente enquanto comiam, Rashad fingia estar concentrado e ocasionalmente sorria e acenava.. os olhos não paravam de perseguir o relógio. Só mais um minuto, não custava.. já estava ali a horas o que era mais um tic tac no seu pulso?

risos baixos, alegres e felizes e então aquela perfeição morena e ruborizada surgiu a sua frente sorrindo abertamente para ele, para outro. sem ao menos notá-lo ali a sua espera.

Segundos se passaram até que percebessem que não estavam sós, Haiza virou-se ainda com aquele sorriso no rosto, fitando diretamente em contraste a frieza dos olhos de Rashad.

Ele tinha ciência que sua expressão não era das melhores, no entanto não poderia evitar deparar-se diante de tal cena e esconder o que sentia. 

Haiza sentiu aquela frieza de seus olhos penetrar-lhe os ossos, sus pernas tremeram de repente e ficou estacada em seu lugar sem saber como agir, Rashad não lhe desviava os olhos em claro desgosto. Called estava em suas costas e exalava calor em seu sorriso.

Haiza pôde confirmar isso quando o sentiu por as mãos em suas costas a incentivando a andar em direção as pessoas que os encaravam. Tentou manter o foco em qualquer pessoa naquela sala, menos nos olhos que a consumia. 

Podia senti-lo enquanto andava, por mais que não o olhasse. Maldito seja!

- Como foi o passeio? - a alegria de Hamadi parecia tão distante a Haiza naquele momento.

- Maravilhoso! Haiza e eu descobrimos uma paixão em comum, com certeza repetiremos dias como esse, estou ansioso para isso. - Called respondeu com toda a graça e o ânimo nos olhos.

silêncio... olhares... algum gole mecânico em uma xícara vazia...

Não pode evitar e olhou para ele. Seus olhos agora duas pedras de granito eram direcionados a Called, nunca o tinha visto com tanto desprazer em sua expressão, para alguém tão controlado Rashad, estava sendo muito claro em suas intenções assassinas e  Haiza se viu pensando em algo que pudesse fazer antes que os pensamentos dele pudessem se tornar práticas reais naquela sala.   

HaizaOnde histórias criam vida. Descubra agora