Um

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Meu coração parece que vai sair pela minha boca. Não acredito no que acabou de acontecer.

Bruce, realmente voltou.

Ele me viu.

Agora minha vida vai ser um inferno.

Não sei o que ele pode chegar a fazer, comigo.

Espero que ele continue assim, fingindo que eu não existo. Assim é melhor de eu saber lidar com os meus sentimentos.

Mas o problema é que quando ele olha pra mim, todo aquele sentimento volta.

A vontade de estar junto dele é tanta que chega a ser sufocante e meu coração ainda está acelerado.

Eu me odeio por sentir isso, depois de tudo o que ele me fez. Depois de todo esse tempo.

Ele não merece saber disso e nunca saberá, se depender de mim.

Eu consegui fugir de Ethan, ao dizer que precisava ir ao banheiro.

Eu já não aguentava ficar ali. Aos olhos de todos.

Todos aqueles que sabem sobre o que a gente viveu. Todos que estavam ali para ver o que aconteceria.

Bruce por ser um cara muito charmoso, sempre chamou atenção de todos. Então tudo que ele fazia era motivo para fofoca. Inclusive com quem ele estava e eu fui alvo disso.

Como eu odeio essas pessoas que perdem tempo falando da vida dos outros ao invés de cuidarem das suas.

Entro no banheiro e ao ver meu reflexo no espelho vejo como esse desgraçando mexe comigo.

Quando foi que eu fiquei tão vulnerável assim?

Eu sempre fui forte ou como diziam, fria. Mas eu não gosto dessa definição, apesar de eu acreditar que fosse realmente isso. Eu nunca fui uma garota de querer apresar as coisas, muito menos em ter um namorado cedo.

E como eu sempre dizia que nunca iria ser tão boba ao relacionamento, eu fui quando Bruce entrou em minha vida.

Antes dele fui tinha como prioridade um emprego.

Em casa, meus pais nunca me deixaram ficar com a cabeça nas nuvens. Sempre foram muito realistas quanto ao que passamos em casa. Isso nunca me atrapalhou em nada, na verdade isso sempre havia me ajudado a me afastar de relacionamentos ruins. Mas de tanto eu evitar acabei caindo de paraquedas no pior de todos.

Não deu pra evitar. Eu acho que eles nunca quiseram me ver sofrer por uma pessoa que talvez nunca me amasse como eles me amavam. Então acho que eles fizeram isso.

Não acho ruim. Às vezes penso que já cresci assim, com essa visão diferente e não muito aceita pelas as pessoas.

Depois de muito pensar, a porta do banheiro se abre e dou de cara com Alyson, que parece tão em choque quanto eu.

— me desculpe...

— não tem problema. — digo limpando rapidamente meu rosto, para sair daquele assunto.

— Ele falou com você? — sua voz sai com uma pontada de dor.

— ainda não. Mas isso não me afeta. Ele sabe quem é o culpado dessa história e não vai ser eu que irei falar com ele. — digo séria, ainda sem olhar em seus olhos.

— sinto muito. —viro meu rosto em sua direção — Por tudo. — ela mexe em suas mãos com o olhar cabisbaixo — Eu sei que errei feio, mas eu espero que você um dia possa me perdoar. — ela diz parecendo triste.

— o problema não é perdoar Alyson. — bufo e sigo respirando fundo, até prosseguir — O problema é eu esquecer. Não tem como eu vir aqui todos os dias e olhar pra sua cara e não lembrar do que eu vi. — digo sem sentir pena dela.

Afinal se ela fez o que fez comigo ela não pensou em mim antes, então eu também não penso no que ela irá sentir.

Com isso saio do banheiro e levo um livro sobre a última aula que tive, para a arquibancada do campus.

Meu celular vibra. Atento sem ver de quem era a chamada.

— onde você está? — Ethan pergunta preocupado.

— Estou no campus. Lendo.

— você quer que eu fique aí com você? Estou na aula, que acaba daqui a pouco. — ele diz sussurrando.

— tudo bem. — sorrio pela a sua preocupação.

Ao desligar a chamada ouço ele atrás de mim.

— Já me trocou? — estremeço ao ouvir a voz atrás de mim. — pensei que você respeitasse seu namorado. — ele se aproxima e sussurra — pensei que não tivesse me esquecido.

Me levanto de forma bruta e me viro para encará-lo.

— o que você quer? — tento falar com indiferença o que soa melhor do que eu esperava.

— Quem era o sujeito com quem você estava falando?

— ninguém que te interesse.

— nossa como ela está afiada. O que te fez ficar assim?

— caso você não tenha percebido eu tenho coisas mais importantes para fazer. — me levanto mas ele puxa meu braço e me pressiona contra a parede da arquibancada.

— você não vai dar um beijo no seu namorado?

Sem pensar duas vezes dou-lhe um tapa no rosto, tão forte que minha mão arde.

— em primeiro lugar você nunca foi meu namorado. Em segundo lugar você não faz parte da minha vida, não lhe devo satisfações e em terceiro, não toque em mim, se não eu juro que acabo com você.

Amor Que HabitaOnde histórias criam vida. Descubra agora