Exausta.
Meu corpo precisa de descanso.
Depois desse beijo inesperado. Meu corpo pede por mais. Mas eu não faria isso comigo mesma.
Bruce é um veneno, assim como seu beijo é algo suicida.
Depois de prova-lo, é algo quase impossível de ser deixado.
Eu sei disso, pois já provei desse veneno. E até hoje tento me sair dele.
Mas é algo inexplicável quando se trata de Bruce. É algo venenoso, que mesmo eu sabendo das consequências ainda ousei cair de cabeça nele.
Mesmo sabendo do mal, eu ainda assim ousei me aprofundar em toda essa merda e hoje pago o preço de ter me envolvido com alguém, assim.
Sem ter controle sobre onde estou indo, acabo parando em frente a uma lanchonete.
Desço do carro e só aí me dou conta de onde estou.
Meu coração palpita. Solto uma risada comigo mesma.
Só pode ser uma piada.
Entro no local e o som do sino que alarde quem acabara de adentrar no local, chama a atenção de quem estava no balcão.
Ela lança um sorriso acolhedor como sempre.
Faz tempo que não a vejo. Ela vem em minha direção.
O som de seus patins bate no azulejo brilhante, do chão.
Ela parece aquelas atrizes de filmes dos anos 80. Sua roupa e seus cabelos continuam os mesmos.
— Charlotte! A quanto tempo! — ela me abraça forte e seu cheiro de café me trás boas lembranças.
— Como você está ? — pergunto sorrindo.
— Estou muito bem!
— e como anda Bruce? — sua pergunta repentina faz meu coração parar por um segundo.
— Nos terminamos. — digo séria.
— AH! Eu sinto muito. — ela diz triste.
— Não tem problema. Nós não daríamos certo mesmo. — digo dando um sorriso fraco.
— e o que vai querer? — ela diz mandando de assunto.
— um cappuccino.
Júlia afirma levemente com a cabeça e segue para atrás do balcão.
Procuro um lugar para me sentar. Ao lado da janela de vidro, que me dê à vista da rua pouco movimenta.
Faz tempo que não venho aqui. A última vez eu vim após a festa na casa de Jimmy. Em que Alyson tentará beijar Bruce.
Nós discutimos depois dali e foi neste exato lugar. Mas necessariamente, neste mesmo acento.
Que ironia do destino. Me trazer para o mesmo local, por causa da mesma pessoa.
Bruce.
Lembro naquele dia, foi a primeira vez, que eu conheci este lugar.
Naquele dia nem se quer pude aproveitar de ver como é bonito aqui.
Depois daquele dia, eu costumei vir aqui sempre que Bruce e eu, tínhamos mais uma de nossas repletas discussões.
Naquele tempo todo, eu não pude apreciar a beleza desta parte da cidade.
A simplicidade deste local, aparenta ser daqueles filmes de uma comédia romântica. Em que o casal se encontra pela a primeira vez.
Antes que eu me deixe ser levada pela minha imaginação, ouço o sino da porta e viro meu rosto, encontrando os olhos esverdeados de Jimmy.
Ele sorri e vem em minha direção.
— Não sabia que você frequentava esta parte da cidade. — digo em tom de brincadeira.
— e você o que faz aqui? — ele pergunta sentando no acento a minha frente.
— Eu acabei parando aqui sem me dar conta. Faz tempo que não venho aqui. Foi bom ter vindo.
— É... Aqui é relaxante. Não sei dizer, é como se fosse meu refúgio em meus piores dias.
Toco em sua mão, como forma de companheirismo.
Dou um sorriso fraco e ele retribui. Entendendo que eu sinto o mesmo.
— Como você descobriu este lugar ? — ele pergunta.
— Bruce me trouxe aqui pela a primeira vez, logo depois daquele incidente em sua casa.
Jimmy fica com um olhar triste e pensativo.
— desculpe ter deixado chegar naquele ponto. — ele olha pra baixo.
— você não teve culpa Jimmy. — digo apertando sua mão, atraindo seu olhar para o meu.
— Alyson sempre fazendo o que bem entende. — ele diz soltando um risada abafada.
— Pois é.
— Você ainda fala com ela? — ele pergunta levantando suas sobrancelhas ruivas.
— Não mesmo. — digo e ele ri.
— Eu não duvido disso.
Rimos e após nossas risadas cessarem um silêncio reconfortante se molda entre nós.
— Eu não entendo, como Bruce e eu demos "certo". Ele e Alyson sempre foram idênticos. Não tem como pensar que ele preferiu a mim...
— Você tem que entender. Ele sempre quis você. Alyson e Bruce poderia ser o que chamamos de gémeos idênticos, se formos falar de seus comportamentos. Mas ele não queria alguém parecido com ele. Bruce queria alguém que o fizesse melhor e ele viu isso em você.
Um calor agradável toma conta de meu coração.
Tendo Jimmy como melhor amigo de Bruce e ainda um grande companheiro para as horas vagas, é algo muito agradável.
— sabe... Minha mãe sempre me trouxe aqui quando eu era pequeno. Eu chamava este lugar de meu reino secreto. — ele ri consigo mesmo ao lembrar de tal situação o que faz sorrir junto a ele. — foi aqui que eu conheci Bruce. Ele também adorava este local... Quando tínhamos sete anos de idade. Nós prometemos que este seria "nosso local". Só mostraríamos ele para pessoas que realmente nos amássemos... — ele engole em seco. — eu não sei o que levou vocês a terminarem Charlotte, mas posso garantir que ele te amou também. Espero que nunca esqueça isso.
Seu telefone toca. Ele franze a testa.
— tenho que ir... — ele beija minha testa e se levanta. Jimmy sai da lanchonete, me deixando a pensar sobre suas palavras.
Eu sei que Jimmy disse isso, pelo o bem de seu amigo. Ele não quer vê-lo sofrer, assim como eu.
Mas Jimmy também se importa comigo e não quer me ver sofrer por algo que teimo em não acreditar, por ser muito insegura comigo mesma.
Jimmy se importa com ambos e eu sei que ele só quer amenizar a situação.
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Amor Que Habita
RomanceNós tínhamos tudo para dar certo. Mas parece que eu me enganei. Não se pode acreditar num amor cegamente, por mais perfeito que ele pareça. Mas o nosso amor, ainda habita em mim. E eu me culpo amargamente por isso. PLÁGIO É CRIME PROIBIDA PARA...