3. Rainha

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SEM REVISÃO

Andando pelos corredores da NYU, ela viu milhares de adolescentes se derreterem. Os cabelos balançando com maestria, o rebolado de uma linda e maravilhosa musa, o sorriso no canto dos lábios e o chiclete de sempre.

Camila Cabello havia acabado de chegar na universidade.

Caminhou sobre seus saltos até a sala onde teria sua primeira aula, piscando para o professor que acabara de entrar. O homem pareceu desconcertado, buscando forças para retribuir a ação débil, mas a aquela altura a latina já nem ligava mais.

Não se concentrou no conteúdo sendo explicado, despertando de seus pensamentos apenas quando a troca de horários surgiu e ela teve que se levantar e mudar de sala. E entre os milhares de universitários se esgueirando para conseguirem chegar a tempo em suas classes, lá estava. O queixo erguido enquanto caminhava como uma verdadeira rainha. Camila trincou o maxilar com a imagem, seu nariz empinado tentando demonstrar indiferença.

Verde e castanho se confrontavam silenciosamente.

Todos tinham olhos para aquela garota, todos haviam esquecido da existência de Camila.

Ninguém queria mais a Cabello.

Sentou-se exasperada sobre a cama, o coração martelando alucinado. Levou a mão na cabeça, buscando por sua consciência.

Tinha sido apenas um sonho.

Respirou fundo constatando que fora tudo produto de sua imaginação. Levantou-se e calçou suas pantufas felpudas, o baby doll de seda caindo perfeitamente em seu corpo repleto de curvas.

Enquanto tomava seu banho, pensava nas várias formas de manter seu reinado intacto. Não que estivesse sentindo-se "ameaçada" ou algo parecido, mas prefiria prevenir do que remediar.

Nunca fora de abaixar a cabeça, não tinha um passado triste ou um coração partido para usar como justificativa sobre a forma de seu caráter. Simplesmente nasceu para aceitar bem todos os olofortes e ofuscar até mesmo o próprio sol com seu brilho.

O pai sempre deu-lhe tudo, talvez assim compensando a falta que fazia. Camila jamais reclamou, os cartões de crédito ilimitados e os carros de grife com seus chauffeurs a satisfaziam plenamente. Embora ficasse um pouco enciumada com a relação que suas amigas tinham com seus progenitores.

Era uma mimada, típica patricinha de cidade grande.

E não negava de forma alguma.

Os cabelos castanhos correram soltos assim que terminou de secar os mesmos. Não gostava de empregados, não confiava neles. Mas tinha Susan, uma senhora que a acompanhava desde a infância.

Assim que terminou de se vestir, foi para cozinha. Sua tutora estava lá.

— Bom dia, querida. — ela sorriu, como era de costume. Ocupada com algumas coisas que preparava no fogão.

— Não vejo nada de "bom" nele. — bufou, sentando-se em um dos banquinhos da bancada. Susan nem mais se preocupava, conhecia bem o humor da jovem ao acordar. Digamos que ela não era de fato amigável pela manhã.

— Comerá cereais ou terei que preparar torradas para você? — perguntou branda, suas mãos entrelaçadas em suas costas.

— Oh, por Deus! Pare de me oferecer essas bombas calóricas! Quero uma maçã, por favor. — a senhora assentiu, buscando pela fruta e por uma faca nos talheres.

— Quer em fatias ou em cubos?

— Fatias. — respondeu, vidrada em suas enormes unhas. Um flash passando por sua mente conturbada. — Bruce virá para cá nessa segunda feira?

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