1 - Joia Negra 🖤

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Mais de quatro séculos depois...

" Ao pior dos piores, crescer venerando o ódio não quer dizer que começou errado".

- Conta a lenda que um poderoso grupo, liderado por Dorion Dark, foi o responsável pela guerra de dois séculos que dividiu a comunidade mágica e matou muitos. No fim, Dark foi banido e todos os seus seguidores mortos. Claro que existem muitos boatos acerca dessa história, como uma profecia e pessoas que juram que é verdade. Na minha opinião, o real precursor da guerra dos dois séculos foram somente desentendimentos entre as três espécies, visto que agora está tudo bem.

O sinal soou ao longe.

- Certo, turma, estou feliz que todos tenham se dedicado nesse último trabalho - a professora, com o charme de seus belos cabelos cacheado, se virou para o aluno à sua frente - Pode ir arrumar suas coisas, Uri, ou você vai querer passar mais algum tempo comigo? - o garoto ficou vermelho e correu para seu lugar, bem escondido de sua vista; uma garota sorriu.

- Antes que todos saiam - a professora retomou - só quero que saibam que estou feliz por tê-los ensinado. Não deixem o que aprenderam por isso mesmo - falou, olhando especialmente para Uri, o único com notas péssimas na turma, mesmo com um tutor exclusivo ao seu lado vinte e quatro horas por dia, e no fundo ainda temia por ele — se tornem tutores, ou criem novas metas, sejam donos de um futuro que ninguém possui, sejam criativos. Afinal, mesmo sem a formatura - por toda a sala algumas risadinhas foram ouvidas, mas a professora ignorou - vocês são bruxos e bruxas aos olhos do mundo, então os surpreendam.

O desastrado garoto tentou levar o discurso da professora a sério, mas, no fundo, reclamava que nada do que fazia funcionava, etc. Enfim, ele estava tão imerso em seus sofrimentos que só acordou mesmo quando esbarrou em alguém.

— Desculpe — ele falou apressado e ajudou a garota a se levantar.

- Te feri? - Uri perguntou, observando a menina dos pés à cabeça, e ela ficou vermelha.

- Não foi nada, sério.

- Oi, Clara! Vamos! - gritou alguém à frente.

- Essa é a minha deixa, preciso ir.
Ela já tinha dado alguns passos quando o garoto se apressou para segui-la.

- Espere. Eu não me apresentei - Uri gritou, e a menina se virou para ele sorrindo.

- Eu sei quem você é, Uri Storm - ele ficou animado ao ouvir seu nome da boca de uma menina.

- E que não posso deixar você ir depois da minha trapalhada; o que você vai pensar de mim? Eu sou um cavalheiro - falou inocentemente, pois estava sem jeito demais perto dela para ter alguma malícia, e tentado demais a prolongar sua presença para desistir fácil.

Ela deu de ombros, como se não esperasse muito do que estava planejando falar.

- Pode me chamar para sair se quiser, ainda não tenho planos para começar uma carreira bombástica, como a professora disse, então ainda estou com bastante tempo livre.

- Pode deixar, Clara Monteir.

Depois da escola...

- Chamou, pai?

- Sim, venha cá, sente-se - o pequeno Uri, relutante, se sentou de frente para o pai no escritório.

- Você sabia que faz exatamente um ano que nos mudamos para Anjo e que, nesse tempo, a filial de perfumes Storm já é um sucesso?

- Sim, senhor.

- Quero que saiba que não trouxe nosso nome para este lugar apenas para obter lucro.

- E por que não? - ele olhou para o pai.

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