Amor Que Habita

Nove

Solidão. O que costuma fazer parte de meus dias. Sempre sozinha.

Meus pais ficam tanto tempo fora de casa e brigando, quando estão dentro dela que não temos temos para fazer nada.

Na faculdade, era mais tranquilo. Até ele chegar e estragar tudo como sempre fez.

Só de saber que Ethan vai estar lá para me ajudar em minhas crises e nos meus piores dias, eu tenho vontade de sair de casa.

Mas por diversas vezes, me sinto um peso em sua vida.

Penso que ele não estará aqui por muito tempo.

Por que? Por eu ser sempre a culpada de afastar as pessoas.

Eu costumo fazer isso e eu não sei se todos vão estar aqui, para sempre.

Por isso, existem dias que eu finjo estar tudo bem. Finjo para que Ethan não me pergunte.

Cansada de ter que explicar tudo para ele.

Como sempre estou na biblioteca, lendo um livro qualquer. Para ver se assim o tempo passa mais depressa.

Sinto algo suave tocar meu ombro. Olho para cima e vejo Alyson.

— oi? Posso me sentar com você?

— pode. — não sei como agir, com sua aparição tão repentina. Apenas tiro meus pés da cadeira que estava a minha frente, para ela se sentar.

Ela se acomoda na cadeira. E fica um tempo calada, como se estivesse repensando sobre o que falar.

— Ele veio falar comigo. — ela fala

— e daí? — falo com indiferença, analisando a página em que eu estou lendo.

Ela solta o ar, frustada.

— Ele está irado comigo. Eu não sei o que fazer.

— o que eu tenho a ver com isso, Alyson! — grito já cansada desse assunto, jogando o livro em cima da mesa. Atraindo alguns olhares.

— Ele perguntou se você e eu estávamos nos falando... Eu neguei.

— E... — passo a mão em meu rosto. Mal vendo a hora de tudo isso acabar, para ela me deixar em paz.

— ele quer falar com você.

— o que? — começo a rir descontroladamente. — é uma piada?

— não. — ela diz com uma expressão séria, no rosto.

— pois diga a ele que nem morta eu falo com ele.

— Olha Charlotte. Eu sei que vocês passaram por muita coisa. Mas eu acho que ele tem razão.

— você só pode está brincando com a minha cara.

— Escuta. Eu acho que vocês precisam esclarecer o que ficou no passado. Porque querendo ou não existem coisas a serem acertadas.

— o passado não me importa mais.

— quando foi que você ficou tão chata?

— Quando as pessoas mais próximas a mim, se revelaram os verdadeiros monstros.

Ela desiste e se levanta.

— só para te avisar. Você pode continuar fugindo dele. Mas você sabe que ele não desiste. Principalmente quando o assunto é você.

Com isso ela vai em direção à porta e sai da biblioteca. Me deixando com meus inúmeros pensamentos.

[...]