Dois

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Ouço gritos vindo do andar de baixo. Corro o mais rápido que posso.

Quando chego na sala, vejo minha mãe de joelhos no chão com as mãos apoiadas em seu rosto. Ela parece está chorando.

Enquanto meu pai está na sua frente. Com o porte altamente rígido e feroz

Corro em direção a minha mãe e a abraço.

— o que você fez? — digo em voz alta.

Um silêncio sufocante toma conta do local, o que me deixa com muito mais medo.

— o que você fez? — digo novamente, tentando parecer mais calma.

Mas quando vejo o olhar de minha mãe cruzar o meu, observo seu olho vermelho e antes que eu faça algo meu pai diz:

— não foi nada. Sua mãe e eu discutimos. Só isso. — sua voz sai tão frígida que me causa leves arrepios.

— Como... — digo mas sou interrompida

— filha... — minha mãe toma minha mão fazendo eu ter atenção em seus olhos tristes e cheios de lágrimas. — depois nós conversamos, ok?

— não mãe. Eu...

— vá, por favor! — ela diz quase como uma suplica. Depois de lutar comigo mesma acabo indo de volta ao meu quarto.

Após algumas horas alguém bate em minha porta.

— filha... — a voz doce de minha mãe chama do outro lado da porta

— entre. — digo sem me importar.

Minha mãe entra de forma silenciosa e senta em minha cama.

— o que você viu lá em baixo, não vai se repetir. Seu pai e eu discutimos mas ele se arrependeu na mesma hora.

Eu não ouso olhar para ela, que então puxa meu queixo para olhar em seus olhos.

— não fique com raiva de seu pai. Ele não é o único culpado pelo o que você viu. Só queria que você soubesse disso. — ela diz colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

Não consigo dizer uma palavra se quer. Minha mãe então ao ver minha reação sai do quarto me deixando sozinha com meus pensamentos.

O que me deixa mais frustada é o fato de minha mãe não se quer me falar a verdade. Eu sei que foi culpa de meu pai, pois desde sempre eles brigam e ela sempre vem me dizer que ele não fez nada.

O que não passa de uma grande mentira.

[...]

No dia seguinte acordo com mais desânimo do que nos outros dias.

Só de ter que voltar para a faculdade e ter que correr o risco de cruzar com o Bruce me deixa nervosa. Não sei porque ele mexe tanto comigo assim. Isso me deixa frustada, pois com ele eu não consigo controlar o que sinto.

Me arrumo de qualquer jeito e vou.

Na sala meu pai lê jornal, enquanto minha mãe está fazendo o almoço. Quem ver de longe parece uma típica família tradicional, mas nem imagina o que se passa dentro de casa.

— tchau já vou indo. — digo apressadamente, mas meu pai me para no meio do caminho.

— filha, precisamos conversar. — ele diz tocando meu ombro.

Amor Que HabitaOnde histórias criam vida. Descubra agora