Dezessete

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Passado

Acordei no meio da noite com o toque do meu celular, atendo sem ver de quem era a chamada.

— alô?

— onde você está?

— em casa. — bocejo e esfrego meus olhos, ainda com sono.

— dorminhoca, desculpe acordar você. — uma risada gostosa de faz do outro lado da linha.

— quem é que tá falando? — pergunto irritada.

— como você não reconhece a voz do amor da sua vida?

— Bruce?! — me levanto num pulo. Sua risada ecoa em meus ouvidos.

— passo aí em dois minutos.

— O que? Bruce? — ele desliga.

Eu me levanto abruptamente o que faz me desequilibrar um pouco. Corro para o banheiro, pego minha escova de dentes e antes que eu possa terminar, a campainha do meu apartamento toca. Em um grito abafado eu termino e corro para abrir a porta.

— que porra é essa? — digo irritada e lá estava ele, apoiado na parede da minha porta com aquele maldito sorriso.

— oi pra você também docinho. — Bruce diz beliscando a ponta do meu nariz e entra empurrando seu ombro no meu, o que me deixa mais irritada.

— o que você quer fazendo a essa hora, em meu apartamento? — cruzo os braços e observo ele se sentar no sofá, como se fizesse isso todos os dias.

Seu cabelo bagunçado e suas íris escuras, me fazem sentir um leve fervor em minha barriga e uma tremenda vontade de beija-lo.

Seus olhos analisam meu apartamento atentamente. Ele passa a mão em seus cabelos o que me faz esquecer de questionar o motivo de ele está em meu apartamento, às três horas da manhã.

— senti sua falta.

Como sempre Bruce, soube o que falar para me desestabilizar e fazer meu coração bater freneticamente.

— Fala o que você veio fazer aqui Bruce? — cruzo meus braços para ter onde me apoiar, tentando me recompor sem mostrar o efeito que suas palavras me causaram.

— eu vim ver você. — ele se levanta e põe suas grandes mãos em minhas bochechas, me forçando a encarar seus olhos negros.

A proximidade de nossos corpos me faz perder a estabilidade e faz meu coração acelerar mais rápido que antes.

Bruce encosta sua testa na minha e faz o mesmo com nosso narizes. Espero pelo o beijo mas ele não o faz.

— você quer sair?

— mas sair pra onde? Não temos para onde ir as três da manhã!

Bruce arqueai a sobrancelha e com sorriso de canto de boca diz

— temos sim. Se vista eu vou lhe esperar lá embaixo.

[...]

— não sabia que eles funcionavam a essa hora? — tiro o cinto de segurança enquanto Bruce termina de estacionar o carro.

Ao sairmos do carro ele estende a mão para mim, eu a pego sem pensar duas vezes.

— vamos.

Observo o sorriso em seus lábios.

— o que é engraçado?

— nada. Só estou feliz. — ele diz ainda sorrindo e dando um leve aperto em minha mão. Esse simples gesto faz meu coração aquecer.

Com Bruce eu me sinto confortável. Posso ser eu mesma, sem me preocupar em como me comportar diante dele. Ter um relacionamento sem regras e é incrível como ele sabe me fazer me sentir segura.

Ao entrarmos ele me guia para a primeira mesa que ele vê. Rapidamente a garçonete chega.

—Bruce?

A voz doce nos chama atenção.

Levanto meus olhos e vejo uma linda morena de patins. Ela é perfeita como se estivesse acabo de sie de um filme antigo.

— Júlia! A quanto tempo! — ele se levanta para abraçá-la.

— é mesmo. O que você tem feito?

— nada mais do que minha obrigação.

Ela revira os olhos e ele sorri.

— vejo que você trouxe uma acompanhante. — eles então olham para mim.

— sim! Esta é minha namorada, charlotte. Esta é Júlia uma velha amiga. — a palavra namorada me atinge em cheio.

— prazer, charlotte! — ela me cumprimenta com um belo sorriso, estendendo sua mão e eu faço o mesmo.

— espero que você saiba como acalmar esse menino.

— que isso. Não me faça parecer uma criança na frente da minha garota. — novamente palavras saem de sua boca, fazendo meu cérebro entrar em colapso.

— então o que vocês vão querer?

— um cappuccino e um sorvete de baunilha.

Júlia ligeiramente se afasta da mesma forma que veio. Me deixando com Bruce e inúmeras dúvidas, em minha mente.

Um silêncio se faz entre nós e como se eu não tivesse controle em minhas cordas vocais, falo.

— namorada?

Um ar de dúvida se faz em seu rosto e eu me arrependo na mesma hora do que disse.

— pensei que estivesse sido claro sobre nós.

— você me pegou desprevenida.

Bruce pega minhas mãos e as beija delicadamente com os olhos vidrados nos meus. Eu observo cada gesto seu.

— desculpe, eu não sabia que você ainda tinha dúvidas. Devia ter conversado com você.

— não. Eu gosto de ser pega desprevenida.

Com um sorriso em meus lábios eu respondo.

— Charlotte! — uma voz familiar nos chama atenção e eu vejo quem eu menos gostaria naquele momento.

Amor Que HabitaOnde histórias criam vida. Descubra agora