Corro o mais rápido que posso, mesmo que minhas pernas ainda fraquejem.
Corro dali, para bem longe de Bruce.
A presença dele ainda me deixa vulnerável e eu me odeio por ainda ser assim, tão frágil.
Como pode, depois de um ano e mesmo depois de tudo o que ele me fez?
Não entendo como ele tem tanto efeito sobre mim, só com a sua presença.
Gostaria de voltar no tempo e nunca ter feito aquela festa em minha casa, para nunca tê-lo conhecido.
Sinto tanta raiva de mim e dele ao mesmo tempo. Que sinto vontade de me bater.
Por que ele teve que aparecer, quando eu estava quase o superando?
Ele sempre veio só pra acabar comigo e me deixar aos pedaços enquanto ele ria da minha cara.
Continuo correndo, em direção a minha casa.
Sim eu vim a pé.
Afinal de contas não dava pra eu entrar no carro, no estado em que eu estava.
Meu corpo todo tremia.
Talvez por medo de ter que falar sobre a pior noite de minha vida ou umas das piores em que Bruce fez o favor de estragar.
Estou tão suada, que as minhas roupas estão coladas ao meu corpo.
Estou quente e fria ao mesmo tempo.
O que está acontecendo comigo?
Assim que entro em casa vou pra cozinha.
Penso água para me acalmar. Algumas pessoas criticam minha forma de agir sobre o Bruce, me julgam frágil.
Como se fosse fácil sentir o que eu sinto.
Eu nem ligo mais para falar a verdade. A única coisa que me afeta é quando eu escuto isso em momentos de fragilidade.
Se eu escutasse esses insultos hoje, com certeza estaria em meu banheiro chorando.
Como eu às vezes odeio ser eu.
Todos dizendo que passa.
Mas será que passa mesmo?
As paredes parece que vão desabar sobre mim e que eu vou morrer de tão sufocada que eu fico e estou.
Vou para meu quarto, mas antes vejo na varanda minha mãe. Aproveito para falar com ela.
Ela me entende melhor que ninguém.
No início foi difícil de ela entender, mas quando eu olhei em seus olhos e falei que precisava de ajuda ela me entendeu.
E aquilo foi a melhor ajuda que eu precisava ter.
Foi a melhor coisa que eu escutei depois de anos ouvindo que o problema era eu, por ser dramática e tudo não passava de uma grande bobagem.
— mãe? O que está fazendo aqui sozinha? — pergunto curiosa
—vim aqui para ver o mar. — ela diz olhando pra frente. Sem olhar para mim.
Olho para frente e lá está o mar. A coisa mais linda que se pode ver.
Nós moramos em uma cidade onde a praia é muito presente no nosso dia a dia.
Quando eu nasci meus pais queriam que eu tivesse uma infância tranquila. Longe de todo aquele barulho de cidade grande.
— entendo. Eu também sempre que posso venho aqui.
— isso acalma. — ela diz respirando o ar, como se fosse seu oxigênio que estava faltando por um momento.
Eu entendo completamente minha mãe.
Sempre que estou em crises comigo mesma, venho aqui.
Não existe coisa melhor que o mar.
— como foi a faculdade? — ela pergunta olhando para mim.
— Foi boa. — minto, desviando o olhar para o mar.
Ela não sabe que Bruce voltou e eu sinceramente não sei como contar.
Se ela souber, vai querer que eu me mude para a casa de meus tios por um tempo.
Que foi onde eu fiquei quando Bruce tinha virado minha ruína e tinha me deixado aos pedaços.
Longe daqui. Foi meu refúgio.
Eu pedi, na verdade implorei, para sair daqui.
Não conseguia ter que enfrentar o rosto de ninguém, depois do que me aconteceu.
Eu sei. Nunca fui de fugir das coisas, mesmo estando despedaçada por dentro.
Mas eu não conseguia ter que fingir que estava tudo bem.
Ter que mentir que estava bem, ou ter que me explicar para tantas pessoas, o que tinha acontecido.
Eu simplesmente gostaria que quando eu estivesse mal, ninguém falasse nada sobre as coisas que me machucaram.
Falar sobre elas é a parte mais dolorosa.
Doloroso saber também é saber que a pessoa que você amava, pareceu nem se importar com o que eu sentia.
Eu esperava que essa dor, passasse com o tempo.
Mas parece que nada mudou.
Quando eu o vi entrar por aquela porta, era como se nada tivesse mudado e eu estivesse a um ano atrás no mesmo lugar, onde ele me deixou.
Sofrendo e sozinha.
Sem ajuda de quem eu mais precisava.
Que era a dele.
Subo pro meu quarto e lá fico.
Meu refúgio. Único lugar onde não sou julgada por sentir muito.
Onde posso cuidar de mim e ficar um tempo só comigo.
Sozinha em meu próprio mundo.
Mesmo sabendo que lá fora está tudo prestes a ficar em chamas a qualquer momento.
Neste capítulo eu quis mostrar mais o lado da protagonista em relação ao que ela sente sobre o Bruce e o que vemos é raiva.
Espero que tenham gostado. Não esqueçam de curtir e comentar sobre.
Obrigada e até breve! ❤️
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Amor Que Habita
RomantizmNós tínhamos tudo para dar certo. Mas parece que eu me enganei. Não se pode acreditar num amor cegamente, por mais perfeito que ele pareça. Mas o nosso amor, ainda habita em mim. E eu me culpo amargamente por isso. PLÁGIO É CRIME PROIBIDA PARA...