Oito

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Passado

Depois de a festa ter acabado, encontro Alyson arrumando a cozinha.

— que bagunça! — ela diz olhando para o amontoado de garrafas e bebidas espalhadas.

— Me lembre de nunca mais fazer uma festa em casa. — digo.

— Pode deixar. — ela faz um sinal com os dedos em forma de arma, apontando para mim e piscando o olho esquerdo.

— Agora vamos arrumar essa bagunça? — digo

— Ah que saco! — ela diz levantando suas mãos acima de sua cabeça.

— nem me fale. — confirmo frustada.

— E olha que eu nem bebi tanto assim. — ela diz sorrindo.

— O que? — pergunto confusa. — Você não bebeu?

— Não. Só foram aqueles copos que você bebeu comigo. — ela diz enquanto colocava as garrafas dentro de uma caixa de papelão.

— Tá certo. — digo irônica.

— É sério. Eu não To mentindo Charlotte. — ela diz com uma expressão seria.

— Mas... Como... — digo confusa.

— O que? — ela diz rindo.

— Nada. — dou um sorriso fraco. Tentando não aprofundar mais no assunto.

O que eu não entendo é como Alyson disse aquelas coisas para mim no banheiro, se ela nem se quer estava bêbada.

Será que ela falou por querer? E só quis dar uma ideia de que a culpa era a bebida?

— Ei! Tá tudo bem? — ela pergunta me tirando do transe.

— Sim. — minto — vamos arrumar logo tudo isso.

Depois de horas, Alyson se despede e eu vou para meu quarto.

Vou em direção ao banheiro.

Coloco uma música da Billie Eilish e ligo a banheira.

Depois de uns minutos, meu celular recebe uma ligação.

— Alô? — atendo já sabendo de quem se trata.

— Você já está se aprontando para dormir? — uma voz grossa fala ao outro lado da linha.

— Sim. — afirmo cansada.

— Vou passar a ligação para sua mãe. — ele diz sem se importar.

Depois de uns minutos outra voz fala.

— Oi meu amor!

— oi mãe! — sorrio ao ouvir sua voz doce do outro lado da ligação.

— como foi a festa? — ela pergunta

— foi ótima! — digo ainda sorrindo.

— alguém lhe ajudou com a bagunça?

— Sim, Alyson me ajudou. Mas logo ela foi embora e eu terminei de arrumar o faltava.

— Você conheceu algum garoto?

— mãe!

— Filha é que... — sorrio e a interrompo.

— teve um garoto, mas acho que não vai dar em nada. Foram só alguns beijos e um papo jogados fora.

— ele lhe tratou bem?

— sim, mãe.

— Você não quer falar sobre ele para mim? — ela diz em tom de brincadeira.

— Ah, ele se chama Bruce e ele é muito atraente! — Rimos

— tenho que conhecer esse garoto.

— Não mãe. Eu não quero nada sério agora. Você sabe.

— está bem! Está bem.

— quando vocês voltam? — ela solta a respiração como se estivesse frustada, em ter que falar sobre o assunto.

— Talvez daqui a três dias.

— tudo bem.

Depois de uns minutos de silêncio eu pergunto, sem me tocar das consequências de minhas palavras.

— Ele tentou alguma coisa com você? — pergunto em um tom baixo.

— o que? — ela pergunta sem entender.

— Ele fez algo a você nessa viagem?

— Não. A viagem está ótima. — ela diz não respondendo exatamente a minha pergunta.

Mas eu sei que ela mentiu.

Ele sempre diz que faz algo que depois se arrepende.

Ele é um mentiroso.

Eu odeio ele.

— Mãe... — digo sem me dar conta que estou chorando. — Você sabe que podemos ter uma vida melhor. Você sabe porque...

— Filha não posso falar agora. Nós chegamos no hotel. Tenha uma boa noite.

E então ela desliga.

Como sempre ele fazendo coisas e ela o desculpando.

Que merda de vida.

Amor Que HabitaOnde histórias criam vida. Descubra agora