Na sexta-feira, quando levantei da cama de madrugada, ouvi um barulho vindo da parte de cima da casa, acreditei que fosse meu pai não fazendo questão de levantar até que ouvi alguns soluçados. Levantei rapidamente e logo notei o frio que me estapeou, ele não havia ligado o aquecedor, coloquei um casaco e e fui até a cozinha seguindo os soluços. E lá estava ele, com um porta-retratos na mão soluçando de tanto chorar, eu decidi esperar não sabia o que se passava na cabeça dele, então eu liguei os pontos e...
—Pai?
—Ah meu Deus, filha! volte para a cama—ele disse tentando cobrir o rosto com o porta-retratos.
—Pai, você ainda sente falta dela, né? —eu disse e ele se jogou no chão chorando, não iria voltar para a cama deixando o meu pai ali, me ajoelhei e o abracei chorando até ele se acalmar.
—Filha, eu sei que nunca te contei a detalhes sobre a sua mãe, mas eu quero que me deixe contar agora, e... Por favor... Não me interrompa — ele disse e eu o ouvi — Como você sabe a Elizabeth descobriu a doença quando você tinha apenas 6 anos, e ela lutou tanto pra poder te ver crescer... —ele fez uma pausa — ela insistia muito para passar todo tempo possível com você, sabe?! ela era tão forte... as vezes a gente brincava de que você seria do mesmo jeito — ele riu e enxugou uma lágrima minha — A Elizabeth sabia que tinha pouco tempo aqui com você, mas ela quis dar todo o seu tempo a você, creio que por ela não iria fazer o tratamento, mas filha antes de morrer ela me disse que eu devia seguir minha vida e principalmente cuidar de você, ela sabia que você era especial, que seria uma linda mulher um dia, e bem,eu ia esperar os seus 18 anos para te dar, mas...— ele se levantou e foi até uma caixinha de cor azul e me entregou, abri e dentro tinha um colar com pedras amareladas.
—Ah... Pai... meu Deus! Pai —eu disse chorando e abraçando ele, virei e ele colocou o colar no meu pescoço.
—Filha, ela me disse que só você poderia abrir a caixa mas não resisti... você precisa ler o que tem ai dentro está bem?— ele disse e eu assenti e peguei a caixa pequena e azul, coloquei debaixo do meu braço— agora vai dormir que hoje você tem aula e amanhã é o grande dia! — ele acrescentou e fomos para os nossos quartos, joguei a caixa dentro do meu closet, não importa o que tem dentro, mas sim que a minha mãe se importava comigo e sonhava com os meus 18 anos.
ACAMPAMENTO
Estavámos reunidos no pátio da escola nos preparando para entrar no ônibus, a Alicia não pôde vir porque estava doente mas nos despedimos dela pegando emprestado alguns sacos de dormir. Ela é maravilhosa, gentil e sempre positiva diferentemente do Flynn, o rei do realismo. Estava sentada numa das mesas do pátio junto com o Flynn.
—Ei, acho que tem alguém olhando demais pra você— ele disse e acenou pra um cara alto loiro.
—Ah, não. Qual o nome desse?
— Mark blacker capitão do time de futebol, ele sai com uma garota todo dia, um sortudo sem dúvidas — ele disse e eu comecei a rir — O que?
—Acho que não sou uma opção do seu cardápio de hoje—eu disse e percebi que o tal de Mark estava vindo em nossa direção.
— Tem toda razão, dizem que ele tem uma lista enorme com a pontuação de cada garota —ele sussurou e comprimentou ele — E aí cara?
—E aí, Flynn —ele disse e então olhou para mim com um sorriso. — Olá aluna nova, qual o seu nome?
—Emma—disse nem um pouco comunicativa
—Sou o Mark, você pode vir do meu lado no ônibus...
—Ah, eu passo essa com toda a certeza— falei cortando-o.
— Gostei dela — ele disse olhando para o Flynn e depois se virou para mim. — Acredito que o Flynn já me apresentou e olha, não precisa se fazer de díficil, conheço muitas garotas como você e...—ele falou olhando uma loira e então saiu na direção dela.
—Eu? me fazendo difícil? Você não me conhece, garoto— eu gritei e eu pude ver que ele deu uma leve risada.
Marck de fato era bonito, mas essa fama de galinha não lhe favorece. Afinal, 1 garota por dia? Não me convém esse babaca. Estávamos no ônibus, onde conheci uma tal de Elizie, então conversamos e posso dizer que ela tem um gosto musical totalmente diferente do meu, mas fora isso ela é uma garota bem legal. Quando chegamos notei o lugar e confesso até que era bonitinho, uma casa bem bonita com varanda, um jardim com uma espécie de trilha, e creio que lá de cima deve ter uma vista de tirar o fôlego.
—Então alunos, meu nome é Jennifer sou a organizadora desse acampamento, o andar de cima será disponibilizado aos meninos, já o andar de baixo fica para as meninas obviamente, vão e arrumem suas coisas daqui a pouco vamos nos reunir novamente, não se preocupem eu avisarei—falou ela
—Que maravilha, vou ficar com o andar de baixo— eu disse sendo irônica e o Flynn deu uma risadinha.
Eu entrei na casa, tinha uma cozinha com uma mesa bem grande, uma sala e um quarto com dois banheiros. Peguei meu celular, sem sinal então eu fiquei nervosa, se alguma coisa acontecer comigo aqui, a não ser que eu roube um carro e saiba o caminho — coisa que eu não sei— já era, confesso não deveria estar assim, é só um acampamento nada de mais pode acontecer. Entrei no quarto e coloquei minhas coisas lá, uma tal de Bettanie foi tomar banho e eu fui direto para a cozinha procurar um energético, não encontrei a única coisa que tinha era algumas barras de chocolate com cereais, então peguei e fiquei lá na mesa até que a Elizie se sentou.
—Olá novata—ela disse e pegou uma das minhas barras
—Ei! — eu disse.
— Quer dar uma volta? —ela disse e eu me levantei e fui
—Olha, não sei você mas seria maravilhoso se eu não tivesse vindo, sinto que não foi uma boa ideia.
—Eu também, mas como é o último ano, por que não? — ela disse dando de ombros
—Tem razão —disse e a olhei, ela estava com a cabeça encostada na mesa mordendo a barra de cereal—posso confiar em você?
—Acho que sim...
—Da última vez que eu vim em um acampamento eu tinha 15 anos, eu estava fazendo uma corrida pela floresta e quando voltei me deparei com minhas amigas baleadas e a Brianna estirada no chão morta, eu fiquei devastada quando soube que o pai dela havia feito aquilo por puro ódio... ela estava horrível com sangue espalhado pelo canto da casa e marcas de uma luta selvagem por vários móveis, eu estava tão apavorada que apenas corri em direção aos mentores e mandei uma mensagem para o meu pai desesperada.— a esse ponto eu estava chorando me lembrando como num flashback de cada uma das meninas chorando no chão da casa.
—Emma, olha para mim.Emma...—ela disse pegando meu rosto e colocando os meus cabelos para trás.—Isso não vai acontecer novamente, está bem? Tá tudo bem agora...
—Eu tenho tanto medo!—disse entrando em prantos e logo a Elizie me abraçou, simplesmente me deu o seu ombro para chorar e me disse que tudo ia ficar bem e isso não aconteceria porque coisas assim tem um propósito na nossa vida, nos ensinam algo... como no caso em que o pai dela foi assassinado na sua frente a sangue frio.
—Obrigada por entender, Elizie.—eu disse a abraçando. Naquele instante soube que nos daríamos bem e que havíamos construído uma amizade forte.
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Âmbar
Mystery / ThrillerApós se transferir para a escola de seus amigos no último ano do colegial, surge um projeto de Aqua, uma espécie de acampamento/trilha na pequena cidade de Brandon, Canadá. Emma encara essa oportunidade como um meio de fugir de tantos afazeres. Ela...