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 Seus olhos eram azuis, nunca havia visto um azul tal penetrante quanto os olhos daquele cara e ainda tinha sua pele pálida, como se não sentisse o vento gelado que espancava cada ser vivo da floresta. Smoking oxford preto e cabelo escuro quase uma peruca falsa de tão preto. Ele estava nos observando encostado em um porsche preto numa pequena estrada deserta, com os braços magros cruzados. Meus pêlos do pescoço se arrepiaram e a adrenalina começou a ferver dentro de mim, estava assustada até que vi o Flynn dar um passo de cada vez, sorrir e se aproximar do homem. Meu corpo não se mecheu, aquilo não era nada bom. Ele sorriu surpreso, e virou o olhar para mim mas não olhou para os meus olhos, ele parecia gente boa com esse sorrisinho super-branco.

—Hum...vocês estão perdidos? Posso ser útil...— perguntou com uma voz forte e um sorriso amigável. Ele estava sorrindo demais, acho que devo recuar e ir embora.

—Sim, estamos procurando um telefone...Você sabe dizer se tem um por aqui?

—Vocês estão suando?—disse ignorando o Flynn e vindo na minha direção tocando em minha testa. Me mantive parada, na verdade eu congelei, estava apavorada com a proximidade que ele estava e ainda mais sem se quer cruzar os olhos com os meus. Não entendi qual era a dele, mas me mantive com o olhar fixado nele.

—Estávamos correndo, fugindo de um assassino—disse o Flynn tocando no porsche dele— você não respondeu a minha pergunta.

—Qual o nome dele?—ele disse se aproximando do Flynn, notei que ele olhava nos olhos do Flynn. Precisava me pronunciar, então fui até a janela de seu carro e examinei o carro.

—Derik, mas isso não importa. Responda minha pergunta se quer ser útil—o Flynn disse firme, olhos semicerrados desconfiado do homem pálido. Quando ele ouviu o nome do Derik seus olhos brilharam e ele sorriu.

—O telefone fica a alguns kilômetros daqui, posso dar uma carona a vocês. A propósito, como se chamam? Desculpe-me eu sou péssimo com apresentações— ele desabou a falar e sorriu, o que me surpreendeu.

—Sou a Emma e esse é o Flynn...—ele estava olhando para mim fixamente sem cruzar os olhos com os meus como se eu fosse algum tipo de objeto diferente. Um vento forte e gelado me atingiu, e cada célula do meu corpo inundou num frio congelante, fazendo com que eu esfregasse minhas mãos rapidamente por cima da minha jaqueta.

—Sou o Gin, acho que você vai congelar com esse frio. As florestas do Canadá são muito perigosas para pessoas da cidade, a cada instante eu encontro alguém congelado— ele disse com um sorriso amigável, ele não é tão ruim assim, pelo menos sorrindo.—Bem...eu poderia dar uma carona a vocês... se não tiver problema é claro.

—Sério?Obrigado, muito obrigado!—disse o Flynn sorrindo, eu o olhei e temi entrar naquele carro, só sabíamos o nome do cara, só isso. Além do mais era assim que acontecia um sequestro na maioria das vezes em livros, dois idiotas que aceitam carona e um serial killer maluco no volante. Além do mais se não estivesse tão frio a ponto de não conseguir movimentar meus dedos, eu Emma iria andando. Mas essa é a realidade, um frio de congelar até a saliva da boca. Olhei para trás e não avistei ninguém, o Gin estava esperando eu entrar para fechar a porta, então olhei fixamente para ele parada em frente a porta traseira que estava aberta, com o Flynn já na frente.

—Escuta, por que você não olha nos meus olhos?—perguntei e ele permaneceu calado olhando para o nada.—Se for por causa da minha cara de crimino...

  Não terminei de falar e ouvi um motor ligado e homens gritando pelo meu nome, o Gin praguejou dezenas de palavrões e abaixou minha cabeça me empurrando para dentro do carro. Ele havia me empurrado com tanta força que eu comecei a pensar se ele realmente queria nos ajudar, ouvi o som do carro acelerando e então começamos a correr pela estrada coberta de neve. 

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