Capítulo 3

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- O que aconteceu? - ele pergunta depois de pegar uma prancheta e caneta.

- Eu... saí de casa para tirar fotos da floresta, porque... fica muito bonita à noite, principalmente com a lua cheia iluminando tudo. Porém, eu encontrei um garoto, ele estava com raiva, porque havíamos nos encontrado mais cedo e ele disse para eu não voltar para a floresta e mesmo assim eu voltei. Então...

- Esse garoto, é algum amigo seu?

- Não, vi ele pela primeira vez hoje mais cedo. Ele me ajudou quando fui atacada por um lobo.

- OK, prossiga.

- Então ele me arrastou para a sua casa e me mandou ficar no porão, mas eu saí porque... eu não queria ficar no porão da casa dele. Então ele disse que se eu não voltasse para lá ele me mataria. Mas... um lobo apareceu e... eu fugi.

- Consegue descrever o garoto?

- Alto, cabelo bem liso e castanho que vai até a altura do ombro, tem os músculos definidos, mas não é muito grande, com um rosto delicado, mas um olhar psicopata, ele... EU TENHO UMA FOTO - grito sem querer ao perceber minha idiotice.

Pego a câmera e mostro a foto do garoto e o vídeo que gravei, não intencionalmente, de onde estava.

- Eu posso fazer uma denuncia ou uma medida preventiva.

- Prefiro a medida - se não estiver louca, mas talvez esteja, o lobo era idêntico ao garoto, os olhos e o olhar eram os mesmos. Não acho uma boa ideia mandar policiais caçarem ele.

Ele me encara por um tempo. Com certeza, ele acha que sou louca. Mas isso não importa, eu sei o que eu vi.

- OK, eu...

- Tem certeza? - o interrompo. - Vocês realmente são capazes de me proteger? - acho que essa pergunta feriu o orgulho dele.

- Eu mesmo vou cuidar do caso - ele diz como se isso fosse me deixar relaxada.


Depois ele me pede para preencher vários papéis e, quando terminamos, leva-nos na viatura para casa. Porém não consigo tirar da cabeça que o garoto virou mesmo o lobo.

Mas lobisomens não existem, certo?

A antiga proprietária da casa disse que tem criaturas perigosas, será que ela se referia a isso?

- Agora ele vai ficar nos seguindo por aí? - minha mãe me pergunta quando chegamos na cozinha, como se o rapaz não estivesse no mesmo cômodo que a gente.

- Sim - falo. - Me seguindo na verdade.

- O que aconteceu na floresta que você não quer me contar? - ela pergunta batendo o pano de prato na mesa.

- Nada, não se preocupe.

- Como não vou ficar preocupada depois de você pedir um segurança particular?

- Está tudo bem agora - tento convencer a mim e vou para o quarto, trancando-me lá e deitando da cama. Tenho que ficar calma.

Já faz quase uma hora que tento dormir. Talvez seja a claridade que entra da janela, mas não acho que seja apenas isso. De qualquer modo, levanto para puxar o tecido, mas algo me impede de fazê-lo. Eu vejo-o, o garoto de mais cedo, nos limites da floresta, o lado direito do seu rosto está coberto por queimaduras graves. Ele me olha repleto de fúria e tenho certeza que pode ver até minha alma, mas, ao invés de avançar, como achei que faria, ele apenas dá a volta e entro na floresta.

Fecho a cortina assustada. Ele me encontrou, como ele me encontrou? Entro em pânico por um momento.

- O policial está aqui - repito baixo voltando para a cama. Porém, com esse pequeno incentivo, levo quase uma hora apenas me mexendo na cama, com medo de fechar os olhos e algo acontecer.

The Curses of Schwarzwald - Cursed Moon (kth) (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora