[16] Bem vinda ao lar.

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Após passar pelo portão de entrada e receber um olhar assustado do zelador, entrei na escola indo em direção ao meu armário, e numa tentativa falha de fechá-lo acabei prendendo o meu dedo deixando uma marca roxa e um fino corte. Andando á procura da minha sala vários olhares foram lançados para mim e me senti como se eu fosse uma alienígena com duas cabeças andando pela escola. Eu não tinha certeza se deveria agir como uma celebridade ou como uma vítima de desaparecimento. 

Ninguém me cumprimentou, nem se quer um aceno. Flynn e Alicia não estavam em nenhum lugar, e a cada corredor que eu dobrava me sentia completamente pequena. Encontrei minha sala e sentei-me ignorando todos os olhares curiosos. E foi apenas na última aula antes do almoço que avistei Derik andando pelos corredores como uma estrela do rock. Ele tinha a atenção de todos, especialmente quando entrou na sala e passou os dedos entre seu alvoraçado cabelo.

—O que eu não daria por um pedaço disso— algumas meninas comentaram rindo. Movi os meus olhos para o meu caderno e me concentrei em transferir as informações da lousa para o papel, mas eu sabia que ele sentaria atrás de mim, tornando quase impossível ignorá-lo, ainda mais quando minhas costas estavam formigando.

Algum tempo depois, senti uma coceira nas minhas costas e olhei por cima do ombro.

—O que aconteceu com seu dedo?—ele disse apontando com uma caneta o meu dedo que já estava enrolado com um curativo azul. Me perguntei se ele havia riscado as minhas costas, não me surpreenderia se o fizesse.

—Um pequeno acidente logo cedo— eu disse pondo uma mecha de cabelo para trás.

Ele recolheu a mecha e fez uma careta examinando-a.

—Que cor é essa? É algum tipo de loiro ou castanho?

—Se chama castanho claro—falei e notei que algumas meninas nos olhavam com curiosidade. Derik estava tão perto do meu rosto que por um momento nem me dei conta de que estávamos numa épica batalha de olhares.

—Olha lá o novato já está com a Swartz.—Um cara assobiou.

Derik sorriu e logo lançou um olhar que fez calar todos os burburinhos.

—Eu tenho algo a dizer.

Esperei a resposta ao olhá-lo.

—Verifiquei seus perfis nas redes sociais.—ele disse com um sorriso e eu ergui uma das minhas sobrancelhas em desentendimento. Como ele conseguiu me achar? Ele procurou meu nome no Google?

—Eu preciso conseguir uma ordem de restrição?

Ele sorriu, seus olhos brilharam e felizmente o professor começou a chamar nossa atenção para o início da aula, finalizando nossa conversa. Não estou brincando quando digo que era a aula mais incômoda da minha vida, pois a presença do garoto atrás de mim e seu olhar queimando minhas costas já era o suficiente para me fazer recolher minhas coisas e sair o mais rápido possível dali. E foi isso que eu fiz assim que ouvi o barulho da troca de aula, estava andando tão apressadamente que acabei esbarrando em alguém e espetando com a ponta do meu grafite. Olhei para cima e avistei um rosto familiar, não podia ser.

—Que droga!—ele falou sem me encarar tocando o estômago e levantando um pouco a camisa para conferir, uma leve vermelhidão se formava.

—Me desculpe Marck, eu es-tava...—quando ouviu o som da minha voz levantou a cabeça rapidamente e pôs as mãos em meu rosto com os olhos arregalados.

—Que droga Emma, eu achava que nunca mais a veria—ele retirou as mãos do meu rosto e me abraçou. Não sabia como reagir apenas com uma das mãos encaixei-a nas suas costas dando leves tapinhas. Ele se afastou e começamos a andar pelo corredor.—Qual sua próxima aula?

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