26. Demon

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SEM REVISÃO
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2 anos antes.

— No que está pensando? — ele perguntou ao vê-la tão calada, observando como os ponteiros do relógio se moviam com mais frequência que o normal.

— Acho que eu seria uma boa vilã. — respondeu, seus olhos negros refletindo seus pensamentos obscuros. Agustín franziu o cenho, ela nunca tinha falado algo assim.

— Por que acha isso? — questionou, curioso, observando-a do outro lado da sala, vendo-a sentada com as pernas cruzadas e o braço apoiando o queixo.

— Joker sempre disse que meu pai tinha um lado sombrio dentro dele, mas que ele nunca permitia ser mostrado. — sua atenção foi dada ao melhor amigo, sorrindo de canto. — Quem sabe eu possa mostrar o meu...

***

— Você continua mentirosa como antes. — Camila disse, rindo, colocando as mãos nos bolsos traseiros da calça.

— Não estou mentindo. — Lauren revidou, a voz arrastada demais. — Eu realmente me importava com você.

— E não se importa mais?

— Quer que eu me importe?

Camila riu mais uma vez, sua visão ficando turva. Fazia um bom tempo que ela não bebia e aquilo estava começando a afetá-la. Balançou a cabeça, fazendo os cabelos ficarem bagunçados.

O que ela deveria responder? Seria eufemismo de sua parte dizer que não, mas também seria muita idiotice dizer que sim. Ela quem controlava as regras daquele jogo. O jogo que elas nunca deixaram de jogar e agora estava tudo muito claro para ambas o que o futuro estava reservando.

Era terrível.

Corações partidos mais uma vez por conta de um amor tóxico.

Era péssimo.

— Minha resposta não muda o fato de que você já não se importa. Não nos conhecemos mais. Você não é a Lauren que conheci antes.

— E por que eu deveria ser?! Para agir feito uma babaca de novo e fazer as mesmas besteiras?

— Você era uma babaca, mas era uma babaca que me amava! — Camila berrou, ficando mais perto. — Agora você gosta de cabelos loiros e olhos azuis, estou certa?

Lauren engoliu em seco, o tom de voz dela era tão sério... E rouco... E.. Não.

— Desculpe por seguir em frente, pensei que você tivesse feito o mesmo. — deu de ombros, trincando o maxilar.

Camila abriu um sorriso, sem mostrar os dentes, jogando a cabeça para o lado.

— E eu fiz. — ergueu-se na ponta dos pés, segurando o rosto da maior e deixando bem, bem perto.

As grandes esferas esverdeadas caíram sobre os lábios carnudos, úmidos e convidativos.

— Não posso dizer o mesmo de você. — soltou-a, virando-se de costas e sumindo na penumbra da noite, deixando rastros de seu perfume na madrugada.

O rastro vivo de uma mulher impecável.

Lauren podia sentir vivo, ali, no cantinho. Pulsava devagar, quase morto, quase vivo. Respirava com dificuldade, segurava-se a antigas memórias, mantinha-se ativo através de sabores inesquecíveis, noites em claro, beijos, toques...

O amor delas.

Ah, o amor delas.

E quando finalmente a figura de Camila sumiu perante a neblina da madrugada, desaparecendo de seu campo de visão, Lauren sorriu.

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